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Não somos vítimas da situação econômica

Da edição de abril de 1999 dO Arauto da Ciência Cristã


Num recente programa da edição radiofônica do O Arauto da Christian Science, comentaram a situação econômica do Brasil nestes últimos meses. Buscando exemplos apresentados na Bíblia, a entrevista mostra como a aplicação da lei espiritual e do poder de Deus traz soluções e consolo.

Katharina Helmick — Quando uma economia se desestabiliza, a necessidade de cumprir com pagamentos parece um peso angustiante. Os juros altíssimos, a desvalorização da moeda e a situação financeira faz com que muita gente fique sufocada por dívidas assumidas anteriormente.

Na antiguidade era comum um credor mandar um devedor à prisão, ou exigir-lhe como pagamento um filho, como escravo. A idéia de perdoar uma dívida, nesse caso, tem uma conotação muito humana, inclui a noção de perdoar por amor, por compaixão. Não estamos falando de deixar de fazer pagamentos, mas de introduzir o senso de amor ao próximo, diante de relações angustiantes e tensas. É o caso exemplificado por nosso Mestre, Cristo Jesus, na parábola do credor incompassivo (Mateus 18). Jesus utiliza esse exemplo ao responder à pergunta de Pedro: “Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes? Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete.” E continua a explicação: “Por isso, o reino dos céus é semelhante a um rei que resolveu ajustar contas com os seus servos...” Diante da súplica de um de seus servos, que lhe pede: “Sê paciente comigo, e tudo te pagarei”, o rei lhe perdoa uma grande dívida. Mas esse mesmo servo não perdoa uma pequena dívida de seu conservo, e o manda à prisão, onde ele fica impossibilitado de trabalhar para conseguir os meios para fazer pagamentos. Informado do ocorrido, o rei o repreende: “Servo malvado, perdoei-te aquela dívida toda porque me suplicaste; não devias tu, igualmente, compadecer-te do teu conservo, como também eu me compadeci de ti?”

Heloísa Rivas — A conexão é interessante, porque a primeira lição que Jesus está dando é de perdão, no sentido mais profundo da palavra, não do ponto de vista do dinheiro em si. Depois disso Jesus exemplifica com a parábola, fazendo alusão a uma dívida financeira.

As crises da atualidade afetam tanto indivíduos como empresas, governos e nações. Quando alguém está num aperto econômico, a oração e a compreensão espiritual sobre as leis de Deus exercem uma influência direta na vida cotidiana, trazendo alívio.

Em Ciência e Saúde a Sra. Eddy diz: “A honestidade é poder espiritual. A desonestidade é fraqueza humana, que perde o direito à ajuda divina” (453: 17). A má fé e a ambição desmedida desencadeiam séries de problemas. O princípio básico de não cobiçar o que é do outro, de não tirar o que pertence a outro, inclui amor e respeito ao próximo. O reconhecimento de que o bem que Deus provê é infinito e suficiente para todos possibilita a cada um, individualmente ou em nome de empresas e países, aplicar esse princípio à sua própria economia e à sua própria situação. Essa maneira de pensar abre o caminho para que se possam saldar as dívidas.

KH — Isso significa então que os que estão praticando a honestidade podem estar seguros de ter o apoio divino, não é?

HR — Exato. Mas é importante fazer uma nítida distinção: não é questão de orar para produzir um milagre. Tomar as providências legais necessárias, agir com integridade moral, cumprir as obrigações, exercer bom senso em não gastar mais do que o que se tem, tudo isto é parte da honestidade. Se uma pessoa tem cartões de crédito e perde a noção do que está comprando, está agindo incoerentemente. Agir com sensatez e ter a certeza de que o amor de Deus nos proporciona tudo aquilo de que precisamos, nos leva a administrar nossa própria economia de forma inteligente e lógica.

KH — Isso se reflete nesta frase de Ciência e Saúde: “Os atributos de Deus são justiça, misericórdia, sabedoria, bondade e assim por diante” (p. 465).

HR — “Sabedoria” indica prudência, cuidado, inteligência. Essa frase está de acordo com a parábola. Revela que podemos aspirar à ajuda divina, fazendo tudo o que está ao nosso alcance para cumprir com as obrigações assumidas. Essa atitude honesta é reconhecida por Deus, o Princípio que rege tudo, que é sempre compassivo e jamais exige algo absurdo ou impossível.

