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“A paz terás”

DO Arauto da Ciência Cristã. Publicado on-line – 17 de agosto de 2023


Um dos amados hinos de Mary Baker Eddy declara:

P’ra te guiar, só no Amor
   Confiarás.
Com treva ou luz ao teu redor,
   A paz terás.
(Hinário da Ciência Cristã, 160, trad. © CSBD) 

Será que existe alguém nesta nossa querida terra que não anseie por mais paz? Com certeza, a ideia de que “a paz terás” em todas as circunstâncias — “com treva ou luz” — é uma promessa profundamente reconfortante. Mas, olhando essa promessa mais de perto, constatamos que ela inclui uma condição: “só no Amor confiarás”. Precisamos ser guiados pelo Amor, Deus, o Princípio divino do Cristianismo do Cristo, para sermos abençoados com essa paz. A Sra. Eddy escreve: “O Princípio da Ciência Cristã demonstra paz” (The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Outros Textos], p. 279). 

A obediência a essa regra do Amor abre o caminho para compreendermos e vivenciarmos a indestrutibilidade da paz, “com treva ou luz”. Todos nós temos oportunidades infinitas para provar isso. Mas há uma oportunidade que nunca esqueci, ocorrida há muitos anos, durante um passeio com meu querido cachorro, o Luke. Era um brilhante dia de primavera, e eu estava ponderando sobre a ideia de que Deus é Um e Uno, de Ele ser Tudo, e de eu estar unida a Ele. Tudo o que eu estava sentindo era a mais pura paz.

 Havia ido até um pouco mais longe do que o habitual, naquele dia, e acabei chegando a um beco sem saída em que nunca estivera antes. Logo ouvi alguém gritando comigo, dizendo para eu dar meia-volta, sair dali e levar o cachorro embora. A raiva da mulher, que parecia especialmente estridente, em contraste com a beleza e a tranquilidade daquele dia, soou como um súbito estrondo de trovão. Atravessei para o outro lado da rua, sentindo a necessidade de orar, até que minha paz fosse restaurada.

 Eu estava perfeitamente ciente do fato espiritual de que, em realidade, a paz não poderia ser perdida. Sabia que a paz não era uma condição da mente humana, mas uma qualidade impessoal e sempre presente da Alma, Deus, refletida por toda a criação. No entanto, esse fato espiritual, naquela hora, pareceu meramente teórico — meras palavras — enquanto eu me sentisse agitada e não sentisse a paz universal, inseparável de Deus que, na verdade, estava sempre envolvendo tanto aquela mulher que parecia tão irracionalmente zangada, quanto a mim.

Fazia já bastante tempo, eu vinha me empenhando em compreender e viver da melhor maneira possível a explicação fundamental da Sra. Eddy a respeito da impecável obra de cura de Cristo Jesus. No livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, ela escreveu: “Jesus reconhecia na Ciência o homem perfeito, que lhe era visível ali mesmo onde os mortais veem o homem mortal e pecador. Nesse homem perfeito o Salvador via a própria semelhança de Deus, e esse modo correto de ver o homem curava os doentes. Assim, Jesus ensinou que o reino de Deus está intacto e é universal, e que o homem é puro e santo” (pp. 476–477).

Com base nessa explicação extremamente profunda, acerca do método de cura de Jesus, fica claro que ver aquela mulher como uma mortal pecadora seria identificar a mim mesma também como uma mortal pecadora, separada do Amor e de sua semelhança e, portanto, totalmente incapaz de ver ou amar o homem espiritual e real criado por Deus. Isso porque, para os sentidos materiais, a matéria e os mortais pecadores são a única realidade.

Mas, ao me identificar corretamente “na Ciência”, ou seja, como a filha e a semelhança do Espírito, o Amor divino, eu pude, por meio do senso espiritual, e até certo ponto, enxergar por trás do véu ilusório da mente mortal que parecia definir aquela mulher. Então pude mentalmente contemplar sua verdadeira identidade espiritual, inseparável do Amor — exatamente no mesmo lugar onde um pecador mortal parecia estar diante dos supostos e irreais sentidos materiais. Não me lembro de quanto tempo fiquei ali, mas finalmente senti a mesma paz que havia sentido antes de entrar naquela pequena rua.

