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Original para a Internet

Mary Baker Eddy e a elevação do padrão da condição feminina

Da edição de maio de 2023 dO Arauto da Ciência Cristã

Publicado anteriormente como um original para a Internet em 6 de março de 2023.


A missão de ser mãe parecia um peso, e eu sentia que estava sendo esmagada por ele.

Fora uma decisão acertada a de ficar em casa com meus dois filhos com menos de dois anos, e abandonar minha carreira na indústria automobilística. Já havia algum tempo que estava claro que essa não era a carreira certa para mim. Mas agora, em casa, sozinha com as crianças, eu sentia falta do domínio, da independência e da organização que eu desfrutara antes, nas atividades do meu dia. Estava começando a perceber a dureza dos sacrifícios e da paciência envolvidos no ofício de mãe, e como eu parecia despreparada para esse novo papel.

Ansiosa por abrir minha mente para algo melhor do que o último episódio do seriado infantil da televisão, e para me livrar daquela sensação de desânimo, comecei a ler atentamente uma biografia de Mary Baker Eddy, a qual destacava suas realizações nos séculos XIX e XX e seu lugar na história, como uma das pouquíssimas mulheres que fundaram uma religião de alcance mundial.

Tendo crescido em uma família que praticava a Ciência Cristã, eu havia aprendido na Escola Dominical essa abordagem científica e espiritual para a cura, essa perspectiva que Cristo Jesus ensinou e que a Sra. Eddy redescobriu e deu a conhecer em seus escritos. Mas eu não sabia muito sobre sua jornada e como ela havia se tornado uma das mulheres mais conhecidas e realizadas de seu tempo. À medida que eu lia, sentia-me fortalecida pelo exemplo corajoso de sua vida que, quebrando paradigmas, redefiniu o que uma mulher podia ser. Aliás, à medida que conhecia suas vicissitudes, comecei a considerá-la sempre mais como uma irmã para mim.

Logo passei a ler todas as biografias dela que conseguia encontrar, para ver como ela havia superado os desafios de doenças crônicas, maternidade, dificuldades no casamento, pobreza e as limitações na sua carreira, que o fato de ser mulher lhe causavam naquela época. Apesar dos inúmeros obstáculos, ela sempre teve a certeza de que Deus tinha todas as respostas. Em sua principal obra, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, ela descreve sua busca: “Durante três anos após minha descoberta, procurei a solução dessa questão da cura pela Mente, examinei as Escrituras e quase não li outra coisa, conservei-me afastada da sociedade, e dediquei meu tempo e minhas energias a descobrir uma regra confiável. A pesquisa foi doce, calma e animada pela esperança, não apegada ao ego, nem deprimente” (p. 109).

Entretanto, minha própria jornada estava parecendo um pouco egoísta e deprimente. Embora sempre tivesse desejado ser mãe e estar presente para cuidar de meus filhos, eu observava que meu marido e seus amigos pareciam ter mais autonomia e satisfação profissional. Por outro lado, era reconfortante saber que, embora a Sra. Eddy também se sentisse às vezes desanimada, nunca desistiu de sua busca por saúde e segurança. Ela nunca considerava as circunstâncias difíceis como um obstáculo, mas sim como oportunidades que, pela graça divina, a prepararam para a missão de sua vida.

CRESCER EM GRAÇA

Vistas pela lente da sua história de vida, as ideias publicadas em suas obras ― que há muito me eram familiares ― assumiram um significado totalmente novo. Uma passagem de Ciência e Saúde, em particular, realmente me tocou: “O que mais necessitamos é orar com o desejo fervoroso de crescer em graça, oração que se expressa em paciência, mansidão, amor e boas obras” (p. 4). Enquanto eu lia, imaginei-a escrevendo essas palavras diretamente da fonte de sua própria experiência. Impossibilitada de ganhar uma renda estável, lutando contra a doença e abandonada pelo marido, a graça divina, no sentido bíblico, era essencial para ela. Durante seus anos de busca e pesquisa, ela deve ter compreendido que necessitava cultivar o desprendimento do ego e a bondade, para realizar o propósito de Deus para ela.

Embora todas as minhas necessidades humanas estivessem sendo atendidas, eu também sabia que precisava de mais “paciência, mansidão, amor e boas obras”, todas qualidades essas inerentes à graça divina. Quando comecei a enfrentar os desafios do dia a dia sob a nova perspectiva, essa passagem a respeito da graça tornou-se para mim um atestado de missão. Nem é preciso dizer que minha querida família em crescimento também se beneficiou muito com isso.

