Logo depois de entrar na faculdade, eu percebi que desejava expressar mais a minha própria individualidade. Essa vontade me levou a comprar um casaco de lã que ia até o tornozelo e um par de botas de estilo militar em uma loja de itens usados — as duas coisas em um tamanho muito maior que o meu. Depois da primeira vez que fui de bicicleta para a aula, em um dia chuvoso, o casaco ficou encharcado e pesado, e os bicos das botas se curvaram para cima, ficando iguais a sapatos de elfos. Esse não era exatamente o visual que eu estava procurando.
Apesar de achar que o novo estilo que eu pretendia adotar tinha tudo a ver com quem eu era, na verdade não estava satisfeito por estar tão focado em mim mesmo — embora não soubesse exatamente por quê. Mas eu logo descobriria.
Quando criança, eu havia frequentado a Escola Dominical da Ciência Cristã, onde aprendera que minha identidade é espiritual e que eu sou o reflexo de Deus. Com o passar do tempo, ao continuar o estudo da Ciência Cristã, aprendi mais sobre o que isso realmente significa. Comecei a reconhecer o valor de minha individualidade, que é definida não por mim, mas por Deus. Aprendi que minha individualidade é sem igual, amada e completa. À medida que me dei conta desse senso espiritual de identidade, comecei a me concentrar menos em mim mesmo, e a buscar maneiras de amar os outros, o que me levou a trabalhar em uma instituição que fica perto de minha casa, e que presta apoio a pessoas necessitadas. Também passei a frequentar a Escola Dominical da filial local da Ciência Cristã e as reuniões da organização da Ciência Cristã no campus. Eu tinha o desejo profundo de me sentir mais próximo de meu Pai-Mãe Deus.
Aprendi que estarmos mais conscientes do grande valor de nossa identidade espiritual, de nossa individualidade como filhos valiosos de Deus, inevitavelmente leva a uma liberdade mais plena para sermos quem somos. Para mim, isso significa começar a nos conhecer da forma como Deus nos conhece: como Seus filhos belos, bondosos e amados. Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras se refere à nossa individualidade espiritual nesta passagem: “O homem não é absorvido na Deidade, e o homem não pode perder sua individualidade, porque ele reflete a Vida eterna; nem é ele uma ideia isolada, solitária, pois representa a Mente infinita, a totalidade da substância” (Mary Baker Eddy, p. 259).
Muitos fatores em nossa vida talvez nos levem a pensar que precisamos nos concentrar em nós mesmos e moldar nossa própria identidade. Ou então, se fazemos parte de um determinado grupo, talvez nos sintamos despojados de nossa individualidade. Existe, porém, uma terceira possibilidade: a de nos voltarmos para uma percepção de nós mesmos que seja totalmente definida por Deus. Podemos ficar completamente satisfeitos quando compreendemos que somos propriedade e expressão do Espírito, que é outro nome para Deus. Isso inclui uma individualidade vibrante e relacionamentos significativos, o que prova que somos parte da família de Deus. Também inclui o sentimento de paz e segurança de que nossa identidade já é correta. Então, apesar de sempre podermos descobrir mais sobre quem somos realmente, não precisamos acrescentar nada à nossa identidade, e nada pode jamais ser tirado dela.
Não é preciso dizer que logo me livrei das botas e do casaco que eram grandes demais para mim. Graças ao que aprendi na Ciência Cristã, encontrei algo que combina muito mais comigo.