KH — Temos outro exemplo, na Bíblia, do qual muito podemos aprender. Em 2 Reis (4:2) está o relato em que o profeta Eliseu ajuda uma viúva que tinha dívidas elevadas. Em Ciência e Saúde a Sra. Eddy nos dá a seguinte definição de profeta: “... desaparecimento do sentido material ante a consciência dos fatos da Verdade espiritual” (p. 593). A intervenção do profeta consistiu em apelar para a consciência da mulher, fazendo-a compreender “os fatos da Verdade espiritual.” Ela pôde, então, raciocinar sob o ponto de vista espiritual. O credor havia ameaçado levar-lhe os dois filhos e vendê-los como escravos. Mas o profeta lhe perguntou: “Dize-me que é o que tens em casa.” Ela responde que só tem uma botija de azeite. Ao que Eliseu responde: “Vai, pede emprestadas vasilhas a todos os teus vizinhos; vasilhas vazias, não poucas,. .. deita o teu azeite em todas aquelas vasilhas; põe à parte a que estiver cheia.” Com o conteúdo daquela botija ela encheu todas as vasilhas emprestadas. Obedecendo ao que o profeta lhe dissera, vendeu o azeite para pagar a dívida. Sobrou o suficiente para ela continuar a se sustentar.

“A HONESTIDADE É PODER ESPIRITUAL” MARY BAKER EDDY

HR — Na antiguidade, entregar um filho como escravo para quitar uma dívida equivalia a desprender-se daquilo que se tem de mais caro e mais querido, além de sofrer uma terrível e humilhante punição. Nessa história também vemos como a intervenção da sabedoria divina se faz com amor e perdão. E a dívida foi saldada, não houve inadimplência.

O princípio, ou seja, a lei em que essa mulher se apoiou, que lhe foi indicada pelo profeta, é atuante até hoje. Ela aceitou a idéia que ele deu, de admitir que possuía algo. Ainda que esse algo parecesse totalmente insuficiente diante do que ela devia, o profeta sabia que havia um ponto a partir do qual ela podia dar o primeiro passo, ter a disposição e confiança de poder pagar a dívida, sem perder nada, sem sacrificar o que lhe pertencia legitimamente.

Nos dias de hoje, em que a economia não é tão simples e primitiva, a idéia de que é possível resolver o problema com honestidade e com a aspiração de cumprir o prometido é um valor positivo que serve de ponto de partida. O amor de Deus está a favor de Seu filho, ninguém jamais está destituído da sua filiação com Deus. A oração inteligente não pede a Deus aquilo que não tem sentido. Mas ela chega a Deus, pois Deus conhece a fundo cada um de Seus filhos. Em Ciência e Saúde lemos: “Se sentimos a aspiração, a humildade, a gratidão e o amor que nossas palavras exprimem — isso Deus aceita” (p. 8). O suprimento se multiplica, ao ser encarado corretamente, ou seja, espiritualmente, porque procede do infinito amor de Deus, algo do qual ninguém pode ser privado. O tesouro mais valioso está em saber que ninguém jamais está abaixo do limite do amor de Deus, ninguém está privado até disso, a ponto de que tudo o que venha a ter tenha de ser consumido em pagar dívidas.

KH — A Bíblia fala em épocas em que grassava a fome em certas regiões. Há outro exemplo em que o profeta Eliseu ajuda o povo.

HR — Podemos comparar uma temporada de fome aos momentos de crises econômicas em nossa sociedade atual. O fenômeno é semelhante, há escassez de recursos e o povo passa penúria. As soluções que os governos de hoje propõem podem se chamar “pacotes econômicos”, mas constituem uma maneira de aplicar uma legislação, acrescentar algum elemento administrativo para solucionar o problema coletivamente.

KH — Numa dessas épocas de fome, (2 Reis 4: 40) Eliseu mandou preparar “um cozinhado”, palavras textuais da Bíblia. Digamos, uma grande panela de sopa, para alimentar o povo. O rapaz que foi ao campo colher ingredientes trouxe uma “trepadeira silvestre”. Mas quando começaram a comer, exclamaram: “Morte na panela”. Haviam percebido que o fruto dessa trepadeira era venenoso. Porém Eliseu disse: “Trazei farinha. Ele a deitou na panela e disse: Tira de comer para o povo. E já havia mal nenhum na panela.”

Nossos governantes estão tentando, com motivos sinceros, ajudar o país, dar de comer ao povo. Mesmo se, nesse esforço, houver algum elemento errado, como no caso da trepadeira venenosa posta na sopa, o poder divino, ministrado pela oração, tem capacidade para neutralizar e eliminar aquilo que é nocivo. No exemplo bíblico, o profeta conseguiu neutralizar o veneno ao acrescentar farinha, e o conteúdo da panela serviu de alimento para o povo. Atualmente também, o pensamento apoiado na ação da lei de Deus é capaz de fazer com que os pacotes econômicos, os sistemas financeiros, sejam corrigidos e liberem as nações da pobreza e da limitação.

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