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Juventude e moralidade

DO Arauto da Ciência Cristã. Publicado on-line – 25 de abril de 2022


Os redatores do Journal me pediram para escrever este artigo. Passei algum tempo meio sem rumo, pensando apenas nos artigos sobre juventude e moralidade que eu não queria escrever. Como aqueles que são críticos e cheios de reprimenda. Ou os do tipo “eu avisei”. Ou ainda aqueles “Uau! os valores morais realmente caíram por terra”. Por outro lado, eu também não queria escrever um do tipo “vamos manter a mente aberta em relação ao que os outros fazem”.

Então lembrei-me de uma passagem tão profunda em seu significado, que praticamente convida o pensador a ir mais fundo em sua reflexão. É do livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de autoria de Mary Baker Eddy. “Só as alegrias mais elevadas podem satisfazer os anseios do homem imortal” (p. 60). As últimas palavras chamaram minha atenção: “os anseios do homem imortal”. Devido a meu estudo da Bíblia, eu sabia que o homem imortal é a expressão de Deus, perfeita e sem pecado. Deus criou o homem à Sua imagem e semelhança, completo em todos os aspectos, incluindo todo o bem, sem nada lhe faltar. Então, o que é que falta ao homem imortal, pelo que ele precise almejar?

À medida que eu refletia sobre isso, comecei a analisar mais profundamente o conceito de homem imortal. Sempre usei palavras adequadas, metafisicamente precisas, para falar ou escrever sobre o assunto. Mas algo a respeito de meu conceito de homem não parecia estar totalmente correto. Eu não havia levado em consideração o fato de que o homem de Deus é dinâmico. Além disso, o homem que anseia não tem nada de estático! Comecei a ver vitalidade e poder na verdadeira natureza do homem. É um erro pensar que nossa escolha esteja entre ser um indivíduo entediante, que não tem anseios, e um cheio de vigor, que às vezes até anseia pelo mal. O homem real, nossa verdadeira identidade, é cheio de vigor e anseia pelo bem.

Quando pesquisamos a Bíblia e os escritos da Sra. Eddy, vemos que trazem à tona conceitos intimamente relacionados ao anseio. Por exemplo, Cristo Jesus fala de fome e sede. A Sra. Eddy fala sobre o desejo sincero, a lealdade e o afeto. Se você fizer essa pesquisa, observe que ninguém está pedindo ao leitor que se livre dos afetos, que se oponha a satisfazer um desejo correto, que ignore os famintos, ou negue o anseio pelo bem. Aliás, ela aconselha exatamente o contrário.

Por exemplo, um trecho de Ciência e Saúde diz: “O desejo é oração; e nenhuma perda pode ocorrer por confiarmos nossos desejos a Deus, para que sejam moldados e elevados antes de tomarem forma em palavras e ações” (p. 1). A Bíblia não nos pede para nos livrarmos dos afetos, mas sim para deixarmos que os afetos sejam enriquecidos (ver Manual da Igreja, de Mary Baker Eddy, Cap. VIII, Art. 4o). Devemos ter fome e sede de justiça, pois seremos saciados (ver Mateus 5:6). Essas ideias que eu havia encontrado em meus estudos eram maravilhosamente encorajadoras. O desejo realmente é oração. O desejo em seu sentido mais verdadeiro é anseio espiritual.

O desejo de ser alguém, de viver uma vida cheia de brilho com esplendor artístico, por exemplo, ou excelência atlética, é maravilhoso. A fome de amar e de ser amado é natural e merece ser alimentada. O anseio que cada um de nós tem, ou seja, o desejo de ser a expressão plena e realizada de Deus, é um anseio verdadeiro e correto. A verdade espiritual do existir do homem é vista humanamente em um desejo natural pelo bem em nosso dia a dia.

No entanto, embora fortes desejos e anseios não sejam necessariamente algo ruim, há algo de muito errado na afirmação da mente carnal, de que ela tenha condições de satisfazer nossos desejos. A mente carnal não tem esse poder.

