Skip to main content Skip to search Skip to header Skip to footer

ARTIGO CLÁSSICO

O ser é revelação

Da edição de setembro de 2009 dO Arauto da Ciência Cristã

Christian Science Journal


As pessoas têm a curiosidade natural de entender a existência própria e a dos demais. Entretanto, ao considerar a natureza do ser espiritual, percebe-se que tal natureza é fruto do desdobramento divino, da Mente e do Princípio infinitos, que se expressam continuamente, de acordo com sua perfeição invariável. Os escritos de Mary Baker Eddy deixam claro que a natureza do ser é desdobramento: “A progressão infinita é o ser concreto...” (Miscellaneous Writings [Escritos Diversos], p. 82).

Desdobramento (progressão infinita) significa uma revelação interior, que vem de dentro, algo inato, inerente, que vem à luz, independentemente de influência externa. Esse desdobramento depende de impulso natural, associado a algo inerente àquele que se desenvolve. Conforme compreendido na Ciência Cristã, ele é, em seu significado absoluto, a expressão da natureza imaculada de tudo o que existe. Essa atividade da Verdade divina, discernida e demonstrada na experiência humana, suplanta e desaloja a falsa crença e traz uma harmonia maior à humanidade. Aquilo que existe também se desdobra, e esse progresso se manifesta nos assuntos humanos, quando o pensamento reconhece de forma ativa a Mente divina como sua fonte e rejeita tudo o que seja dessemelhante da Mente, sujeitando assim o pensamento e sua expressão à lei de desdobramento da Mente divina. O desdobramento faz parte da natureza da infinidade, porque somente a infinidade pode se expressar inexaurivelmente.

Uma vez que a infinidade existe, a lógica impele o reconhecimento de que tudo o que há para a existência, para o ser, expressa eternamente a realidade, o bem infinito que sempre se revela em obediência à sua própria natureza infinita. Isso significa que a infinidade, ou o bem, de maneira consciente e ativa, é a única realidade que está acontecendo ou pode ocorrer. Devido à sua infinidade, o ser real exclui a possibilidade da existência de qualquer coisa fora de si mesmo ou dessemelhante de si mesmo, e que tal coisa possa resistir ou obscurecer a evidência espontânea e convincente desse ser real.

Desdobramento é o modo de a Mente divina se expressar. É a Mente conhecendo e se declarando a si mesma. Para a humanidade, isso parece tanto uma revelação progressiva da realidade na experiência individual consciente, como também a desintegração de um falso senso daquilo que é bom e desejável, a fim de que o pensamento, afastando-se do falso, possa se orientar na direção do verdadeiro. É a atividade do Amor que torna os fatos divinos manifestos nas atividades humanas; é a demonstração, para o senso humano, do que ocorre verdadeira e continuamente.

Deve-se levar em conta que o desdobramento divino acontece como unidade, como totalidade. Ele não pode ocorrer aqui e não ali; nem pode significar que “isto” se desdobra ou se manifesta e “aquilo“ não. O progresso divino é tanto universal, como individual. É cada coisa se manifestando com o todo e o todo se manifestando com cada coisa. Não há um desdobramento isolado, porque a Mente, Deus, é única e é tudo, e a infinidade que se expressa necessariamente inclui e abençoa a todos. A teimosia, a obstinação, a vaidade pelas realizações ou resultados alcançados, o orgulho pelas circunstâncias, como também o orgulho do clero, tudo dá lugar a esse desdobramento divino que satisfaz, quando o aceitamos. O desdobramento divino inclui tudo que possa verdadeiramente satisfazer à ambição do intelecto humano ou à aspiração do coração humano; mas esses devem ser neutralizados e a Verdade deve ser procurada por sua própria causa, antes que a satisfação possa ser alcançada.

Desdobramento significa a infinidade se expressando para sempre e de forma ilimitada, e sua expressão é a ideia ilimitada, ou o homem, ou o universo. É a experiência real, eterna, do homem, a única que alguém verdadeiramente pode ter. Nada pode ser mais específico a esse respeito do que a declaração de Mary Baker Eddy já citada: “A progressão infinita é o ser concreto”. Não há nada que melhor possa nos ajudar a afastar o medo e demonstrar um amor imparcial, e não crítico, pelos nossos semelhantes do que uma apreciação correta e contínua do significado dessa declaração.

