Muita gente acha que nossa vida está completamente fora do alcance da capacidade de Deus para dela cuidar. A visão convencional de que a vida é material tende a reforçar esse ponto de vista, e o medo proveniente desse pensamento. Deus pode parecer distante e, às vezes, até pode parecer que estamos desconectados do Seu poder devido à própria natureza do viver humano.
A materialidade não dá nenhuma indicação da presença, do poder e do amor de Deus, que é o Espírito infinito, ou da nossa verdadeira natureza como filhos de Deus. Mas isso não significa que a experiência humana esteja separada de Deus. A consciência de que, aqui e agora, não podemos estar separados de Deus, e de que estamos sob Seu governo competente e amoroso, vem do senso espiritual, ou seja, da capacidade que nos é inerente, outorgada por Deus, de compreender as realidades do Espírito. À medida que oramos para obter mais do senso espiritual de vida, encontramos cada vez mais, aqui mesmo na terra, evidências do céu, ou seja, da harmonia e do amor de Deus, o Espírito, que nos governa.
A certeza de que Deus cuida de nós é transmitida pelo exemplo de pessoas com profunda compreensão e amor a Deus, exemplos esses que aparecem em toda a Bíblia. Um exemplo, conhecido por muitos, é o Salmo 23, que diz, em parte: “O Senhor é o meu pastor; nada me faltará. Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso; Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do Senhor para todo o sempre” (versículos 1, 2, 6).
Essa garantia, e outras desse tipo, que constam da Bíblia, estão ancoradas na verdade fundamental de que cada um de nós é o precioso progênito de Deus. É um conceito muito simples, mas quando pensamos que Deus é o Espírito infinito, o Amor divino, então as implicações de sermos filhos de Deus são compreendidas como infinitamente maravilhosas.
O progênito do Espírito é espiritual, não material. Portanto, nossa verdadeira individualidade — o que realmente somos — é espiritual. E nossa herança eterna é o bem espiritual, a harmonia, a alegria, a plenitude e a liberdade que pertencem ao Espírito e que nos são concedidas pelo Amor divino.
O incomparável ministério de cura de Cristo Jesus mostrou com extraordinária força a realidade presente de que o homem não pode existir separado de Deus. E mostrou o que isso significa para cada um de nós, em todos os aspectos da nossa vida. Quando Jesus curava, multidões de pessoas se sentiam envolvidas e abraçadas, exatamente ali e naquele exato momento, pela presença e pelo poder de Deus, que Jesus expressava e que restaurava o corpo dos doentes à normalidade — e também melhorava a maneira como viviam.
Por exemplo, a Bíblia registra a cura instantânea, realizada por Jesus, de um homem cego, cujo último recurso fora pedir esmola na rua (ver Marcos 10:46–52). Graças a essa cura, ele ficou fisicamente livre, capaz de levar uma vida normal, presumivelmente apto para arranjar trabalho.
Também houve curas de coxos, surdos, mudos, mutilados, aleijados, doentes e afligidos. Em cada caso, o poder da natureza divina abraçou a natureza humana desses indivíduos, trazendo plenitude e liberdade à vida de cada um deles.
A Verdade espiritualmente renova nossos pensamentos e transforma nossa vida, trazendo provas do cuidado amoroso de Deus em uma vasta gama das nossas experiências humanas.
Referindo-se a um dos apóstolos, Mary Baker Eddy escreve no livro-texto da Ciência Cristã: “João viu que a coincidência humana e divina, evidente no homem Jesus, era a natureza divina abraçando a natureza humana, na Vida e sua demonstração — tornando perceptível e compreensível aos homens a Vida que é Deus” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 561).
A ação inefavelmente amorosa e sanadora da natureza divina, que vem à consciência humana e abraça a experiência humana, é a ação do Cristo — a Verdade divina que Jesus incorporou e expressou. A Verdade fala à consciência humana, e nós ouvimos a Verdade interiormente como intuições e compreensão espirituais, que infundem maior esperança e fé em Deus e nos permitem discernir mais claramente a plenitude de nossa verdadeira individualidade, que nos foi outorgada por Deus, como a expressão de Deus, Sua amada ideia espiritual.
O Amor divino — o Espírito infinito, a Mente única — é nosso Pai-Mãe todo-sábio, em quem podemos confiar totalmente, pois esse Pai-Mãe nos provê de tudo e cuida de nós. O Amor divino concede o bem infinito a cada um de Seus filhos, que são Suas ideias espirituais. Essa Paternidade-Maternidade de Deus poderia nos parecer muito vazia, se dela não houvesse provas reconfortantes, que nos apoiam em nossa vida e em nossas atividades humanas.
Felizmente, por meio da influência do Cristo no pensamento humano, o cuidado do nosso Pai-Mãe torna-se evidente, porque Cristo é Emanuel, “Deus conosco” (Mateus 1:23). Por meio do Cristo, o cuidado divino do Amor fica evidente no conforto espiritual e na cura, ou seja, em melhor saúde, em uma manifestação feliz de lar, de companheirismo correto, de emprego satisfatório, de suprimento abundante. Fica evidente também em Sua sábia orientação em nossas atividades diárias, bem como nos eventos importantes de nossa vida, em um propósito gratificante que está sempre se revelando. E assim por diante.
