Certa noite de junho, serena e estrelada, um grupo de estudantes reuniu-se na escada da capela do seu colégio, a fim de dar aos graduandos da classe superior a oportunidade de uma despedida íntima. Entre êsses rapazes que iam partir vários expressaram gratidão pelo progresso que tinham feito. Muitos, porém, num retrospecto de suas atividades no colégio, focalizaram a lembrança de oportunidades perdidas e deficiências pessoais, de tal modo que deixaram de apreciar o valor do trabalho muito meritório que tinham realizado.
Por que tomaram êsses óptimos alunos uma atitude de repreensão e depreciação de si mesmo tão facilmente, sem percebê-lo? Por que não tiveram melhor conceito de si mesmos? Sua acquiescência à sugestão de que existe bondade pessoal, com o seu corolário, a maldade pessoal, havia-lhes ocultado os fatos da individualidade espiritual.
A Christian ScienceNome dado por Mary Baker Eddy à sua descoberta (pronunciado: Crístien Çá'iens). A tradução literal destas palavras é: Ciência Cristã. elimina ambos, a depreciação de si mesmo e o egotismo, pela revelação de que a verdade sôbre o homem é a sua semelhança a Deus. Jesus, que claramente discerniu a sua unidade, ou união com Deus, foi pronto e decisivo em negar qualquer sentimento pessoal ou corpóreo de bondade. Quando alguém se dirigiu a êle chamando-o 0147 “Bom Mestre”, imediatamente repeliu tal adulação pessoal com a declaração (Marcos 10:18): “Porque me chamas bom? ninguém há bom senão um, que é Deus.” Em completo acordo com a resposta de Jesus, a Christian Science ensina que o homem não possui qualidade, atributo ou atividade próprios, mas expressa exatamente o caráter, a natureza e a atividade do seu criador, Deus.
É óbvio que um mortal não é a semelhança de Deus. Mas um mortal não é homem. Como poderiam capacidades limitadas, sentidos imperfeitos, personalidades discordantes e órgãos enfermos expressar a natureza d'Aquele “totalmente desejável”, do Deus infinitamente bom? A verdade é que não a expressam! Um mortal é apenas uma falsa crença pretendendo ser homem. Uma crença não tem entidade. Só no suposto reino da falsa crença pode surgir a tentação da depreciação de si mesmo. Ao começarmos a nos conhecer, não como mortais limitados, imperfeitos, mas como somos na realidade, imortais semelhantes a Deus, principiaremos a manifestar as acrescidas capacidades e habilidades que são naturais à individualidade espiritual. Eliminaremos assim o motivo para a condenação própria e aprenderemos a nos conhecer de maneira genuinamente cristã.
Por meio da Christian Science o Cristo revela a verdadeira natureza do homem à consciência humana. Destrói um falso senso de identidade e revela à humanidade a verdade de que a individualidade do homem é a bondade. A nossa inspirada Líder, Mary Baker Eddy, Descobridora da Ciência que sustenta as obras cristãs de Jesus, escreve no “Unity of Good” (Unidade do Bem), páginas 42 e 43: “A Verdade, desafiando o êrro ou matéria, é Ciência, desfazendo uma falsa noção e orientando o homem para o verdadeiro sentido da individualidade e Divindade, onde o mortal não desenvolve o imortal, nem o material o espiritual, mas onde as verdadeiras qualidades do masculino e do feminino seguem o seu curso no resplendor do eterno ser e suas perfeições, invariáveis e imutáveis.
A Bíblia contem numerosas e úteis narrativas da cura de timidez, falta de confiança em si mesmo, depreciação própria, graças ao descernimento da verdadeira fonte da capacidade do homem. Uma dessas narrativas refere-se à ordenação de Jeremias como profeta quando era ainda muito jovem. Perturbado por uma sensação de incapacidade devido à sua pouca idade e falta de experiência, exclamou (Jer. 1:6): “Ah Senhor Jeováh! Eis que não sei falar; porque ainda sou um menino.” Êsse protesto foi prontamente contestado e anulado, sendo Jeremias curado por esta suscitadora resposta: “Não digas que és um menino; porque onde quer que eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar, falarás. Não temas diante dêles; porque estou contigo para te livrar, diz o Senhor.” Jeremias acrescenta: “E estendeu o Senhor a sua mão, e tocou-me na boca: e disse- me o Senhor: Eis que ponho as minhas palavras na tua boca.”
O indivíduo hoje em dia que desejar despertar e reconhecer suas habilidades e domínio, doados por Deus, afirmará e reafirmará sàbiamente os fatos de sua individualidade espiritual. Por sua própria maneira individual talvez diga verdades como estas: “Como reflexo de Deus, existo para expressar irreprimida, livre e ilimitada habilidade. Manifesto espontaneidade, entusiasmo, frescura e vitalidade. Sou intrinsecamente valioso e o meu valor é conhecido de Deus e do homem.”