Uma compreensão correta a respeito da infinidade e de sua atividade universal, todo-abrangente, e que demonstra a futilidade da mera vontade humana e do encoberto esforço humano, destrói um falso senso de responsabilidade e assim alivia a tensão. Fortalece a coragem e a expectativa ao bem. Simplifica a obediência aos mandamentos e à promessa das Escrituras: “Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas” (Provérbios 3:6). O desdobramento revela a simplicidade do ser puro e assim começa a destruir as complexidades e ansiedades da crença mortal.

À medida que compreendemos o fato de que Deus é Princípio e que esse Princípio é Amor, começamos a perceber que tudo o que acontece ou que possa vir a ocorrer é o bem progressivo e, como resultado, nossos temores com relação ao futuro e pelos nossos entes queridos diminuem de modo perceptível. Adquirimos a certeza de que o desdobramento espiritual, que traz o erro à luz, ao mesmo tempo o suplantará. Percebemos que o que aparece ou é a Verdade que se revela ou então alguma fase do erro trazido à luz pela Verdade, a fim de que essa Verdade possa dissipá-lo. Portanto, o aumento do bem e a diminuição do mal naturalmente caracterizam nossa experiência humana. O desdobramento divino é a inteligência se manifestando, o Amor em manifestação, a Vida se expressando. Esse desdobramento divino, quando aceito e afirmado como nosso próprio pensamento, se evidencia em melhor saúde, felicidade e suprimento.

Deve ter sido essa firme convição de que o ser é desdobramento, o que capacitou a Jesus, em face do insistente testemunho da realidade do mal, a defender, intrépida e fielmente, a perfeição do homem. Ele desviava sua atenção das representações falsas do sentido pessoal, para a certeza dos fatos harmoniosos e seu aparecimento progressivo. Ao seguir seu exemplo, os Cientistas Cristãos estão capacitados a permanecer impassíveis diante das várias fases que o erro assume a fim de desencorajá-los, às vezes no próprio limiar da vitória, e a continuar tão firmes na convicção da natureza do bem infalível, que a demonstração se sucede. De fato, Mary Baker Eddy escreveu: “As demonstrações de Jesus separam a palha do trigo e revelam a unidade e a realidade do bem, ou seja, a irrealidade, a nulidade, do mal” (Ciência e Saúde, p. 269). O desânimo não pode mais existir onde a verdadeira natureza do ser é reconhecida, porque então a inevitabilidade do progresso é percebida, embora, tal como acontece com a vegetação de raízes profundas, o progresso talvez não seja imediatamente visível na superfície.

A compreensão do desdobramento da Mente age como a presença e o poder da própria Mente, pois só a Mente pode saber e evidenciar sua própria natureza. O Apóstolo Paulo pergunta: “Porque qual dos homens sabe as cousas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim, também as cousas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus” (1 Coríntios 2:11). As verdades incluídas na Mente são conhecidas, não pela mente mortal, mas pelo pensamento que compreende e se aproxima da Mente divina.

O desdobramento divino, ou “progressão infinita”, não é algo fora da consciência. O desdobramento é consciência. Ele é subjetivo e se expressa no nosso próprio saber e ser. Até que a Ciência seja revelada na consciência individual, não como teoria ou algo externo à nossa identidade, mas, de fato, como consciência individual, não se percebe que a bondade, o poder e a imortalidade são inerentes ao homem. Somente na proporção em que reivindicarmos nossa verddeira identidade é que realmente descobriremos essas qualidades como já pertencentes a nós mesmos e a todos os homens.

Perceber o desdobramento como a verdadeira natureza de todo ser começa a dissipar a resistência, a oposição, a habitual relutância, o medo, a ansiedade e a incerteza e, portanto, começa a abrir o caminho para que a espontaneidade divina apareça em nossos pensamentos e atividades. É um encorajamento prático e um apoio a todo esforço humano. Coloca os negócios sobre um fundamento sólido, pois nada pode interferir no sucesso de um empreendimento compreendido como fundamentado na Mente, expressando o desdobramento da Mente e autorizado para manifestá-la. A opinião pessoal, a pressão, a vontade própria, o ater-se com determinação obstinada a um procedimento humanamente delineado, tudo isso tende a obscurecer a açāo harmoniosa e a evidência da Mente, e precisa ser abandonado a fim de que o progresso plenamente satisfatório possa se manifestar em nossas atividades diárias.