A mente carnal — um termo bíblico — refere-se a uma mentalidade totalmente egoísta e depravada, e que é também completamente falsa. A visão básica dessa mente, assim chamada, é de que a vida é física, sem Deus e, em última análise, sem significado. Partindo dessa premissa equivocada, a mente carnal conduz a conclusões erradas, levando o desejo honesto a naufragar nesse processo.

A mente carnal tentaria desvirtuar um desejo — distanciando-o do que é natural, bom e saudável — tornando-o perverso. Por exemplo, o desejo de desempenhar-nos da melhor maneira possível, em tudo o que fazemos, é bom. Contudo, a mente carnal tenta distorcer esse desejo, levando-nos a querer ter êxito em massacrar o inimigo em um jogo de videogame extremamente violento ou em uma gangue de rua. O desejo de vencer a solidão e ter amigos chegados é ótimo. As “soluções” encontradas pela mente carnal para realizar esse desejo, isso sim poderia levar alguém a fazer coisas tolas, como ficar obcecado por comida ou usar drogas na esperança de ser aceito em um ambiente social.

A sensação de vazio é uma inclinação típica da mente carnal: levar-nos para a escuridão, o egoísmo, para longe de uma realização positiva. Essa nunca é, no entanto, a inclinação natural do homem, a sua ou a minha! É normal que cada um de nós tenha um desejo profundo, tenha fome e sede por aquilo que é verdadeiramente o bem. É natural que cada um de nós anseie pelo amor do Amor divino.

Contudo, quando percebemos que o problema não está nos desejos ou anseios certos, mas sim na afirmação mentirosa da mente carnal de que ela pode satisfazer esses desejos, é preciso que nossa reação seja a de derrotar essa falsa afirmação, sem derrotar o desejo!

A moralidade, o código para o comportamento humano, a qual ajuda a nos manter no caminho correto, afastando-nos de influências nocivas — vai além de uma base humana. Aliás, a lei moral não surgiu da sociedade humana, mas da presença divina. Quando Moisés subiu ao Monte Sinai para receber os Dez Mandamentos, ele não se reuniu com o Comitê de Ética Estudantil! O que ele trouxe consigo quando desceu desse monte não foi um documento obtido por meio de debate e consenso. A lei moral dada por Deus faz bem a você e a mim. O propósito da lei moral não é manter as coisas boas distantes de nós, mas nos mostrar quais são realmente essas coisas boas e dar-nos o contexto certo para que possamos vivenciá-las.

Algumas coisas ficam obsoletas. Algumas coisas são sempre atuais. Na escola eu tive um professor que dizia que o teatro era obsoleto e deveria ser considerado morto. Então um amigo comentou que as pessoas vêm declarando que o teatro já morreu há pelo menos quatro mil anos. Com a lei moral acontece algo parecido. As pessoas a chamam de ultrapassada, desde que Moisés desceu a montanha. Mas ainda serve como um caminho necessário, por onde podemos transitar com segurança e no qual podemos ansiar e desejar o bem, e ver esse desejo de fato se realizar. Está além do alcance da mente carnal. A lei moral é o caminho, mas não o destino. O verdadeiro anseio é o que nos mantém em movimento ao longo da estrada.

Deus, o poder que cria o homem e governa o universo, é a Mente pura, é totalmente bom. A Mente divina é o oposto exato da mente carnal, é a Mente única e verdadeira, o único poder genuíno ou fonte de pensamento. É Deus, a Mente divina, quem impulsiona nossos verdadeiros desejos, anseios e interesses. Deus também é nosso mais fiel amigo. Aquilo que ansiamos por nos tornar, aquilo que na verdade já somos, nós encontramos na Mente, no Amor. A Mente que criou o homem é a Mente que conhece o homem como sua pura semelhança espiritual, que dá ânimo ao homem e o vivifica. É a Mente que sempre satisfaz e traz a completa realização ao homem, e mantém sua integridade e bem-estar.

Nosso papel é reivindicar essa Mente como a única consciência verdadeira, nossa consciência. É viver como se isso fosse verdade e ter a certeza de que é verdade — porque é verdade. Então conseguimos nos manter acima do pântano da mentalidade carnal. Vemos então como é dinâmico o homem que Deus criou, o homem que de fato anseia pelo bem.

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