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Reflexões

Ver Da Maneira Como Deus Vê

Da edição de janeiro de 2002 dO Arauto da Ciência Cristã


Hoje em dia, muitas pessoas estão perguntando: “Como ocorre a cura cristã? Será que ela é apenas imaginação, ou uma fé emocional que produz alguma espécie de mudança nos processos cerebrais? Ou será que existe verdadeiramente um poder divino que lhe serve de base?”

O trecho da Oração do Senhor, o Pai Nosso, que diz “faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mateus 6:10) nos dá uma noção de como ocorre realmente a cura cristã do início do cristianismo, que era praticada por Cristo Jesus. O livro-texto da Christian Science, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, oferece uma interpretação inspirada desse trecho: “Faze-nos saber que — como no céu, assim também na terra — Deus é onipotente, supremo” (p. 17). A cura ocorre quando oramos para ver, sentir, ouvir e saber, exatamente no lugar em que nos encontramos, o que está, em realidade, acontecendo no céu, no reino de Deus. O que está acontecendo é a manifestação de Deus, que constitui todo o poder e toda a presença em todo lugar, a todo momento. Deus, que é o bem infinito, está manifestando Sua supremacia, a despeito de todas as aparências em contrário.

Esta oração: “Faze-nos saber...” expressa nosso desejo de saber a verdade sobre cada um e sobre todas as coisas. Ajuda-nos a olhar para além daquilo que os cinco sentidos físicos vêem, ouvem, sentem, saboreiam e cheiram, e perceber um pouco daquilo que Deus está sabendo, vendo, sentindo, ouvindo e daquilo que Ele é.

Pode parecer que essa maneira de pensar não seja nada prática. Mas, se analisarmos o que acontece na tribo Babemba, no sul da África, veremos o que o “ver” e o “saber” verdadeiros podem fazer.

Quando uma pessoa age de maneira irresponsável ou injusta, ela é colocada no meio da aldeia, sozinha e desamarrada. O trabalho na aldeia pára e todos os homens, mulheres e crianças se reúnem num grande círculo à sua volta. Em seguida, cada pessoa da tribo, independentemente de idade, começa a dizer em voz alta, dirigindo-se ao acusado, uma de cada vez, todas as coisas boas que a pessoa colocada no centro do círculo fez em sua vida. Cada acontecimento e cada experiência que possam ser lembrados com algum detalhe e exatidão são relatados. Todos os atributos positivos, as boas obras, os pontos fortes e atos de gentileza praticados por essa pessoa são relatados cuidadosa e detalhadamente. A ninguém é permitido inventar, exagerar ou fazer brincadeiras sobre as habilidades do acusado ou sobre os aspectos positivos de sua personalidade.

“A cerimônia tribal freqüentemente dura vários dias e não termina até que cada habitante da aldeia tenha esgotado todos os comentários positivos que possa fazer a respeito da pessoa em questão. Ao final, o círculo é desfeito, acontece uma alegre comemoração e a pessoa, simbólica e literalmente, é acolhida de volta ao convívio da tribo.”  Leonard M. Zunin, Contact: The First Four Minutes (Los Angeles: Nash. 1972) ©, de Leonard M. Zunin. Reimpresso com permissão.

Trata-se de um exemplo maravilhoso de como podemos “ver” somente o que é bom.

Num parágrafo digno de nota, próximo ao título marginal “A verdadeira câmara da Mente”, Ciência e Saúde refere-se a essa visão mais elevada, da seguinte maneira: “As formas desvanecentes da matéria, o corpo mortal e a terra material são os conceitos transitórios da mente humana. Eles têm seu dia, antes que apareçam as realidades permanentes e sua perfeição no Espírito. As criações toscas dos pensamentos dos mortais têm de ceder, por fim, às formas gloriosas que às vezes vemos na câmara da Mente divina, quando o quadro mental é espiritual e eterno. Os mortais precisam olhar para além das formas finitas e desvanecentes, se quiserem conseguir o verdadeiro sentido das coisas. Onde é que o olhar se fixará, senão no reino insondável da Mente? Temos de olhar para onde queremos caminhar, e temos de agir como possuidores de todo poder dAquele em quem temos o nosso ser” (pp. 263–264).

Não deveríamos nos esforçar para ver sempre através da “câmara da Mente divina”, a Mente que é Deus? Isso exige uma mudança de ponto de vista, ou seja, de nossa maneira de pensar. Ao invés de elevarmos nosso olhar para Deus, como se Ele estivesse distante e separado de nós, e rogarmos fervorosamente que Ele mude ou cure alguma situação, o que precisamos é olhar para todas as coisas, por meio da oração, através da lente da câmara da Mente divina. Então, veremos um pouco daquilo que Deus está vendo. E não está Deus vendo somente a expressão de Si mesmo, ou seja, a perfeição, a harmonia e o bem ilimitado? No primeiro capítulo da Bíblia lemos: “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom” (Gênesis 1:31).

Se orarmos, colocando-nos mentalmente no “centro” de Deus, e olharmos ao nosso redor, tudo o que veremos é a luz espiritual, ou seja, a presença e o poder de Deus, expressos em toda parte. Essa é a luz sanadora do Cristo. Ela restaura, redime e cura tudo o que esteja em seu caminho.