O fato de Jesus ter alimentado as multidões demonstra claramente a naturalidade do desdobramento como um modo de expressão da Mente. Ao rejeitar a apresentação do sentido pessoal que cegara seus discípulos, ele dirigiu o olhar para o céu “o reino do Espírito; governo pelo Princípio divino”, conforme a definição científica da palavra céu em Ciência e Saúde (ver p. 587). Reconhecendo assim tudo o que existe como evidência da infinidade e, portanto, desdobrando-se infinitamente, e para sempre, o Mestre tinha a alegria de testemunhar sua percepção espiritual exemplificada como suprimento humano ilimitado.

Seria bom que todos reconhecessem e se regozijassem diante de todas as coisas, grandes ou pequenas, que vêm sob a forma do bem, seja suprimento, negócios ou profissão, como evidência da expressão eterna da infinidade. Tal postura de pensamento contribui para que todos encontrem oportunidades, façam novas amizades, sintam-se livres e saudáveis, e para que se mantenham abertos e receptivos ao bem. Portanto, quando iniciamos uma viagem de negócios ou uma incumbência social ou doméstica, é bom não nos concentrarmos meramente na realização de um objetivo limitado, mas termos o pensamento aberto para qualquer coisa sob a forma do bem que possa vir a se manifestar.

É importante reiterar que a infinidade que se desdobra é a inteireza do ser e isso significa não somente que é a única coisa que realmente acontece, mas que é tudo o que sempre aconteceu.

É importante reiterar que a infinidade que se desdobra é a inteireza do ser e isso significa não somente que é a única coisa que realmente acontece, mas que é tudo o que sempre aconteceu. Ao perceber isso, podemos redimir tanto o passado quanto o presente, recuperar o bem dos anos que pareciam cheios de erros. Essa infinidade também mostra que a oportunidade está sempre presente e sempre disponível, e que cientificamente não existe tal coisa como ser muito tarde para o bem. A oportunidade não é uma ocasião momentânea, mas uma ideia que se desdobra constantemente.

O desdobramento divino é inteiramente bom. Portanto, todo ser humano tem o direito a essa expectativa, por meio da compreensão de que somente o bem pode advir a ele ou a outros. Do mesmo modo, ele tem o privilégio de negar que ele ou qualquer outra pessoa alguma vez tenha, em realidade, vivenciado o mal, e de afirmar e provar que o bem é e sempre foi sua única experiência e a única experiência universal.

Dessa forma, podemos remover o que parece ser uma perturbação do momento presente, pois o que a crença humana chama de presente é meramente o resultado do que essa mesma crença chama de passado cumulativo. À medida que percebermos isso, nossos pensamentos tornar-se-ão melhores e imparcialmente amáveis, nos transformaremos em melhores amigos e em cidadãos mais fiéis e ativos. Perceberemos que os bons pensamentos ou ponderar sobre o que é bom, é a atividade mental normal de cada pessoa; que o bem constitui a verdadeira identidade espiritual de cada um; e de que vivenciamos progressivamente o desenvolvimento infinito do bem.

O desdobramento divino é a Verdade se revelando, a Mente se manifestando, sempre afável, sempre generosa. É o Amor, sempre gratificante, em ação. A infinidade ou o ser, necessariamente se desdobra infinitamente, e para sempre. A inteireza do ser é evolução espiritual irresistível. Ela inclui toda a realidade, todas as ideias, que estão sempre se desenvolvendo juntas, ininterruptamente. Tudo se desdobra como uma unidade, e cada ideia se desenvolve de acordo com uma ordem infalível e inteligente. Todos podemos aprender a confiar nesse desdobramento, a compreender que ele é infinito, inevitável, espontâneo; que age de acordo com seu constante impulso espiritual, o que resulta em domínio.

Para conhecer mais conteúdo como este, convidamos você a se inscrever para receber as notificações semanais do Arauto. Você receberá artigos, gravações em áudio e anúncios diretamente via WhatsApp ou e-mail.

Inscreva-se

Mais nesta edição / setembro de 2009

A missão dO Arauto da Ciência Cristã 

“...anunciar a atividade e disponibilidade universal da Verdade...”

                                                                                        Mary Baker Eddy

Conheça melhor o Arauto e sua missão.