A liberdade fundamental, que sempre podemos reivindicar para nós mesmos, é um direito divino, não humano. É o direito de estarmos atentos à orientação de Deus, ouvirmos essa orientação, atendê-la e, com isso, sermos abençoados e abençoar os outros. Como frequentemente ilustram os artigos e testemunhos publicados nesta revista, essa orientação divina é um essencial ponto de partida para a solução de problemas. Isso é verdade tanto em nível pessoal, como em um nível mais abrangente, para podermos ajudar nosso próximo, seja localmente ou ao redor do mundo.
Nosso direito de sermos guiados por Deus não depende da legislação, seja contra ou a favor, nem é reivindicado em protestos de rua. Ele consiste em assumirmos um posicionamento individual em favor da liberdade de ser o que já somos espiritualmente — a semelhança de Deus, a expressão da Mente divina — contrariando a tendência da mente humana de esquecer essa liberdade dada por Deus.
Talvez algumas pessoas digam que o direito de estar atento à orientação de Deus não é um direito propriamente dito, pois acreditam que não exista nenhum Deus para nos dar tal orientação. No entanto, muitas pessoas que costumam orar já vivenciaram o oposto, ou seja, já receberam a orientação de uma fonte divina que está sempre se comunicando conosco, oferecendo intuição espiritual e percepção transformadora. Temos ideias inspiradas, quando a oração desperta o pensamento dormente ou acalma as ondas da obstinação. Estar atentos à verdadeira ideia espiritual sobre o que somos e sentir-nos por ela motivados leva a resultados libertadores e sanadores, como Jesus provou de modo tão eficaz.
Essa ideia espiritual é como Deus comunica a Si mesmo, é o Cristo sanador, que transmite aquilo que é divinamente verdadeiro. O Cristo impele tanto as palavras inspiradas quanto o silêncio oportuno; delineia a ação amorosa e refreia a impulsividade; traz à luz o governo da Mente divina e expõe a falsidade de qualquer alegação de que haja outra mente inferior, supostamente capaz de tirar de Deus as rédeas do governo.
Estarmos abertos à mensagem do Cristo, quanto ao que é espiritual e verdadeiro, é essencial para vivenciarmos a liberdade que nos é concedida por Deus, visto que a ação restritiva da mente humana simula a atividade libertadora da Mente divina. Pode parecer difícil perceber a diferença entre a persistência divinamente fundamentada e a opinião pessoal obstinada, ou entre a poderosa humildade de aceitar o fato de que somos o reflexo de Deus, e a autodepreciação errônea e limitante da mente humana.
A Bíblia oferece uma orientação muito útil para diferenciarmos a espiritualidade em oposição à tendência material. Está na parábola de Jesus a respeito de um campo no qual o joio (erva daninha) é semeado pelo inimigo, em meio à boa semente (ver Mateus 13:24–30). Quando os servos falam em arrancar as plantas daninhas, o dono do campo recomenda que eles tenham paciência e esperem que ambas as plantas cresçam, para que a diferença entre elas seja percebida. Então o joio poderá ser arrancado e jogado fora, e todo o trigo recolhido.
Observar essa parábola através da lente da Ciência Cristã torna-a mais clara. Podemos considerar que o campo, com o joio e o trigo, representa a consciência humana. É aí que nossa espiritualidade totalmente harmoniosa, que manifesta a Mente, parece se misturar e se incorporar às percepções e aos impulsos discordantes, fundamentados na matéria. Podemos pacientemente esperar que o Cristo, a Verdade divina, atuando na consciência humana, nos capacite a distinguir claramente o joio do trigo e enxergar o campo — a consciência — como de fato é, ou seja, como o reino dos céus. Esse reino celestial é identificado, em uma definição espiritualmente inspirada, no livro-texto da Ciência Cristã, como o “…reino da harmonia na Ciência divina; o âmbito da Mente onipotente, infalível e eterna; a atmosfera do Espírito, onde a Alma é suprema” (Mary Baker Eddy, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 590).
Nossa verdadeira consciência, portanto, não tem “ervas daninhas”. É independente de pensamentos temporais, irreais, mutáveis, imperfeitos, desarmoniosos e autodestrutivos, e está repleta de pensamentos eternos, verdadeiros, imutáveis, perfeitos, harmoniosos e autoexistentes. Lemos em Ciência e Saúde: “Essas qualidades opostas são o joio e o trigo que em realidade nunca se misturam, embora (à vista mortal) cresçam juntos até a colheita; então a Ciência separa o trigo do joio, pela compreensão de que Deus está sempre presente e de que o homem reflete a semelhança divina” (p. 300).
Cada um de nós tem a capacidade inata, como filho amado de Deus, de perceber a presença de Deus e de compreender que somos todos a verdadeira semelhança dEle, e assim separar o trigo do joio. Essa separação, que traz à luz nossa verdadeira natureza divina, dissipa o pensamento materialista. Então discernimos a orientação sábia que sempre recebemos da Mente, Deus, e que nos liberta dos comandos equivocados da mente humana, para que possamos melhor ajudar outros a vivenciar essa mesma liberdade.
Tony Lobl
Redator-Adjunto