Então, de repente, ouvi uma voz doce exclamar: “Ó, que cachorro lindo! Posso acariciá-lo?” Era a mesma mulher, e foi como se ela estivesse me vendo pela primeira vez! Atravessei de volta para o lado dela e tivemos uma conversa muito agradável — enquanto ela acariciava o Luke. Então, inesperadamente, ela começou a desabafar sobre alguns problemas pelos quais estava passando, e eu pude lhe falar sobre o grande amor e carinho que Deus tem por ela. Foi um encontro precioso. 

Depois dessa experiência, como fizera antes, continuei no empenho de ver toda a criação “na Ciência”, para ver a realidade espiritual que o Amor divino cria e mantém — não apenas em situações de ofensas, mal-entendidos ou desacordos, mas independentemente de onde eu estivesse ou do que estivesse fazendo. Ficou claro que Jesus não percebia a perfeita criação espiritual de Deus apenas quando a cura era necessária. Ele vivia permanentemente consciente da eterna realidade espiritual, que está completamente separada da falsa suposição de vida material. Plenamente consciente de sua união ininterrupta com o Pai, o Amor divino, ele sempre enxergava por trás da ilusão de uma criação material, que nunca era real para ele. Como nosso “humano e divino Mestre” (Mary Baker Eddy, Escritos Diversos 1883–1896, p. 187), Cristo Jesus nos foi enviado pelo Pai para exemplificar a perfeita coincidência de humanidade e divindade.

Minha oração não tinha como objetivo apenas praticar a verdade a respeito de minha própria união com o Amor e reconhecer os outros apenas como Deus os vê, cada um sendo a expressão perfeita do Cristo que Deus está perpetuamente revelando, mas também tinha de rejeitar a mentalidade material que só consegue ver um “homem mortal e pecador”. Constatei que reconhecer a presença de uma única Mente, em minhas interações diárias com as pessoas, poderia aprofundar e rapidamente mudar o curso e o caráter de muitas conversas e experiências. Esforçar-se para praticar diariamente a arte de reconhecer “na Ciência o homem perfeito” abre o caminho para podermos enfrentar desafios maiores. Talvez possamos dizer que Deus sempre nos mantém “em treinamento”, a fim de que possamos ver uns aos outros como Ele nos criou.

Aliás, cerca de cinco anos depois de minha experiência com aquela mulher, constatei que meu “treinamento” fora bem proveitoso, porque me vi envolvida durante muitos meses em um difícil caso judicial envolvendo interrogatórios e depoimentos presenciais. 

Mas a beleza de qualquer regra genuinamente científica, por mais simples que seja, é que, tal como a matemática, ela é aplicável em qualquer nível de dificuldade. Na Bíblia lemos: “…Cristo em vós, a esperança da glória…” (Colossenses 1:27), e foi esse Cristo, a influência do Amor divino na consciência humana, que me permitiu manter em mente a imagem e semelhança da criação de Deus, ao longo dessa experiência. E isso sustentou minha paz.

Todavia, é importante observar aqui que esse não foi um caso de “Paz, paz; quando não há paz” (Jeremias 8:11) ou de uma “paz conveniente e falsa” (ver The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Outros Textos], p. 211), que nos advém como resultado de ignorar o pecado. Como na experiência mencionada anteriormente, a paz que senti no coração veio do fato de que deixei o Amor destruir tanto o pecado quanto a crença em um “homem mortal e pecador”. O resultado foi que a injustiça cedeu lugar à justiça, foram feitos os devidos ajustes e o caso foi encerrado. Ficou claro que a força de vontade, a energia depravada da mente carnal que destruiria nossa paz, não resistiu perante o Espírito Santo, a Ciência divina, a energia dinâmica e a vontade do Amor infinito. Com muita simplicidade, Ciência e Saúde declara: “A Ciência Cristã silencia a vontade humana…” (p. 445).

