Eu não queria ser a líder de uma associação de alunas e ter de planejar atividades sociais, angariar fundos e elaborar projetos de serviços à comunidade. Nada havia de errado com essa associação, mas eu simplesmente não gostava da maneira de pensar naquele ambiente. Eu fora escolhida porque sabia tocar piano e, então, fui eleita para um cargo que culminou nessa posição de destaque no último ano do ensino médio. Nessa ocasião, só dizer que “eu não queria assumir esse cargo” não bastava para revelar o quanto eu não gostava dessa função.
Quando conversei sobre tudo isso com minha mãe, ela deixou que eu decidisse se devia recusar essa possibilidade, ou não. Decidi seguir em frente, e ela sempre esteve pronta a me apoiar, quando necessário.
No início, achei que tomara a decisão certa, porque desistir não teria sido bom para o propósito da associação, especialmente para as garotas mais jovens. Aí me dei conta de que era o ano programado para uma inspeção por uma pessoa designada pela associação de pais. E eu teria de lidar com tudo isso, além das minhas obrigações normais.
A essa altura, a maior parte do tempo eu me sentia inquieta, tentando enfrentar essa situação. O fato é que eu não havia orado sobre minha decisão nem sobre o que eu estava sentindo. Eu sabia, por frequentar a Escola Dominical da Ciência Cristã, que a oração sempre ajuda, mas eu não me volvera a Deus nem procurara Sua orientação. Para tornar as coisas mais difíceis, eu também estava lutando com uma ferida na sola do pé, que doía e me fazia mancar. Eu sabia que o que eu necessitava era algo mais do que conselho ou raciocínio humano.
Então, realmente me volvi a Deus com a ajuda da Bíblia e do livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de autoria de Mary Baker Eddy. Eu conhecia esses livros, tanto por vê-los na Escola Dominical, quanto por serem lidos na nossa família. Eu havia tido curas e vira curas na família, graças à compreensão de Deus e Sua perfeita criação, como aprendemos nesses livros.
Não lembro agora o que li naquela ocasião, mas sim de como ficou claro que eu precisava amar, ou seja, que o tipo de amor necessário nessa situação não era simplesmente eu ser um exemplo, ou de estar disposta a conduzir reuniões. Havia a necessidade de amar de uma maneira muito mais profunda, amar as garotas que pareciam muito diferentes de mim, isto é, amá-las como filhas de Deus. Significava vê-las como Deus as criou, cada uma como a expressão individual de Deus. Eu também precisava ver desse mesmo modo o inspetor e todos aqueles envolvidos na associação.
Comecei a perceber que esse amor mais profundo não podia ser destinado apenas às pessoas que se interessavam pelas mesmas coisas que eu. O amor que Cristo Jesus nos demonstrou é universal, reflete o fato de que Deus, o Amor divino, é Tudo-em-tudo. Ciência e Saúde o afirma assim: “O Amor é imparcial e universal na sua adaptação e nas suas dádivas” (p. 13).
Na noite da inspeção, que começou com um jantar, eu ainda estava mancando. Mas algo havia mudado. Com essa nova iluminação espiritual sobre o Amor, todos eram dignos de amor. Amá-los não era agir com fingimento, mas sentir com sinceridade e honestidade. Senti o Amor divino resplandecendo no meu coração. Ficou óbvio que os convidados e as outras garotas também se sentiram amados.
Ocorreu também algo que eu não havia imaginado. Foi a dádiva de ter de esquecer-me de mim mesma, o que me trouxe alívio daquele profundo descontentamento. O Amor já me havia dado uma perspectiva mais verdadeira e mais espiritual a respeito dos outros e de mim mesma. A ferida fechou naquela noite, e em pouco tempo meu pé voltou ao normal.
Ao completar minhas obrigações nesse ano, eu precisei continuar aprendendo a respeito desse amor isento de ego, e ficou confirmado que essa foi uma introdução muito clara daquilo que Jesus identificou como os dois “grandes mandamentos” para nossa vida: “…Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22:37–39).
Estou ainda aprendendo que o compromisso sincero, de coração, para com Deus e para com nosso próximo nos eleva para fora das expectativas limitadas de nossas atividades. É nossa fidelidade ao Amor divino que traz o propósito sanador a tudo o que fazemos.