Ao ligar o rádio, um dia, captei as últimas palavras de uma transmissão local. Ao mencionar as similitudes morais existentes entre as nações, o comentarista disse que tais assuntos deveriam ser mais explorados, ao invés de serem deixados de lado como questões sentimentais.
Minha atenção foi despertada, pois me lembrei de uma nota que havia lido no jornal The Christian Science Monitor alguns dias antes, na seção “The news — briefly” Monitor, 9 de maio de 1983.. Referia-se à ovação que uma audiência chinesa havia dado à peça de Arthur Miller, A morte do caixeiro viajante, por ocasião de sua première em Pequim. O dramaturgo era citado como tendo dito: “Acredito que há um ser humano universal, um caráter humano subjacente, profundo, que é mascarado pelas diferentes culturas.”
A Ciência CristãChristian Science (kris’tiann sai’ennss) revela que, de fato, há uma unidade básica entre todos os homens, um caráter subjacente, inato. E, como disse o comentarista da rádio, tal unidade deveria ser mais explorada. Por quê? Porque levaria ao entendimento e à tolerância.
Para descobrir mais a respeito dessa unidade básica, tal como a Ciência Cristã a revela, temos que nos aprofundar, e bastante — até a origem do homem. O primeiro fato importante a ser discernido é o de que há, e só pode haver, uma única Causa Primária: o Espírito sempre presente e eterno a que denominamos Deus. Sua natureza é de pura bondade e incorporalidade. Poderia Deus ser eterno se abrigasse dentro de Si algum elemento destrutivo? E Deus, o Espírito, sendo Tudo, Sua bondade e divindade são refletidas por toda a criação, inclusive o homem. E assim, em nosso verdadeiro ser, todos somos inteiramente bons, inteiramente espirituais.
Esse fato científico é claramente sustentado pelo relato bíblico da criação, que diz: “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem.” Gênesis 1:27. Conseqüentemente, sabemos com certeza que o homem reflete a bondade pura de seu Criador.
Que alegria compreender isso! Pois essa verdade fundamental, compreendida e vivida, afastará os conflitos e o temor entre as famílias e as nações. Não admira que o escritor do livro de Malaquias denomine nossa fonte comum de “Pai”. Nestas poucas palavras enuncia uma poderosa verdade: “Não temos nós todos o mesmo Pai? Não nos criou o mesmo Deus?” Malaq. 2:10.
Ninguém, no entanto, sentiu a unidade subjacente da família humana tão profundamente como Cristo Jesus, o qual com freqüência se refere à nossa origem comum como “Pai”. Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, também fala muitas vezes na origem divina do ser do homem. Escreve ela em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “Na Ciência o homem é o descendente do Espírito.... O Espírito é a fonte primitiva e derradeira de seu ser; Deus é seu Pai, e a Vida é a lei de seu ser.” Ciência e Saúde, p. 63.
Além de Espírito e Vida — dois dos nomes para Deus que encontramos na Bíblia — Deus foi revelado à Sra. Eddy também como Mente. A Mente divina, não o cérebro, é a fonte de nossa inteligência e de toda atividade mental real.
Ora, essa inteligência dada por Deus floresce em muitíssimas direções diferentes. Vemo-la expressar-se em todos os campos construtivos da atividade humana, inclusive nos meios acadêmicos, técnicos e artísticos. Mas não nos enganemos. Essas diferenças não dividem a humanidade. Qualquer que seja sua manifestação, a inteligência tem uma só fonte, a Mente divina.
Em seus escritos, a Sra. Eddy emprega vários nomes, ou sinônimos, para Deus, a fim de explicar a natureza, essência e totalidade divina. Não apenas Espírito, Vida e Mente, mas também Princípio, Alma, Verdade — e Amor. Amor é um sinônimo glorioso. A afirmação de João “Deus é amor” 1 João 4:8. figura com destaque em muitas Igrejas de Cristo, Cientistas. Em relação às condições do mundo e à manutenção da paz, é importante reconhecer o corolário lógico desta verdade: Por ser Deus Amor, o homem — a imagem e semelhança de Deus — tem de refletir Seu amor. Poderia haver base mais sólida para a união do que a compreensão desse grande fato? Vemos, assim, que a humanidade encontra sua unidade básica e seu verdadeiro ser no Amor divino.
Podemos constatar, em nossa vida cotidiana, em maior ou menor escala, que essa não é só uma bela teoria. As pequenas provas geralmente passam despercebidas. No entanto, quando alguém pára e avisa que deixei acesos os faróis do carro, ou quando um vizinho limpa minha calçada depois de uma forte nevasca, nesses pequenos gestos de bondade humana percebo vislumbres da bondade sempre presente de Deus e do homem à Sua semelhança.
Os avanços no reconhecimento da igualdade dos sexos e das raças são provas mais impressionantes de nossa unidade em Deus. Lembrei-me do fato básico e unificador da bondade do homem, quando li um artigo no jornal sob a manchete: “À medida que descem as águas da inundação, aumenta a ajuda aos moradores da Luisiana.” Esse artigo menciona a afirmação de um voluntário da Cruz Vermelha: “Sempre que temos um grande desastre, é surpreendente ver como as pessoas se ajudam mutuamente.” Monitor, 24 de janeiro de 1983. Relatos desse tipo inspiram o leitor, despertando nele a bondade divina que reside em cada um de nós e que constitui nosso verdadeiro ser, como descendentes espirituais de Deus. Os meios noticiosos precisam enfocar mais esses exemplos. Precisam apresentar a seus leitores, ou ouvintes, uma variedade de culturas e costumes, e ao mesmo tempo revelar a união profundamente enraizada existente entre todos os povos.
Cada sinal de maior conscientização dessa união básica é motivo de profunda gratidão. Essa consciência abrandará as arestas aguçadas das atitudes de crítica, ajudará a evitar o conflito entre homens, raças e nações, e assim contribuirá para maior estabilidade no mundo. E nós, como indivíduos, podemos contribuir vigorosamente para essa estabilidade, por meio de nossas orações sinceras — não somente orações de petição, mas também orações de afirmação e de percepção dos fatos divinos. A verdade de que há um só Deus, uma só criação, não pode ser invertida nem permanecer para sempre despercebida. Nossas orações, nossa própria clara visão da unidade, auxiliarão outros a percebê-la, apressando assim o dia em que toda a humanidade reconhecerá e demonstrará a Verdade.
Ciência e Saúde resume o assunto numa vigorosa declaração: “Um só Deus infinito, o bem, unifica homens e nações; constitui a fraternidade dos homens; põe fim às guerras; cumpre o preceito das Escrituras: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’;...” Ciência e Saúde, p. 340.
Explorar as similitudes morais entre as nações é, de fato, muito mais do que um passatempo sentimental. É vital para a sobrevivência de nossa sociedade, pois tais similitudes, quando compreendidas, indicam a fraternidade dos homens.
Que diferença faz se nossos olhos são azuis ou castanhos, se nossa pele é escura ou clara? O que realmente importa é a unidade e bondade do homem como reflexo espiritual de Deus. Um reconhecimento mais amplo desse fato levará as nações à mesa de negociações, desviando-as da senda que conduz à guerra. Este mundo atormentado precisa desesperadamente de nossa compreensão e demonstração da unidade dos homens no Amor divino, para que todas as pessoas percebam e demonstrem essa verdade salvadora.