“Deixo-vos a paz”, disse nosso Mestre aos discípulos, pouco antes da crucificação, “a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo” (João 14:27). Realmente, a paz de Cristo Jesus não era mundana, não estava condicionada por circunstâncias externas. A perseguição brutal e a dolorosa ingratidão que ele suportou teriam tornado impossível vivenciar a paz, se ele acreditasse que esta dependia das circunstâncias e da evidência dos sentidos físicos. Não, a paz que ele estava deixando conosco era a paz intocável — o reino dos céus já dentro de nós — que é compreendido por meio da demonstração de nossa união com o Amor, nossa própria filiação com Deus, que é o Pai de todos.

O fato científico é que a verdadeira paz na terra só pode ser compreendida e alcançada no contexto de uma única Mente, um único Pai de toda a criação — nunca no erro de uma mente separada de Deus, que abre a porta a vontades conflitantes, opiniões e potencial despotismo. Em uma declaração irrefutável, que revela a coincidência da Mente divina com o gênero humano, bem como a perfectibilidade da humanidade, a Sra. Eddy escreve: “Deve-se compreender plenamente que todos os homens têm uma Mente única, um único Deus e Pai, uma única Vida e Verdade e um único Amor. O gênero humano se tornará perfeito à proporção que esse fato ficar evidente, as guerras cessarão e a verdadeira fraternidade do homem será estabelecida” (Ciência e Saúde, p. 467).

No momento, o mundo visto pelas lentes do senso material parece, muitas vezes, estar muito aquém desse ideal. Mas o Mestre nos mostrou a visão real, o reino espiritual visível ao senso espiritual, à consciência concedida por Deus. Ele demonstrou plenamente, por meio de seus ensinamentos abrangentes e obras de cura incomparáveis, a nulidade da matéria e do mal e o fato de que Deus, o bem, é Tudo.

 Por isso, apesar dos argumentos do mal, tais como, ódio, egoísmo, luxúria, hipocrisia, manipulação mental, ignorância, inanidade, vingança, malícia, inveja, ganância, depravação e crueldade, e apesar da aparência de desastres naturais, doenças, terrorismo e guerra, a mensagem de paz demonstrada por Jesus permanece para sempre como nosso ideal, assim na terra como no céu — um ideal a ser demonstrado por todos, ou seja, cada um de nós. Essa é uma meta passível de ser alcançada, se estivermos dispostos, tal como Paulo, a ver o velho homem “crucificado com ele [Jesus]” (ver Romanos 6:6), sendo que o velho homem representa a crença em uma individualidade e identidade separadas de Deus, que é a única fonte de paz genuína. A verdadeira identidade que temos agora mesmo só pode ser revelada por meio da renúncia ao ego — por meio da disposição de renunciar a tudo o que compõe o “velho homem”, o chamado homem material. Nada mais pode levantar o véu da matéria e revelar a união original com o Amor, a qual nos permite demonstrar nossa identidade perfeita.

 Com esse objetivo, cada um de nós tem de lidar com o pecado — particularmente com o erro fundamental da origem material, abolido pelo nascimento virginal de Jesus. Precisamos de humildade para permitir que a luz da Verdade nos mostre as crenças falsas e materiais que são as únicas coisas a serem crucificadas.

 Quando a turbulência e o caos da mente mortal parecem esmagadores, podemos lembrar que nosso querido Mestre não apenas nos deixou sua paz — a verdadeira e divina paz que não é a que “o mundo dá”, mas também deixou as seguintes palavras de conforto: “Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (João 14:27). Porque, como Jesus mostrou a todos nós, essa paz é nossa para sempre. 

Realmente, 

P’ra te guiar, só no Amor
   Confiarás.
Com treva ou luz ao teu redor,
   A paz terás.

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