A julgar pelas aparências, a história de Jonas e da baleia parece cheia de fantasia e encanto. Um homem que é engolido por um peixe? Mas quando investigamos mais a fundo, a história bíblica, vista em seu contexto metafórico, oferece profundas lições sobre o poder da única Mente governante.
A história é esta: Deus pede a um hebreu, Jonas, que pregue à corrupta cidade de Nínive, a cidade da Assíria arquiinimiga dos judeus. Não é de admirar que Jonas se recuse. De fato, ele compra uma passagem de barco, apenas de ida, para o outro lado do mundo conhecido naquela época.
Durante a viagem, surge uma tempestade. Os marinheiros oram para ser salvos e perguntam ao estranho quem ele é. Ele responde dizendo que a tempestade aconteceu por sua causa (ele sabia que havia pecado contra Deus, pois O havia desobedecido). Por essa razão, ele explica, de forma altruísta que, se eles o lançarem ao mar, a tempestade cessará. Os marinheiros fazem isso, mas somente após tentarem, sem sucesso, levar o navio para terra firme.
Um grande peixe engole Jonas. No estômago do peixe, Jonas ora e o peixe o vomita na terra. Agora, castigado, ele realmente vai para Nínive e lá, prega a palavra. Em resposta, todos jejuam em arrependimento pelos seus pecados. Contudo, Jonas se mostra contrariado porque acha que Deus não deveria ter salvado a cidade. A história termina com a pergunta de Deus: “...não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive, em que há mais de cento e vinte mil pessoas, que não sabem discernir entre a mão direita e a mão esquerda, e também muitos animais?” (Jonas 4:11).
Para mim, a história de Jonas explica, primeiro geograficamente, que há uma única Mente universal. Deus estava com Jonas antes mesmo de ele ir para Jope pegar o navio, enquanto estava a caminho de Társis, e em Nínive. Essa Mente única está em toda parte e é sempre ativa. Até mesmo quando Jonas se encontrava na profundidade do oceano no “ventre do abismo” (Ibidem 2:2), Deus o resgatou.
Essa história também explica como Deus opera em diferentes povos. No navio, Jonas dormia enquanto os marinheiros, que não eram judeus, oravam (ver 1:5). Além disso, compare a receptividade dos ninivitas, que ouviram a um estrangeiro, com a relutância de Jonas em fazer a vontade de Deus, um Deus tão universal, que cuida até mesmo do “inimigo” declarado.
A capacidade da Mente amorosa em abranger os habitantes de Nínive levanta a questão: Compreendo que Deus é a única Mente de todos, em todas as tradições religiosas? Estou aberto às teologias transformadoras de Deus e abordagens à cura que não sejam as minhas próprias e as apoio por meio da oração?
A história de Jonas também nos relata que Deus existe universalmente e transcende os limites de espaço e do tempo. Ela nos mostra que não precisamos aceitar que, neste momento, algo em nossa experiência humana esteja fora do controle de Deus. Jonas realmente muda de idéia, faz aquilo que Deus lhe pede e demonstra que o plano divino para o bem é supremo. Do mesmo modo, os ninivitas abandonam sua própria história de corrupção e demonstram que fazer o bem sempre fez parte da natureza deles.
A Mente única está em toda parte e é sempre ativa. Até mesmo quando Jonas se encontrava na profundidade do oceano no “ventre do abismo” (Jonas 2:2), Deus o resgatou.
A Mente, que tudo governa, induz-nos a perguntar: Ao permitirmos momentos “não remidos” em nosso pensamento e aceitarmos que nós ou os outros cometemos um erro, sem mergulhar fundo na oração para compreender que cada um de nós é a representação plena da Mente, não fugimos mentalmente para Társis, ao invés de pregar em Nínive? Ao considerar essa questão, gosto de perguntar a mim mesmo, por exemplo: Acredito que cometi um erro há quatro meses? Ou compreendo que a Mente única de fato me governava, exatamente naquele momento e lugar? Vivo agora de forma coerente com esse fato espiritual?
A história de Jonas, simples e pueril, aprofundou minha própria compreensão e me mostrou como pensar e agir, a partir do ponto de vista de um Deus infalível, o qual é Mente. Sob essa perspectiva, cada um de nós pode ter a certeza de que nossas próprias experiências no “ventre do abismo” trarão, em última instância, bênçãos infinitas.