Todos nós temos o direito de nos conhecer como Deus nos conhece. Deus sabe que o homem é espiritualmente perfeito. Humanamente, seremos bem sucedidos à medida que reconhecermos e demonstrarmos esta perfeição. Desde que o pensamento se objetiva, precisamos ter sucesso em pensamento de forma a experimentá-lo.
O temor do insucesso é baseado na falsa premissa de que insucesso é uma coisa real que pode acontecer ou uma falsa crença de que temos defeitos que apressarão o insucesso. Ao compreendermos que Deus é atual, imediata e tangìvelmente Tudo, compreenderemos, que insucesso ou qualquer outro êrro, não importando qualquer que seja a sua aparência ao sentido material, nada é. Compreendendo que o homem é o reflexo do Deus que é Tudo, viremos a saber que na realidade não há nada que nos possa depreciar, criticar ou condenar ou que possa causar-nos insucesso. O homem não pode falhar, porque êle não pode se afastar do amor de Deus ou deixar de expressá-Lo.
As nossas capacidades e sucessos espirituais hão de se fazer sentir mais prontamente se abandonarmos a crença limitativa de que possuímos uma individualidade material, consistindo de um corpo que pode ser destruído, uma personalidade controlada por hereditariedade e meio ambiente, e uma inteligência criada materialmente. Quando, por exemplo, pensamos em nós mesmos como tendo mentes próprias, as quais poderão ser regulares, boas ou mesmo excelentes, estamos ainda pensando em nós como tendo uma mente limitada e falível. No entanto, ao reconhecermos que o homem reflete uma Mente perfeita, Deus, abrir-se-á caminho para a demonstração da inteligência infatigável e que não vacila. Ao discernirmos a união do homem com a Alma como sua expressão, saberemos a verdade espontâneamente, sem qualquer senso de esforço humano no processo. Expressaremos, sem esforço, discernimento, perspicácia e atividade. Saberemos tudo o que tivermos necessidade de saber.
O verdadeiro conhecimento de si mesmo não é a crítica de si mesmo. É compenetrar-se da sua individualidade na Ciência. Em um tal conhecimento-próprio nós nos aceitamos como idéias de Deus. Desde que Deus é Amor, nós nos conhecemos como amorosos, amáveis e amados. Porque Deus é Alma, nós nos vemos como felizes, alegres e despreocupados. Liberdade, domínio e poder nos pertencem como expressões do Princípio. Livres capacidades, qualidades apreciáveis e todas as essenciais e desejáveis características constituem a nossa individualidade como reflexo de Deus. As possibilidades do reconhecimento-próprio espiritual foram apontados pela nossa Líder.
Em seu livro “Twelve Years with Mary Baker Eddy” (Doze Anos com Mary Baker Eddy), Irving C. Tomlinson cita a nossa Líder da seguinte maneira (págs. 84, 85): “Se soubésseis a sublimidade da vossa esperança; a infinita capacidade do vosso ser; a grandeza de vossas possibilidades, deixaríeis o êrro matar-se a si próprio. O êrro dirige-se a vós pedindo vida, e vós lhe dais tôda a vida que êle possui.” Por que havemos de dar vida à moléstia e ao pecado? Na verdade, não podemos, porque a Vida é boa e não pode emprestar-se ao mal. Mas deixemos de dar vida ao êrro na crença. Temos autoridade divina para instantâneamente afastarmos o êrro, como fazia Jesus.
Um jovem estudante da Christian Science teve cura imediata de um caso sério de envenenamento causado por urtiga, sabendo que a sua verdadeira individualidade era idéia de Deus e recusando-se a ser um instrumento para a moléstia. A sugestão de que deveria sofrer por ter tocado descuidadamente numa substância reputadamente venenosa foi anulada porque sabia que na realidade êle nunca tinha consciência de descuido, veneno ou sofrimento, porém, vivia sempre e exclusivamente consciente de Deus e de Suas idéias perfeitas. Conhecendo a realidade sôbre Deus e o Seu reflexo, êle repeliu o êrro chamado envenenamento pela urtiga como sendo irreal, nada.
Jesus positivamente sabia que ele era a expressão de Deus, o bem. Referindo-se à sua individualidade espiritual, êle disse (João 10: 30): “Eu e o Pai somos um.” A nossa verdadeira entidade é também uma com Deus, como Sua expressão. Ao compreendermos melhor a união do homem com o Pai-Mãe Deus universal, perceberemos a terna e completa fraternidade do homem. Êste conhecimento da fraternidade universal é essencial à nossa salvação individual. Por que? Porque somente a compreensão do Amor e a sua família universal pode libertar-nos do interesse próprio que separa os homens. Podemos medir o nosso amor por Deus e a nossa compreensão do que realmente somos pela nossa expansão de amor pela humanidade. No nosso amor pelo homem é verificado o nosso amor por Deus. Tal amor revela a entidade imortal e nos possibilita conhecer o esplendor, a beleza, o sucesso e a grandeza do nosso verdadeiro ser.
