Quando eu era pequena, nunca me considerei atleta. Mas, no segundo ano da faculdade, uma amiga me convenceu a participar do “5K Turkey Trot”, uma corrida de 5 quilômetros. No fundo, fiquei muito nervosa.
No entanto, embora os treinos fossem difíceis no início, logo me apaixonei pelo esporte, quando percebi que era uma oportunidade de me sentir mais perto de Deus. Desde criança, na Escola Dominical da Ciência Cristã, eu gostava muito de saber que tudo o que fazemos é mais do que uma mera atividade. É compreender a Deus como a fonte de todo o bem e reconhecer que expressamos as qualidades dEle, o que nos ajuda a romper as limitações.
Notei que, quando eu estava correndo, tinha muitas oportunidades para orar com vigor, para reconhecer de que modo eu estava expressando as qualidades de Deus. Ao contrário do que eu havia pensado, correr não era apenas atletismo, mas sim sentir a força ilimitada e a “energia divina do Espírito” (ver Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de autoria de Mary Baker Eddy, p. 249).
A corrida Turkey Trot foi boa e, depois disso, comecei a correr com mais frequência. Passei a gostar tanto desse esporte, que criei uma meta de correr meia maratona. Quando fiquei sabendo que uma amiga muito querida também queria correr, decidimos pelo 2019 GO!, a meia maratona na cidade de St. Louis.
Eu estava animada, mas nunca na minha vida tinha corrido mais de seis quilômetros. Será que, de fato, em apenas alguns meses, estaria pronta para correr 21 quilômetros?
Determinada a atingir meu objetivo, tracei um plano de treino para as férias de inverno, a fim de aumentar o percurso e a resistência. Durante um desses treinos, no entanto, passei dos limites e distendi um músculo da coxa. Fiquei com medo de que, se eu desse um intervalo, ou me desviasse muito do plano inicial, não estaria preparada no dia da corrida. Tentei superar o desconforto e continuar correndo. Mas logo percebi que o que mais me ajudaria seria parar de correr e tratar esse desconforto pela oração.
Liguei para uma Praticista da Ciência Cristã, pedindo que orasse comigo. Uma das ideias que ela compartilhou foi de mudar o foco de exercitar o corpo, e em vez disso exercitar domínio sobre ele. Para mim, isso significava que eu tinha autoridade dada por Deus para rejeitar qualquer coisa que não viesse dEle, como ferimentos ou dor. Que eu podia abraçar as qualidades de Deus, como agilidade e flexibilidade, e entender que nada podia me impedir de expressá-las, já que sou espiritual e sou Sua reflexão, Seu reflexo.
Fiquei grata quando a dor passou e voltei a correr, mas ainda estava com medo de distender algo novamente. Além disso, eu também estava participando de um espetáculo de dança na faculdade, e não podia perder nem uma coisa nem a outra.
Na metade do semestre, distendi novamente o mesmo músculo e fiquei instantaneamente dominada pelo medo. Faltavam apenas algumas semanas para o dia da corrida e algumas mais para o espetáculo de dança. Quando contei à minha mãe a respeito de como me sentia, ela me falou de uma ideia na qual pensou, enquanto orava.
Ela me disse que eu precisava deixar de lado o ego humano e permitir que o único Ego, Deus, fosse à minha frente. Também me dei conta de que isso significava abandonar o ego com um “e” minúsculo, que representava a noção de estar separada de Deus e de que eu mesma fosse minha própria fonte de habilidade e força. Dei-me conta também de que estava fazendo com que o foco dessa corrida estivesse mais em mim do que em Deus. No começo, correr fora uma oportunidade de expressar a Deus, mas agora tornara-se uma competição comigo mesma.
Comecei a orar para perceber melhor como expressar a Deus, não apenas nas corridas, como também nos ensaios de dança. Eu me concentrei menos em mim e mais nas qualidades de Deus, e apliquei essa ideia a todos ao meu redor. Seguiu-se uma rápida cura e o medo se dissipou. Logo, voltei à normalidade e fui capaz de correr e dançar de novo.
No dia da corrida, pedi a um Praticista da Ciência Cristã que orasse comigo e me concentrei em expressar liberdade, graça e movimento. Meus amigos também me animaram e me apoiaram durante o trajeto. Corri os 21 quilômetros inteiros e terminei com muita alegria e energia. Não tive efeitos colaterais da corrida de longa distância e consegui fazer uma transição harmoniosa para duas semanas intensas de ensaios para o espetáculo de dança.
Aprender o que significa manter o único Ego, Deus, como o ponto mais importante, e eliminar o senso pessoal de ego foi uma lição que vai muito além da corrida. Gosto muito de aplicá-la a todos os aspectos da minha vida e ver como isso sempre elimina a tensão e me permite expressar a Deus.
 
    