Mas, como é que podemos pôr essa idéia em prática? Vejamos um exemplo. Um praticista da Christian Science recebeu o telefonema de uma mulher que se encontrava em uma cabina telefônica. Ela e seu marido haviam se envolvido num acidente de carro. Ela havia saído ilesa, mas o marido estava gravemente ferido e ela pedia que o praticista orasse para ele. Ela então começou a descrever a cena que se desenrolava à sua frente: a ambulância, ossos quebrados, sangue, caos e dor. Após o telefonema, o praticista não conseguia parar de pensar naquele quadro terrível. Estava com dificuldade para orar, porque as imagens vinham de forma muito nítida ao seu pensamento. Finalmente, em desespero, o praticista orou a Deus desta forma: “Pai, o Senhor está no local do acidente, o que o Senhor está vendo lá?” Nesse momento, as mais belas idéias sobre o poder e a ação de Deus vieram-lhe ao pensamento. Ele teve a certeza de que, em todos os lugares, tudo o que estava realmente acontecendo era a manifestação de Deus e de Sua perfeição. Deus estava vendo “tudo quanto fizera, e eis que era muito bom”. Nada podia acontecer no reino dos céus, a não ser a harmonia, a paz e a ação ordenada.

Precisamos olhar para todas as coisas através da lente da câmara da Mente divina

Quando o praticista concentrou seu pensamento nesses fatos divinos e começou a compreender e a ver a situação através da “câmara da Mente divina”, as imagens perturbadoras desapareceram completamente de seu pensamento. Após uns vinte minutos, a senhora telefonou informando que seu marido havia sido levado ao pronto-socorro, mas como não haviam conseguido encontrar nada de errado com ele, o haviam liberado. Eles estavam indo para casa.

O que foi que aconteceu? Uma espécie de milagre? Não, o que aconteceu foi que a lei natural da harmonia, a lei de Deus, foi reivindicada, percebida e vivenciada. Em vez da mudança de uma condição material, houve a revelação de um fato já existente, ou seja, a perfeição ininterrupta da criação de Deus. A revelação dos fatos espirituais traz cura à nossa vida. A verdadeira revelação vem acompanhada da cura incontestável.

Lemos em Ciência e Saúde: “...a Ciência Cristã revela que o homem é a idéia de Deus, e declara que os sentidos corpóreos são ilusões mortais que erram” (p. 477). Um dicionário define o verbete revelar como: “tirar aquilo que está encobrindo o que já existe”. A cura cristã é a revelação da perfeição que já existe.

Se você está assistindo a um filme que mostra cenas de ódio, morte e destruição, você sabe que esses elementos nunca, em realidade, tocam a tela do televisor. Você não fica pensando que a destruição está realmente acontecendo dentro da televisão. A tela não é tocada por nenhuma das imagens que passam por ela. Com um pouco de treino, você será capaz de concentrar-se somente na tela, não se deixando absorver pelas imagens nela retratadas. Também é possível, por meio da oração, ficarmos tão conscientes da perfeição e da harmonia da identidade verdadeira de cada pessoa como imagem de Deus, que as imagens de doença e de destruição que desfilam pela tela da consciência deixam de nos alarmar. Elas acabam se desvanecendo e desaparecem.

A capacidade de ver as coisas da forma verdadeira faz com que sejamos profetas nos dias de hoje. Mary Baker Eddy define o termo profeta metafisicamente como: “Um vidente espiritual; desaparecimento do sentido material ante a consciência dos fatos da Verdade espiritual” (Ciência e Saúde, p. 593). Podemos pensar que os profetas eram personagens eminentes que viveram somente nas épocas bíblicas. Mas a definição dada pela Sra. Eddy mostra que existe um significado mais profundo e muito pertinente hoje em dia. Cada um de nós poder ser “um vidente espiritual” no caixa do supermercado, na sala de aula, nos escritórios, em casa, em qualquer lugar. As pessoas podem ser videntes espirituais e ver da maneira como Deus vê. Graças à espiritualidade, todos são capazes de olhar para além daquilo que os sentidos físicos vêem, para “a consciência dos fatos da Verdade espiritual”.

Certa vez, Jesus perguntou a seus seguidores: “...que saístes a ver?” (Mateus 11:8). Ele estava se referindo a João Batista. Será que haviam reconhecido melhor a condição de João Batista como profeta? Podemos, também, considerar a pergunta de Jesus de outra maneira: será que permitimos que os sentidos determinem a realidade para nós? Os ensinamentos e as obras de Jesus nos incentivam a olhar através da “câmara da Mente divina”, a fim de determinar o que é verdadeiro. Da mesma forma, podemos sair de casa todos os dias com esta decisão que traz cura:

• Vou sair hoje com o objetivo de ver a presença de Deus em toda parte.

Os ensinamentos e as obras de Jesus nos incentivam a olhar através da “câmara da Mente divina”

• Vou sair para ver cada um como o filho amado do nosso Pai celestial.

• Vou sair para ver somente a ação do bem em toda parte.

• Vou sair para ver o poder de Deus em cada detalhe da vida.

• Vou sair para ver que essa maneira de encarar as coisas traz cura, luz e harmonia a todas as pessoas em quem eu penso.

• Vou sair hoje para ver da maneira como Deus vê.

Fazer isso é praticar a cura cristã científica.

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