DEUS COMO MÃE

Uma das contribuições mais profundas da Sra. Eddy para a humanidade foi sua elucidação da natureza de Deus tanto como Mãe quanto como Pai. Ela amava muito a Deus e na igreja onde crescera haviam lhe ensinado a considerar a Deus mais como um Juiz todo-poderoso, contudo, ela acabara aprendendo com a mãe a ver a Deus como o Amor, a quem podemos recorrer em busca de conforto e cura.

Lendo atentamente a Bíblia, em sua juventude, ela também deve ter descoberto as palavras da Primeira Epístola de João, que se referem a Deus como o Amor: “…Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele” (4:16). Mais tarde, ela diria em um de seus escritos: “Para mim Deus é Tudo. Ele é mais bem compreendido como o Ser Supremo, a Vida infinita e consciente, o afetuoso Pai e Mãe de tudo o que Ele cria; …” (A Unidade do Bem, p. 48). Refletindo sobre isso, meu novo papel como mãe começou a parecer mais natural e inato. As qualidades da maternidade eram qualidades de Deus, portanto, como filha de Deus, eu refletia naturalmente a graça divina, mediante compaixão, paciência e bondade.

A maternidade não era um peso que estava me esmagando ― a maternidade atendia a necessidade dessa querida família em que Deus havia me colocado. À medida que eu continuava a aprender com o exemplo da Sra. Eddy, sentia um crescente senso de propósito e realização, mesmo nas tarefas mais corriqueiras, pois cada momento se transformava em oportunidade para elevar o pensamento.

NÃO HÁ UM CRONOGRAMA PARA A REALIZAÇÃO

Também aprendi com a Sra. Eddy que não existe um cronograma fixo para a realização do propósito de vida de uma pessoa. Ela mesma só começou a carreira pela qual é conhecida, como a Descobridora, Fundadora e Líder da Ciência Cristã, aos quarenta e poucos anos. Aliás, enquanto muitos homens e mulheres (ainda hoje) diminuem suas atividades ao redor dos sessenta anos, com essa idade ela estava aumentando seu nível de atividade, e os anos mais ativos de sua carreira ainda estavam por vir, tendo continuado até depois dos oitenta anos.

 À medida que uma noção muito mais ampla e grandiosa de feminilidade começou a tomar forma para mim, tomei conhecimento de muitas outras mulheres que foram mães e tiveram uma vida cheia de propósito, como pensadoras e líderes vibrantes: as sufragistas Elizabeth Cady Stanton (mãe de sete filhos) e Lucretia Mott (seis filhos), ambas contemporâneas da Sra. Eddy; e líderes dos últimos tempos, nos Estados Unidos, como a ex-Secretária de Estado, Madeleine Albright, mãe trabalhadora e dedicada, que atendia aos telefonemas de suas três filhas onde quer que ela se encontrasse, e a ex-juíza do Supremo Tribunal, Ruth Bader Ginsburg, cujo marido a certa altura assumiu um papel maior no cuidado dos filhos, para que ela pudesse seguir sua notável carreira. Tenho a impressão de que a posição firme da Sra. Eddy, tanto em relação à feminilidade quanto à força, influiu através dos tempos, elevando o padrão para todas as mulheres.

Graças à maior compreensão espiritual que a Ciência Cristã tem me proporcionado, percebo agora que esse período de crescimento me proporcionou um alicerce — um “estágio prático” — para minha futura carreira, ensinando-me a paciência e o desprendimento do ego que seriam necessários anos depois, na profissão de praticista da Ciência Cristã. A Sra. Eddy certa vez declarou: “Se o mundo me compreendesse em minha verdadeira luz e vida, isso faria mais em favor da Causa do que qualquer outra coisa” (ver Mary Baker Eddy Uma Vida Dedicada à Cura, de Yvonne Caché von Fettweis e Robert Townsend Warneck, p. 166). Vendo seu exemplo de mulher religiosa, mãe, sanadora espiritual, escritora e Líder do movimento da Ciência Cristã, descobri um novo significado em suas palavras publicadas e tenho uma melhor compreensão dos longos anos de experiência que ditaram cada frase que ela escreveu.

Agora, após 25 anos e mais um filho, eu ainda sinto, a cada dia, o incentivo das orientações da Sra. Eddy e, seguindo o exemplo de Jesus, compreendo que ninguém está limitado a um conjunto restrito de características ou papéis específicos determinados pelo sexo biológico. Somos todos criados por Deus, já completos, tendo um propósito. Mary Baker Eddy acreditava, e comprovou, que cada um de nós tem a capacidade de expressar a maternidade e a paternidade de Deus — a graça, a força, a paciência, a bondade e a compreensão espiritual para realizar tudo o que Deus nos inspira a fazer, e para cumprir a missão de nossa vida. 

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