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ENTREVISTA

A bênção do Cristo: a Ciência Cristã no Brasil

Da edição de outubro de 2012 dO Arauto da Ciência Cristã

The Christian Science Journal


Orlando Trentini era ainda bem pequeno quando a Ciência Cristã estava surgindo no Brasil, e ele testemunhou grande parte de sua história inicial. Nesta entrevista, ele nos fala sobre aqueles primeiros dias e, ao mesmo tempo, partilha conosco algumas ideias de como a compreensão do Cristo sustenta nossa capacidade de curar. Orlando entrou para a Prática Pública da Ciência Cristã em 1969 e se tornou Professor de Ciência Cristã em 1979. Ele também trabalhou para A Igreja Mãe em Boston e foi gerente do Departamento de Traduções durante seis anos.

Descreva, por favor, como a Ciência Cristã chegou ao sul do Brasil.

As primeiras pessoas que levaram a Ciência Cristã para o Brasil eram provenientes da Alemanha, América do Norte, Suíça e Inglaterra. Entre os alemães, havia Helene Marie Von Schramm e seu marido, Otto Albert Schmidt, que se estabeleceram em Blumenau. Ali foi organizada uma Sociedade de Ciência Cristã, oficialmente reconhecida em 1932.

Como foi o período inicial de estabelecimento da Ciência Cristã no Brasil?

No início do ano de 1932, Otto Albert Schmidt atendeu a um pedido de cura vindo de um vilarejo rural encravado na mata, região hoje conhecida como Panambi, no sul do Brasil. Durante 55 dias, ele cobriu uma grande distância, sendo que a maior parte do percurso foi feito a pé. Havia muitas pessoas necessitando de cura e todas foram curadas. Entre elas, estavam os pais de minha mãe.

Como isso aconteceu?

Eles tomaram conhecimento desse sanador por meio de um primo que estivera tão doente, que orou: “Querido Deus, ou me cure ou me leve. Não quero continuar assim. Amém”. Naquela mesma semana, ele ficou sabendo de uma pessoa que havia chegado da Alemanha e estava curando pessoas por meio da oração. Ele entrou em contato com essa pessoa e, em questão de poucas semanas, ficou completa e permanentemente curado. Ele então decidiu visitar esse praticista e cobriu uma distância de 160 quilómetros a pé. O fato de ter conseguido fazer essa longa jornada prova para mim que ele foi verdadeiramente curado.

Vendo meu avô muito doente, com uma grave doença no estômago, esse primo recomendou que ele fosse conversar com o sanador. Em quatro semanas, meu avô teve uma cura completa. Ele viveu mais de 30 anos após essa cura e teve uma vida muito ativa.

Devido a essas curas, toda a família começou a estudar a Ciência Cristã.

Quais são suas primeiras lembranças da Ciência Cristã?

Eu tinha somente um ano de idade, quando minha mãe fez sua primeira visita a um Praticista da Ciência Cristã. Algumas semanas antes, ela, desesperada, havia caminhado até o rio (cerca de 5 quilômetros de sua casa), com a intenção de tomar a balsa e, em seguida, jogar-se no rio comigo em seus braços.

No instante em que ela pensou que “agora” era o momento de se jogar, uma voz interior perguntou: “Se o balseiro salvar seu filho, quem irá criá-lo”? Ela ficou assustada e começou a procurar uma possível resposta. A resposta lógica foi que o pai do menino o criaria, mas ela achou que o pai não educaria a criança para ser um homem bom e honesto. A essa altura, a balsa já havia encostado do outro lado do rio.

Ela me contou essa história quando eu era adolescente. Perguntei-lhe: “Você tentou de novo”? Ela respondeu: “Não, porque percebi que ninguém o criaria melhor do que eu, sua mãe. Portanto, decidi viver a fim de cuidar de você, para que você tivesse uma boa educação moral e académica”.

Para mim, a voz que falou a ela no rio foi a do Cristo, a mensagem de Deus para todos os Seus filhos. Ele não apenas a salvou, como a mim, também.

Ela voltou da visita ao praticista completamente curada.

Vamos falar um pouco sobre o Cristo e o que ele significa para você.

A escultura de Jesus Cristo sobre a montanha, com seus braços abertos abençoando o Rio de Janeiro, é bem conhecida e visitada por milhares de pessoas todos os dias.

Naturalmente, o Cristo vivo está sempre presente e é espiritual. O Cristo é atemporal e se comunica ao pensamento receptivo por meio de uma linguagem universal que todos podem entender. O Cristo é “a divina manifestação de Deus, que vem à carne para destruir o erro encarnado”, conforme definido em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de Mary Baker Eddy (p. 583). Eddy revelou o Cristo vivo e sanador a toda a humanidade.

