Uma amiga, cujo esposo falecera havia pouco tempo, me perguntou: “Por que estou aqui?” Embora eu fosse estudante de longa data da Ciência Cristã, essa pergunta profunda me fez parar e ponderar sobre qual seria a resposta adequada.
Algumas pessoas acreditam que estamos aqui para aproveitar a vida ao máximo; outras ficam à espera da aposentadoria, quando pensam que terão liberdade para se dedicar a projetos pessoais. Com certeza, existem aqueles que se interessam genuinamente pela humanidade e se dedicam a fazer do mundo um lugar melhor para todos. Existem tantas concepções diferentes sobre o propósito da vida quanto o número de habitantes no mundo. Contudo, poderíamos nos perguntar: onde é que as pessoas buscam sabedoria sobre a vida e seu significado?
Muitos recorrem a livros. Acredita-se que a Bíblia seja o livro mais comprado no mundo, com vendas estimadas em mais de cinco bilhões de exemplares até o momento, embora esse número seja difícil de determinar exatamente, devido à grande quantidade de traduções e idiomas disponíveis. Entre os títulos não religiosos, Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, ocupa o primeiro lugar, com vendas estimadas em quinhentos milhões de exemplares. O personagem principal nessa história se considera um nobre cavaleiro andante com a missão de reviver a cavalaria e realizar atos de heroísmo, e muitos entendem que a ideia central do livro seja a busca do homem pelo significado da vida.
Há muito tempo a Bíblia é o livro mais lido no mundo, porque oferece respostas às questões mais profundas sobre a existência. A pergunta “Por que estou aqui?” é respondida inúmeras vezes nas mensagens tranquilizadoras de Deus, as quais nos asseguram que pertencemos a Ele, criados para cumprir Seu bom propósito. Por exemplo, no Antigo Testamento, Deus declara: “…povo que formei para mim, para celebrar o meu louvor” (Isaías 43:21). Séculos mais tarde, um dos escritores do Novo Testamento descreveu nossa relação com Deus do seguinte modo: “…somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Efésios 2:10).
Afirmações como essas nos infundem esperança e nos orientam. Quando um navio se prepara para zarpar, precisa de um comandante, de um propósito e de um plano de ação. Nós também precisamos disso. Deus é o comandante de nosso navio, Seu propósito define nossa rota e nosso plano de ação. No entanto, cumprir esse plano de ação no dia a dia pode parecer difícil. A humanidade tem lições a aprender e verdades a serem colocadas em prática. Essa tarefa, porém, não é um fardo. Ela se torna mais inspiradora à medida que nos afastamos do porto, por assim dizer, e nossas velas são impelidas pela glória e compreensão de Deus.
Vou contar a experiência da amiga que mencionei no início deste artigo. Sua jornada, que se iniciara com a pergunta “por que estou aqui?”, levou-a à compreensão de que “Deus tem um bom propósito para mim”. Aos vinte e poucos anos ela havia rompido relações com a mãe e passara por um divórcio difícil. Esses acontecimentos fizeram com que se sentisse desesperada e sozinha. Durante a infância e a adolescência, ela havia frequentado a Escola Dominical da Ciência Cristã. Então, naquele momento, voltou-se a Deus em oração e aprofundou seu estudo da Ciência Cristã.
Quando seu segundo marido faleceu, e ela se sentiu sem propósito na vida, uma praticista da Ciência Cristã a ajudou, por meio da oração, a ouvir aqueles pensamentos angelicais que Mary Baker Eddy descreve em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras (ver p. 298). Ao sentir mais o amor de Deus, a reação de minha amiga foi tornar-se mais ativa na filial da Igreja de Cristo, Cientista, que ela frequentava. Seus esforços sinceros para crescer espiritualmente resultaram na cura do desentendimento com a mãe e em uma nova vida, com maior dedicação à Ciência Cristã e à divulgação dessa Ciência. Hoje em dia sua vida é caracterizada por um profundo senso de propósito, guiado por Deus e pelo reconhecimento e percepção da constante presença de Deus.
O seguinte trecho, escrito pela Sra. Eddy, expressa a concepção da autora a respeito de uma vida guiada por um propósito realmente sincero: “O verdadeiro Cientista Cristão realça constantemente a harmonia, em palavras e em obras, mental e verbalmente, repetindo em perpetuidade este diapasão celestial: ‘O bem é meu Deus, e meu Deus é o bem. O Amor é meu Deus, e meu Deus é o Amor’.
“Amados alunos, vós começastes a andar pelo caminho. Nele perseverai com paciência; Deus é bom, e o bem é a recompensa de todos os que diligentemente buscam a Deus. …
“Durante vossa jornada, ao suspirar, às vezes, por alívio ‘junto das águas de descanso’, ponderai essa lição de amor. Aprendei seu propósito; e, na esperança e na fé, onde os corações se encontram e se abençoam reciprocamente, bebei comigo as águas vivas do espírito do propósito da minha vida — inculcar na humanidade o verdadeiro reconhecimento da Ciência Cristã, praticável e atuante” (Escritos Diversos 1883–1896, pp. 206–207).
“Por que estou aqui?” deixa de ser uma pergunta sem resposta, quando atendemos ao chamado para sermos seguidores de Cristo. Há sempre mais a ser feito. Uma nova batalha a ser vencida, uma nova vitória sobre o mal — não apenas sobre o pecado, mas também sobre a doença. Quando decidimos nos dedicar com sinceridade ao estudo e à prática da Ciência Cristã, portas se abrem. Sim, haverá montanhas espirituais a escalar, oceanos a explorar e muros a serem derrubados. Mas, a boa notícia é que sempre estaremos plenamente empregados, em boa companhia e profundamente satisfeitos.
Quando nos dispomos a deixar que nossos desejos “sejam moldados e elevados” por Deus (ver Ciência e Saúde, p. 1), e a colocar de lado opiniões e julgamentos humanos, Deus, o bem, nos mostra o caminho a seguir. Ele sempre cumpre Suas promessas. E esse é um bom motivo para vivermos em consonância com Deus, com a Vida divina. Então, nunca mais precisaremos perguntar: “Por que estou aqui?” Saberemos que estamos aqui para ter uma vida significativa, com Deus ao leme de nosso navio.