A Verdade está sempre conosco, continuamente viva, ativa e eficaz. A Verdade espiritualmente renova nossos pensamentos e transforma nossa vida, trazendo provas do cuidado amoroso de Deus em uma vasta gama das nossas experiências humanas.
Essa transformação também afeta o corpo. Embora o corpo humano pareça governar-se a si mesmo, criando suas próprias condições e capacidades como matéria que age por sua própria conta, constatamos que o corpo é, em última análise, a expressão do pensamento. Aliás, não é apenas afetado pelo pensamento, mas é literalmente a aparência exteriorizada do pensamento.
O corpo manifesta exteriormente as crenças conscientes e inconscientes que mantemos a nosso próprio respeito, bem como aquilo que assimilamos das crenças do mundo sobre a humanidade em geral. E também, por ser de natureza mental, o corpo é curado à medida que nossos pensamentos são iluminados pela Verdade divina, por meio da oração e da regeneração espiritual.
Jesus disse: “São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso...” (Mateus 6:22). Jesus estava ensinando, por meio de metáforas, a importância daquilo a que o pensamento humano está dando atenção e consentimento. Estava ressaltando a necessidade de manter nossos pensamentos concentrados na verdade, a qual, disse ele, nos libertaria (ver João 8:32). Na medida em que permitimos que a Verdade governe nossos pensamentos, a Verdade também governa o corpo harmoniosamente, mantendo-o cheio de luz, livre das trevas da doença e da limitação.
Visto que Deus é o Espírito, a família universal do homem é inteiramente espiritual, a imagem infinita, ou ideia, de Deus. Uma ideia de algo representa e expressa esse algo. Todos os homens e mulheres em sua verdadeira individualidade são a expressão de Deus. Assim sendo, eles expressam as capacidades perfeitas da Mente, incluindo a inteligência perfeita, o discernimento e a compreensão. Eles expressam a força do Espírito, o vigor e a vitalidade da Vida, a perfeita integridade da Alma.
Na medida em que compreendemos e cedemos à realidade espiritual, o corpo manifesta mais claramente a harmonia da Mente divina. Então, nossas capacidades e habilidades físicas são governadas em menor grau pelas crenças sobre a matéria e em maior grau pela Mente divina. Consequentemente, elas passam a refletir melhor a perfeição do Espírito, e constatamos que elas estão sendo de fato sustentadas pelo Espírito — porque então os nossos pensamentos estão imbuídos da compreensão e da luz do Espírito.
A Sra. Eddy escreve em Ciência e Saúde: “Moisés fez progredir uma nação até a adoração de Deus em Espírito, em vez de na matéria, e mostrou as grandiosas capacidades humanas do existir, outorgadas pela Mente imortal” (p. 200). E a Bíblia diz o seguinte, a respeito dele: “Tinha Moisés a idade de cento e vinte anos quando morreu; não se lhe escureceram os olhos, nem se lhe abateu o vigor” (Deuteronômio 34:7).
As faculdades que a Mente divina expressa no homem são faculdades do Espírito, por isso são inteiramente espirituais, não materiais. E a realidade aparece, evidente na experiência humana. Nós também, podemos crescer na compreensão e demonstração de nossas verdadeiras faculdades dadas por Deus, e vivenciar cada vez mais aquilo a que a Sra. Eddy se refere como: “as grandiosas capacidades humanas do existir, outorgadas pela Mente imortal”.
Em outras palavras, não é necessário que nossas capacidades humanas sejam expressões vulneráveis da crença material. Em vez disso, elas podem, cada vez mais, demonstrar a força, a clareza, a agudeza e o frescor eternos que a Mente divina nos outorgou. Ciência e Saúde diz: “As capacidades humanas se ampliam e se aperfeiçoam na proporção em que a humanidade alcança o verdadeiro conceito a respeito do homem e de Deus” (p. 258).
De todas as maneiras e em todos os aspectos da vida humana, o propósito, o poder e o amor de Deus abrangem toda a humanidade. A Bíblia diz que Cristo Jesus veio porque “Deus amou ao mundo” (João 3:16). Ele veio para que cada um de nós começasse, aqui e agora e nas gerações vindouras, a vivenciar a plenitude eterna da nossa verdadeira individualidade outorgada por Deus.
Quanta esperança isso nos proporciona, a cada dia! Não estamos sozinhos. O amor de Deus está aqui para enxugar nossas lágrimas, purificar nossos pensamentos e nosso caráter, tornar sadio o nosso corpo, guiar nossas carreiras e satisfazer nossas necessidades, sob todos os aspectos. Tudo isso dá prova contínua de que somos eternamente um com Deus como Seus filhos amados, Suas ideias espirituais perfeitas, que expressam e glorificam o bem infinito de Deus.