Como o Cristo se relaciona a Jesus?

A compreensão de Jesus sobre o verdadeiro Cristo o capacitou a ensinar em termos simples, e a dar exemplos que eram compreensíveis aos pescadores e àqueles que trabalhavam nos campos. Ele conseguiu provar que “a divina manifestação de Deus” era real e presente. A evidência sanadora desse fato transformava a maneira de pensar das pessoas, suprindo-as com sentimentos mais puros. Ele era, e é, uma luz que brilha nas trevas, fazendo com que os corações receptivos se volvam à Verdade divina.

Então, nós também podemos aceitá-lo e sermos abençoados por ele?

Sim, naturalmente. Jesus ensinou os outros a curar e, até mesmo, enviou-os para outros vilarejos e cidades a pregar e a curar. Eles retornavam maravilhados diante dos extraordinários sinais que ocorriam por meio do trabalho deles. Para mim, essa é uma prova clara de que a mensagem que Jesus partilhou com os de pensamento receptivo durante seu ministério é para ser partilhada com aqueles ao nosso redor. Ela não é apenas para nós mesmos.

Um pouco antes de ascender, Jesus disse a seus discípulos: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos 16:15).

Você tem algumas ideias de como essa luz do Cristo pode nos ajudar nos dias de hoje?

Em nossa época, como em todas as demais, cada um de nós pode vivenciar o eterno Cristo, a manifestação divina iluminando o pensamento e o coração de homens e mulheres, transformando-os. O Cristo abre os olhos e os ouvidos deles, deixando-os preparados para seguir os ensinamentos de Cristo Jesus.

Muitas pessoas estão familiarizadas com esta passagem de Isaías: “Dispõe-te, resplandece, porque vem a tua luz, e a glória do Senhor nasce sobre ti. Porque eis que as trevas cobrem a terra, e a escuridão, os povos; mas sobre ti aparece resplendente o Senhor, e a sua glória se vê sobre ti” (Isaías 60:1, 2).

A humanidade ainda está maravilhada pela forma como o filho de Maria podia operar essas obras miraculosas de cura com tanta naturalidade, mesmo quando cercado por multidões de pessoas. Era como se um raio de luz vivo e reluzente fosse percebido pelo indivíduo e instantaneamente a escuridão, a dor, as preocupações e as enfermidades desaparecessem. Por que as pessoas o seguiam durante dias? Provavelmente porque suas palavras eram verdadeiras, sinceras e provinham do coração, e todos aqueles que também tinham coração podiam compreendê-lo, recebiam a mensagem e vivenciavam a cura. Algumas pessoas eram curadas com a simples passagem de Jesus por elas. Como ele fazia isso?

Eddy explica: “Jesus era o filho de uma virgem. Foi escolhido para proclamar a palavra de Deus e aparecer aos mortais sob tal forma de género humano, que eles pudessem não só perceber como também compreender. Maria concebeu-o espiritualmente, pois só a pureza podia refletir a Verdade e o Amor visivelmente encarnados no bom e puro Cristo Jesus. Ele exprimia o mais elevado tipo de divindade que uma forma carnal podia exprimir naquela época. ... E assim que o Cristo exemplifica a coincidência, ou a concordância espiritual, entre Deus e o homem feito à Sua imagem” (Ciência e Saúde, pp. 332-333).

Essas ideias foram úteis enquanto você crescia?

Sim, e também tive muitas curas. Quando tinha uns quatro anos, fiquei doente com sintomas de doença dos pulmões. Estivera sofrendo de problemas respiratórios desde o nascimento. Mas, daquela vez, perdi rapidamente a consciência.

Meus pais começaram a orar para si mesmos e para mim. Isso aconteceu em uma sexta-feira. No sábado de manhã meu pai pediu ao seu sogro para enviar alguém até a vila onde o Praticista da Ciência Cristã vivia. Essa era uma viagem a cavalo de oito horas, ida e volta. Quando o cavaleiro, seu filho mais novo, retornou, a família soube que o praticista já havia começado a orar por mim, e, viajando de mula, o praticista poderia chegar à minha casa na segunda-feira, ao redor de meio-dia.

