Depois de dois dias em Paris, meu novo lar, um amigo que conhecia bem a cidade, convidou-me para jantar.
Quando cheguei em casa naquela noite, a família que me hospedava estava preocupada, não somente pelo bairro em que eu havia estado, mas sobretudo pelo que eu havia pedido para o jantar, “escargots”. Disseram-me que essa iguaria deveria ser consumida apenas em restaurantes muito finos, porque se estragava com facilidade. Fui para a cama insegura e comecei a passar mal. À medida que a noite avançava, sentia-me cada vez pior.
Para mim, a oração sempre fora uma forma eficaz de enfrentar todo tipo de problema, portanto, em minha necessidade naquela madrugada, volvi-me a Deus por socorro. Reconheci que o culpado número um era o medo.
Indagava-me se talvez meu senso de aventura não era ingênuo ou imprudente. De repente, meu novo lar e suas belas expectativas pareceram assustadores, desconhecidos e, até mesmo, cruéis.
Orei para reconhecer que Deus estava lá comigo. Embora tudo fosse novo para mim, aquele também era o território de Deus. Ele sempre havia estado ali. Orei para compreender que a bondade de Deus se manifestava em todos os lugares e que eu não estava sozinha, mas sempre guiada e protegida por um Pastor que me fazia companhia constante. Apoiei-me bastante na declaração de Mary Baker Eddy: “[Deus] Enche todo o espaço...” (Ciência e Saúde, p. 331). Usei-a como uma lei de Seu governo supremo e todo abrangente.
Quando Eliseu, um dos profetas bíblicos, achou-se em uma situação em que precisava alimentar um grande número de pessoas, e seus recursos eram muito limitados, ele decidiu fazer uma sopa com tudo o que, junto com seus amigos, encontrasse na vizinhança. Eles apanharam ervas e abóboras selvagens, todo tipo de ingredientes que resultariam em uma boa sopa, mas, quando ele a serviu, logo perceberam que algo estava errado e gritaram: “Morte na panela”!
Eliseu, muitas vezes chamado o homem de Deus”, tinha prática em lidar com o que parecia uma situação perigosa e a modificava por meio do que sabia ser a verdade a respeito da natureza divina.
Por meio de sua compreensão, ele provou que a vida é, na verdade, espiritual. Nesse caso, ao invés de se submeter às convenções e crenças e jogar fora a sopa por ser perigosa e estar contaminada, acrescentou-lhe farinha. Todos a comeram, sem sofrer nenhum dano (ver 2 Reis, 4:38–41).
Fiquei imaginando: “O que Eliseu havia feito”? Pareceu-me que ele fizera mais do que acertar os ingredientes. Não saberia ele, como vidente espiritual, que o medo era o componente mais perigoso? Os homens notaram que a sopa continha ingredientes que eles não reconheciam por serem estranhos a eles.
Pude me sentir segura no fato de que Deus estava sempre cuidando de mim e de que minha necessidade não era me livrar de algo, mas permitir que o Amor divino neutralizasse o medo, substituindo-o pela confiança no cuidado de Deus. Pude compreender a garantia que o amor de Deus me proporcionava e abandonar a ansiedade com relação à minha segurança. Naquele dia, algumas horas mais tarde, senti-me bem novamente e capaz de ter um dia normal, inclusive comer com total liberdade.
Pude compreender a garantia que o amor de Deus me proporcionava e abandonar a ansiedade com relação à minha segurança.
Cristo Jesus ensinou que: “não é o que entra pela boca o que contamina o homem, mas o que sai...”, e isso é coerente com sua instrução no Sermão do Monte: “...não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber...” (Mateus 15:11; 6:25), enfatizando a segurança que nos advém quando confiamos nosso bem-estar a Deus.
Se manchetes e reportagens sobre contaminação por ingestão de alimentos forem difundidas pela mídia, temos algo a “adicionar à panela”, por assim dizer. Podemos acrescentar, a esse ambiente mental, a oração que remove o medo. Podemos afirmar a bondade incondicional e absoluta de Deus e o poder de Seu amor benéfico.