Durante um período de alguns dias em 2020, notei que estava vendo estonteantes flashes de luz à noite, e que um dos meus olhos ficava enevoado durante o dia.
Lembrei-me de que vários meses antes, meu marido havia tido um problema semelhante e me dissera que algo estava interferindo com sua visão. Aconselhei-o a fechar os olhos e orar com o salmo vinte e três. Então, imediatamente orei, buscando reconhecer o que era verdade a respeito do que ele é em Deus — uma ideia espiritual, não um ser mortal em um corpo material imperfeito e envelhecido, separado de seu Princípio divino, Deus. Eu me aferrei diligentemente a essas verdades. Então meu marido cochilou por cerca de meia hora, levantou-se e disse que estava se sentindo bem. O problema não retornou mais, até que eu também apresentei sintomas semelhantes. Eu havia esquecido completamente que isso acontecera com ele.
Vieram-me à lembrança conversas com conhecidos que haviam se submetido a várias cirurgias. Ouvindo esses relatos, admito que eu havia me sentido um pouco presunçosa, feliz por não necessitar passar por essas experiências. Agora eu estava me dando conta de que precisava reconhecer como falsa a crença de que qualquer pessoa — quer pratique a Ciência Cristã, quer não — possa ser vulnerável às alegações de envelhecimento. Compreendi a verdade de que o Espírito, Deus, cria e mantém o homem (todos nós) e que, portanto, o homem é totalmente livre, ele não é vulnerável a nenhuma alegação de doença.
Nesse período eu estava lendo de capa a capa o livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, escrito por Mary Baker Eddy, e por um momento me preocupei por não saber se conseguiria concluir a leitura. Pensei nas palavras da Sra. Eddy: “Seja qual for o teu dever, podes cumpri-lo sem te prejudicares” (Ciência e Saúde, p. 385), e decidi continuar a leitura, sem ter medo de que estivesse forçando os olhos. Reconheci que a leitura do livro-texto era um dever, não no sentido de uma tarefa, mas de uma dívida de gratidão à Sra. Eddy por escrevê-lo — e a Deus por ser a fonte das ideias contidas no livro. Essa gratidão abrandou o medo que eu sentia, e continuei lendo.
Várias das declarações que eu havia lido naquele período se destacaram. Li novamente: “Toda lei da matéria ou do corpo, que se supõe governar o homem, fica nula e sem efeito graças à lei da Vida, Deus. Por não conhecermos os direitos que Deus nos deu, submetemo-nos a decretos injustos, e os conceitos errados da educação impõem essa escravidão” (pp. 380–381). Reli também: “O homem tem o direito moral de anular uma sentença injusta, sentença que jamais foi imposta pela autoridade divina” (p. 381). Percebi que, como a lei da justiça de Deus é uma lei de saúde, do bem e de alegria, eu tinha o direito — com as ferramentas da Ciência — de “anular” essa sentença injusta sobre minha própria capacidade de ver.
Esses pensamentos eram poderosos e encorajadores. Minuto a minuto, aferrei-me à regra da justiça divina, e fiz tudo o que tinha para fazer naquele dia. Naquela noite, senti-me reconfortada pelas palavras do quinto verso do hino 590 do Christian Science Hymnal, Hymns 430–603 [Hinário da Ciência Cristã, Hinos 430–603]. Pensei nestas palavras na hora de ir para a cama, e as repeti para mim mesma todas as vezes que despertei durante a noite:
O Deus da justiça vem para salvar;
Que a terra cante;
Pois Deus julgará com justiça
E governará com equidade.
(Ruth Duck, Words © 1986 GIA Publications, Incorporated, trad. © CSBD)
O primeiro verso parecia um resumo de todas as citações que eu havia lido sobre justiça.
Naquela época, eu estava angustiada com questões de justiça social que estavam vindo à tona em meu país, os Estados Unidos. Senti que podia confiar no fato de que a justiça salvadora vinda de Deus governa todas as minhas atividades e minha vida, e lideraria também meu país e todo o povo rumo ao progresso. Eu estava pronta para descartar a falsa alegação de visão imperfeita (e pensamentos de ansiedade, preocupação e medo) que não faz parte do plano infinito, perfeito e coerente da Mente, que é Deus. Eu também estava pronta para confiar no fato de que Deus governará e sempre governa.
Comecei a compreender que o governo de Deus, a justiça infalível de Deus — e não a de um partido político em particular — era o que eu necessitava buscar e reconhecer.
Com essa constatação, não tive mais problemas de flashes de luz nos olhos, nem visão fragmentada. Estou muito, muito grata por essa cura, e pela nova compreensão sobre a poderosa ideia de que “o Deus da justiça vem salvar”.
Anne Whidden
Nova York, Nova York, EUA