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Como conheci a Ciência Cristã

Quando me senti no deserto, fui conduzida ao Cristo

DO Arauto da Ciência Cristã. Publicado on-line – 23 de janeiro de 2023


Lemos no Evangelho de Marcos: “voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas” (1:3). Em seu livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, Mary Baker Eddy apresenta esta definição de deserto: “Solidão; dúvida; escuridão. Espontaneidade de pensamento e de ideia; o vestíbulo onde um senso material das coisas desaparece, e onde o senso espiritual desdobra os grandiosos fatos da existência” (p. 597). Essas passagens me fazem lembrar da experiência pela qual passei ao abandonar uma carreira na área médica para me dedicar ao estudo e prática da Ciência Cristã.

Para mim, trabalhar na área médica estava fazendo com que eu me sentisse cada vez mais em um deserto. Experimentando uma crescente insatisfação, e tendo dúvidas em relação ao que havia estudado durante anos, eu estava me sentindo sozinha, e até mesmo amedrontada. Depois de tomar conhecimento do que a Ciência Cristã ensina, eu não sabia o que fazer com minha nova compreensão. Mas, pelo menos eu podia entender a razão de eu estar com dúvidas quanto à minha atividade na área da medicina. Além disso, dei-me conta de que até aquele momento eu não tinha a mínima noção de quem eu realmente era, e menos ainda de que eu era espiritual.

Aprendi que o homem (a verdadeira individualidade de cada um de nós) é o puro reflexo de Deus, a Alma, e que, portanto, o homem é isento de pecado, e tem uma perfeita e única identidade espiritual. Visto que o homem reflete a Deus espiritualmente, o homem não é constituído por um corpo material, nem é obrigado a se submeter à matéria; ele não está sujeito à desarmonia ou à morte, e é incapaz de pecar e de sofrer. Tudo isso me parecia maravilhoso!

As ideias que eu estava aprendendo faziam muito sentido para mim. Elas não apenas me tocavam e despertavam meu pensamento, mas também respondiam aos meus questionamentos e satisfaziam aos meus anseios mais profundos, levando até à mudança dos meus objetivos. Eu me sentia, porém, no escuro quanto ao que fazer naquele momento, sem saber como seguir em frente. Devido a esses novos conhecimentos a respeito da natureza de Deus, e ao impacto prático que eles estavam tendo em minha vida, eu não queria continuar a trabalhar na área médica. Mas será que eu poderia simplesmente abandonar minha carreira?

Apesar do esclarecimento que eu estava encontrando na verdade da Ciência Cristã, esse se tornou um período escuro de incertezas para mim. Então, um antigo problema físico se agravou a tal ponto que acabei internada em um hospital, no setor de pré-operatório, para uma cirurgia de emergência. Eu me sentia em um verdadeiro deserto.

A equipe médica começou a me preparar para a cirurgia, e então se retirou para cuidar de outros pacientes. Deitada ali, fui invadida por uma agradável sensação de serenidade — diferente de sonolência, pois eu estava bem alerta e desperta. Então ouvi mentalmente uma voz recitando o Salmo 91. Eu me esqueci de tudo à minha volta, e fiquei apenas escutando. Nada mais parecia estar presente, a não ser aquelas poderosas palavras. Os dois últimos versículos do Salmo dizem: “Ele me invocará, e eu lhe responderei; na sua angústia eu estarei com ele, livrá-lo-ei e o glorificarei. Saciá-lo-ei com longevidade e lhe mostrarei a minha salvação” (versículos 15, 16). Era como se Deus estivesse estendendo a mão para mim, e uma voz estivesse dizendo: “Venha, vou lhe mostrar que está tudo bem”. Senti uma confiança de modo mais forte do que jamais havia sentido.

Eu estava perfeitamente lúcida e desperta — e sabia que estava curada. Levantei-me e pedi para assinar os papéis de alta hospitalar, assumindo inteira responsabilidade por isso. A equipe do hospital percebeu a diferença em mim, concordando que eu poderia sair e dirigir sozinha em segurança. Eu me vesti e fui para o meu carro, mas não fui para casa. Em vez disso, dirigi por cerca de 650 quilômetros até a casa de uma amiga que, algum tempo antes, havia compartilhado comigo ideias contidas no livro Ciência e Saúde. Eu necessitava desse livro e de minha Bíblia. Ela me deu um exemplar de Ciência e Saúde e minha mãe, que morava perto dali, me convidou para ficar em sua casa.

Só voltei ao meu antigo emprego na área médica para buscar meus pertences e assinar os papéis de rescisão de contrato. Eu me sentia tal qual uma criancinha. Eu me sentia segura, e sabia que podia confiar nessa nova orientação, sem precisar saber o que iria acontecer a seguir, ou como eu faria para me manter sem aquela renda. Nem eu nem minha mãe tínhamos uma grande reserva financeira. Mas ela também percebeu que algo muito especial deveria ter acontecido comigo, e ela estava grata por eu estar me sentindo bem e sem nenhum sinal do antigo problema físico.

Durante os nove meses seguintes não fiz muita coisa, a não ser ler Ciência e Saúde. Comecei a gostar cada vez mais do meu deserto, que agora estava se tornando aquela “…espontaneidade de pensamento e de ideia; o vestíbulo onde um senso material das coisas desaparece, e onde o senso espiritual desdobra os grandiosos fatos da existência”.

Deus estava me mostrando Sua salvação. Eu havia encontrado meu Salvador, o Cristo, que é definido no livro Ciência e Saúde como: “A divina manifestação de Deus, que vem à carne para destruir o erro encarnado” (p. 583). Tal qual aquele que “clama no deserto”, eu estava preparada para receber o Cristo, a Verdade, essa compreensão verdadeira a respeito de Deus. Eu estava preparada para, por assim dizer, segurar a mão de Deus, que é o Amor, e confiar nesse poder que estava revelando para mim o que eu realmente sou.

Comecei a frequentar uma filial da Igreja de Cristo, Cientista, e verdadeiramente fui conduzida ao lar! Nove meses depois, comecei a trabalhar em uma instituição de enfermagem da Ciência Cristã e a fazer o treinamento para me tornar uma enfermeira da Ciência Cristã.

Foi um afastamento considerável da minha formação e experiência na área médica. Embora na enfermagem da Ciência Cristã sejam oferecidos cuidados práticos por profissionais habilidosos, o trabalho tem por base a espiritualidade, estando completamente de acordo com a teologia da Ciência Cristã; esse cuidado está disponível para todos os que desejam se apoiar na Ciência Cristã como tratamento para obter a cura.

Quando me tornei enfermeira da Ciência Cristã, reconheci mais amplamente que fora a minha experiência de me sentir no deserto que me conduzira à gloria que Mary Baker Eddy descreve com tanta beleza: “Assim como os filhos de Israel foram guiados triunfalmente através do Mar Vermelho, o sombrio fluxo e refluxo das marés do medo humano — assim como foram conduzidos através do ermo terreno, caminhando cansados pelo grande deserto das esperanças humanas, antegozando a alegria prometida — da mesma forma, a ideia espiritual guiará todos os desejos corretos na sua passagem dos sentidos para a Alma, de um senso material de existência para o espiritual, elevando-os à glória preparada para aqueles que amam a Deus” (Ciência e Saúde, p. 566).

Depois disso, eu me tornei praticista da Ciência Cristã, devotando meu tempo integralmente à cura espiritual. Atualmente, sou também professora da Ciência Cristã. Ainda tenho muito apreço pela experiência em que me senti no deserto, pois foi o que me levou a segurar a mão de Deus e começar a testemunhar Sua glória.

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