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Original para a Internet

Como enfrentar a violência com o amor sanador

Da edição de julho de 2019 dO Arauto da Ciência Cristã

Publicado anteriormente como um original para a Internet em 14 de maio de 2019.


O noticiário de última hora, na TV, relatou mais um tiroteio em uma escola. Dessa vez, um jovem nos Estados Unidos havia matado dezessete de seus colegas de classe. Como mãe de dois filhos, fiquei me perguntando o que poderia levar alguém a pegar uma arma e destruir a vida de tantas pessoas jovens. Senti um misto de pesar e raiva. Comecei a refletir sobre minha própria reação às últimas notícias, e sobre o relato que consta no Evangelho de Lucas, de como Cristo Jesus reagiu a uma violenta ameaça.

Certa vez em que Jesus estava pregando em uma sinagoga, uma multidão de ouvintes reagiu com raiva às suas palavras e o levaram para fora da cidade, até o cimo do monte sobre o qual a cidade fora construída, com a intenção de o lançarem precipício abaixo (ver Lucas 4:16–30). Mas Jesus calmamente passou por entre a multidão enfurecida e seguiu o seu caminho. Ele nunca reagia com ódio, nem o ódio podia tocar o amado Filho de Deus, ou desviá-lo de sua missão sagrada. O profundo amor de Jesus por Deus e pelo próximo era o que impelia suas ações. Obedecendo ao impulso do Amor divino e demonstrando o espírito do Cristo, sua natureza sagrada, ele passou com segurança por aquela situação de perigo.

Ao refletir sobre esse tema, ocorreu-me que, quando ouvimos falar, ou testemunhamos atos de ódio ou atos de violência em nossas comunidades, ou talvez quando nós mesmos nos confrontamos com atos de violência, nós temos a capacidade de “passar por entre eles” sem sermos perturbados. Isso de modo algum significa ignorar ou negar o ódio e a agressão, ou não ter compaixão por aqueles que necessitam de conforto ou de ajuda. Em realidade, significa sentir a paz e a segurança que nos advêm por conhecermos, refletirmos e expressarmos o amor de Deus, sabendo que o Amor divino está amando, envolvendo e protegendo a todos nós. Mary Baker Eddy, a Descobridora da Ciência Cristã, escreveu: “O Amor está especialmente próximo em tempos de ódio e nunca tão próximo como quando alguém consegue, em meio à criminalidade, retribuir o mal com o bem” (Miscellaneous Writings [Escritos Diversos] 1883–1896, p. 277).

Tendo vivido em lugares onde a violência e o crime parecem às vezes ser a norma, eu tive muitas oportunidades de “passar por entre eles”, na que parecia uma situação perigosa, e de “retribuir o mal com o bem”, esforçando-me por seguir o exemplo de Jesus; amar em vez de odiar ou ignorar meu próximo; persistir em ver meu próximo espiritualmente, como Deus vê cada um de nós; e reconhecer a perfeita natureza de todos como filhos de Deus. A Bíblia diz que não podemos amar verdadeiramente a Deus, sem amar nosso próximo. E amar o próximo, vendo-o como um bom filho de Deus, não depende das circunstâncias em que nos deparamos com nosso próximo. De acordo com João: “Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê” (1 João 4:20).

Certa tarde, há vários anos, enquanto voltava para casa de carro e já estava descendo a rua da minha casa, algo me disse para parar, e eu parei o carro. Ao lado da estrada, vi um homem idoso, segurando uma grande e pesada lata de lixo, tendo no rosto uma expressão de absoluto terror. Pensei que talvez ele havia visto uma cobra, já que há muitas cobras na África do Sul.

Então olhei para o outro lado da rua e vi um jovem, que aparentava uns doze anos, apontando uma arma para o homem. Era obviamente uma arma caseira. Como conheço armas de fogo, reconheci logo que o cano, o gatilho e o tambor eram reciclados de outra arma. Eu podia ver o cabo de madeira do revólver e o que parecia ser uma tira de pano ou fita adesiva enrolada em volta do cabo para manter todas as partes da arma juntas. Armas como essa, feitas de várias peças descartadas, são abundantes na África do Sul e extremamente perigosas. Elas podem cumprir o que o atirador pretende, mas também são muito propensas a explodir na mão do atirador. Eu não tinha um celular para pedir ajuda e, de qualquer forma, não havia tempo para esperar que chegasse alguma ajuda.

Ali, sentada no carro, eu orei em silêncio, e imediatamente reconheci que, naquele exato momento e ali mesmo, tanto o homem quanto o jovem eram inseparáveis ​do Amor divino e, portanto, estavam seguros e protegidos. Entendi que aquele menino tinha tudo o que o Pai celestial havia lhe dado, inclusive amor, segurança e um senso de autoestima. Afirmei que ele (como todos) era espiritual, criado à imagem e semelhança de Deus, e que seus pensamentos refletiam os pensamentos do Pai — a clareza, a paz e a sanidade da Mente divina. Por isso, era impossível que ele, ou qualquer pessoa, sentisse raiva, desespero, rejeição, tivesse um senso de confusão, ou fosse tentado a causar dano a alguém para compensar alguma carência.

Antes disso, ao ler a Lição Bíblica daquela semana, que consta do Livrete Trimestral da Ciência Cristã, eu havia me lembrado de que a Mente divina é a única inteligência, a única causa e a única criadora, e que nenhuma mente mortal tem o poder ou a inteligência para criar ou destruir alguma coisa.

O garoto puxou o gatilho ― e nada aconteceu. Ele tentou de novo, e nada aconteceu. Ele levou a arma até os olhos para mirar, mas em seguida a jogou no chão e saiu correndo. Quando a arma atingiu o chão, ouvi um tiro, mas a bala também atingiu o chão, sem ferir ninguém. Continuei orando. O idoso parecia trêmulo, mas logo deixou cair a lata de lixo, virou-se e entrou em seu quintal. Consegui, então, descartar apropriadamente a arma para que ela nunca mais pudesse ser usada.

Senti muita gratidão pela intuição espiritual que me levou a estar no lugar certo na hora certa e ver que ninguém sofreu dano. Também agradeci a Deus pela inspiração do Amor divino, que eliminou o medo que eu estivera sentido de um resultado que fosse menos menos do que pacífico.

Ao amar nosso irmão e nossa irmã a quem “vemos”, estamos amando a Deus, visto que Deus e o homem são um e são inseparáveis. A natureza do homem não pode ser diferente da natureza de Deus. Saber isso torna mais fácil rejeitar as imagens negativas que buscam nossa atenção ― buscam um espaço em nossa consciência ― e apresentam certos indivíduos como desequilibrados ou maus. Em um artigo sobre amar aqueles que não parecem dignos de ser amados, ou amar até mesmo nossos inimigos, Mary Baker Eddy pergunta: “O que é que te causa dano? Pode a altura, ou a profundidade ou qualquer outra criatura separar-te do Amor que é o bem onipresente ― que abençoa infinitamente a um e a todos?” (Miscellaneous Writings, p. 8). 

Quando confrontados com imagens, ameaças ou atos de violência, seja nos noticiários ou no nosso próprio quintal, em vez de ficarmos impressionados ou angustiados, cada um de nós tem os recursos dados por Deus para “passar por entre eles”, passar por entre o pesar, o medo ou a raiva que possamos estar sentindo; podemos amar nosso próximo e vê-lo em sua verdadeira luz espiritual.

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A missão dO Arauto da Ciência Cristã 

“...anunciar a atividade e disponibilidade universal da Verdade...”

Mary Baker Eddy, The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Outros Textos], p. 353

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