No domingo de manhã, a parteira, tia de meu pai, a qual havia ajudado minha mãe em meu nascimento, veio me ver. Ela se chegou até minha cama e concluiu que o melhor que ela tinha a fazer era preparar meus pais para o meu falecimento. Meu pai lhe disse para sair porque ela estava com pensamentos de morte, e o “Orlando precisa de pensamentos de Vida”. Quando ela disse com tristeza: “Eu só queria ajudar”, meu pai respondeu: “Então, vá para casa, apanhe seu exemplar de Ciência e Saúde e leia-o”.

Ela foi obediente. Apanhou seu livro e começou a lê-lo aleatoriamente. Foi então que se deparou com uma passagem que a fez pensar: “Meu sobrinho está certo”. A passagem era: “Acaso envia Deus a doença, dando à mãe um filho pelo curto espaço de alguns anos, para depois tirá-lo pela morte? ... As Escrituras são categóricas nesse ponto, pois declaram que Sua obra estava terminada — nada é novo para Deus — e que essa obra era boa” (p. 206).

Naquela tarde, meus pais e os pais de minha mãe estavam orando em nossa casa, quando acordei. Estava faminto por canja de galinha e minha mãe a havia feito para mim. Voltei a dormir. Mais tarde, acordei e pedi mais canja. Em seguida, dormi a noite inteira.

Fiquei permanentemente curado desse problema e minha saúde continuou a melhorar, quando comecei a estudar por mim mesmo, não apenas ouvindo o que meus pais liam em voz alta.

À medida que crescia, você começou a aprender outros idiomas. Aonde isso o levou?

Cresci falando alemão e, mais tarde, aprendi o português. Em 1959, comecei a estudar inglês e a ter conversações em inglês. Até certo ponto, esse estudo era uma preparação para fazer o Curso Primário de Ciência Cristã, em Washington, DC, EUA, em 1961. Isso melhorou meu conhecimento de inglês ainda mais e comecei a ler o Christian Science Sentinel para aumentar meu vocabulário e praticar o que sabia.

Durante a classe, a professora enfatizou que a igreja em Boston é sua igreja. Ela não é somente para aqueles que vivem e trabalham em Boston, ela é sua igreja. Você ora por ela, você cuida dela e apoia seu progresso. A professora também me incentivou a pendurar um mapa do meu país em meu escritório, e a olhar para ele várias vezes durante a semana, escolhendo diferentes regiões para as quais orar, declarando que a Mente divina é a fonte de todo o bem que está acontecendo. Eu deveria declarar o bem e negar o erro, especialmente nas partes menos desenvolvidas do país, e vê-las sob a luz do desenvolvimento e educação para todos. Isso eu fazia, fielmente.

O que o levou à prática da cura pela Ciência Cristã?

A prática foi algo natural em minha vida. Quando ainda pequeno, orei para encontrar uma solução quando perdido em uma cidade estranha. Ao redor dos sete anos de idade, curei a mim mesmo de dor de ouvido. Antes de entrar na adolescência, curei um cachorrinho que havia sido atropelado por um veículo. No final da adolescência, orei para curar uma dificuldade de audição que tivera em um dos ouvidos desde que era garotinho.

O que você tem a dizer das curas depois que você constituiu família?

Meu filho mais moço ficou doente quando tinha uns quatro anos. Durante três ou quatro dias, ele consumiu apenas líquidos. Ele parecia muito mal e o medo começou a se insinuar em minha mente, portanto, mudei a cama do menino para nosso quarto. Minha esposa e eu estudamos a Lição Bíblica da Ciência Cristã e eu pedi tratamento pela oração à minha mãe. Ela respondeu que seria melhor entrar em contato com outro praticista, uma vez que se sentia pessoalmente muito envolvida.

Quando o praticista chegou, ele conversou primeiro conosco, os pais, e com minha mãe. Oramos juntos até que ele sentiu que estávamos todos em paz e com a mesma mente para vermos a cura. Quando ele se levantou da cadeira para ir ao quarto, ele nos mostrou uma bela pera que havia trazido para alimentar o menino.

Instantaneamente dissemos: “Mas ele não está comendo nada”! Ao que o praticista respondeu: “Vamos conversar e orar um pouco mais, porque quando eu entrar naquele quarto, nós todos devemos saber que ele está bem. Vocês podem fazer isso? Vocês vão orar com sinceridade durante todo o tempo que eu estiver com o menino”?

Somente depois de concordarmos foi que ele entrou no quarto. Naquela tarde, o menino comeu quase toda a fruta. Levou algum tempo para o menino se recuperar plenamente, mas ele realmente se recuperou e nós ficamos muito gratos.

Versão adaptada da entrevista publicada originalmente The Christian Science Journal.

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