“O que você faria se soubesse que não poderia falhar?” Essa pergunta está gravada em uma pequena placa de metal que recebi anos atrás.
Confiança, autocontrole e segurança são qualidades valiosas, principalmente quando enfrentamos desafios, quer no contínuo estresse decorrente das responsabilidades do dia a dia, quer em meio a situações difíceis que nos põem à prova.
Muitas vezes o verdadeiro teste começa em nós mesmos, quando enfrentamos a dúvida ou a falta de confiança em nossa capacidade de lidar com determinadas situações. No entanto, ao levarmos em conta a natureza sólida de nosso existir, que é estabelecido em Deus, constatamos que temos a capacidade inata para enfrentar com coragem situações desafiadoras.
Certa vez, convidaram-me para assumir uma função na qual teria de me relacionar com líderes dos poderes legislativo e executivo em nível municipal, estadual e federal. Era um projeto totalmente fora de minha experiência profissional e, certamente, fora de minha zona de conforto! Eu nunca havia feito nada semelhante, e duvidava que minhas aptidões estivessem à altura das demandas da função.
Ponderei sobre as qualidades necessárias para atender a contento às exigências do projeto. Concluí que deveria começar com o grande Modelo, Cristo Jesus. Sem dúvida, sua vida foi incomparável. Contudo, ele teve alunos, e esperava que eles seguissem seu exemplo. Jesus ensinou a eles — e a nós — não apenas a natureza de Deus como o Espírito, mas a natureza do homem como reflexo espiritual de Deus. Aquele que nos mostrou o Caminho revelou a fonte de nosso próprio caráter.
Sem se impressionar com as aparentes deficiências da pessoalidade física daqueles que encontrava, Jesus conseguia perceber algo muito mais amplo e completo. Ele compreendia o valor de cada mulher, homem e criança como parte integrante do universo de Deus. Em seu dia a dia, ele estava apresentando a todos nós a natureza espiritual fundamental de cada um, uma identidade impressionante de dignidade incalculável.
Consideremos algumas das qualidades que Jesus expressava. Ele era acessível, animado, atencioso, perspicaz, ético, firme, generoso, amável, imparcial e alegre. Certa vez, fiz uma lista de qualidades que admiro e desejo expressar. Cheguei a mais de mil e duzentos atributos! Essa é apenas uma fração de nossa verdadeira identidade, que é ilimitada, a qual Jesus trouxe à luz, não apenas em seus ensinamentos, mas em sua vida. Concluí que essas qualidades são minhas pelo fato de eu ser filho de Deus, e estão disponíveis para serem expressas por mim 24 horas por dia nos sete dias da semana. Em realidade, elas são a verdadeira estrutura de nosso existir.
Aceitei o trabalho. Ao longo dos anos, antes de cada reunião com as autoridades, eu orava para expressar a estatura do Cristo, para compreender que minha identidade, à luz do bem universal de Deus, não tinha limites. Isso me deu a coragem e a força necessárias para ser bem-sucedido no desempenho de minhas funções.
Não se trata de ser super-herói, nem de tentar levar vantagem sobre os outros, mas de reconhecer que nossa identidade é a imagem e semelhança completa de Deus (ver Gênesis 1:26, 27). Essa é uma conexão valiosa a ser preservada. A maneira como vemos o que ocorre à nossa volta, e como reagimos às pessoas com quem nos relacionamos, depende muito de como vemos a nós mesmos e aos outros — e isso depende de nossa compreensão a respeito de Deus e de nossa relação com Ele.
Por quê? Deus é nosso Criador, nosso Pai-Mãe. O caráter de Deus se expressa em nós. À medida que aprendemos mais sobre nossa individualidade espiritual única, começamos a compreender o poder que temos para superar situações desafiadoras. Esta afirmação do livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, destaca-se nesse contexto: “Conhece-te a ti mesmo, e Deus te dará a sabedoria e a ocasião para teres a vitória sobre o mal” (Mary Baker Eddy, p. 571).
Acreditamos que não estamos preparados ou que somos vulneráveis? Não é assim que Deus nos conhece. Em momentos de estresse, talvez instintivamente nos consideremos frágeis ou incompetentes; no entanto, essa é uma percepção equivocada de nossa natureza perfeita como a expressão da sabedoria divina. Precisamos de um ponto de vista mais elevado, ou seja, espiritual. Só então começaremos a perceber quão capazes realmente somos.
Como podemos ter essa convicção que nos eleva e que nos permite sentir e utilizar as características de nosso verdadeiro eu infinito? A Sra. Eddy, a Descobridora da Ciência Cristã, revela um ponto de partida indispensável para superarmos aparentes deficiências e para corrigirmos conceitos errôneos a respeito de nosso caráter. Precisamos consentir em começar com a natureza de Deus, infinitamente boa. Ela escreve: “A mansidão realça os atributos imortais simplesmente por tirar o pó que os obscurece. A natureza do bem revela um outro cenário e uma outra identidade, aparentemente envoltos em sombras, mas trazidos à luz pelas evoluções do pensamento que progride, por meio das quais discernimos o poder da Verdade e do Amor para curar os doentes” (Escritos Diversos 1883–1896, pp. 1–2).
“Um outro cenário e uma outra identidade” refere-se à nossa natureza e ambiente espirituais. Como acontece quando a bondade de Deus é invocada, um efeito transformador se manifesta, e não apenas sobre nós. Nos anos em que tive reuniões com funcionários do governo constatei o mérito e a integridade daqueles com quem trabalhei. Nosso relacionamento foi construído com base na confiança que eu sabia ser o resultado do fato de sermos a expressão de Deus — um ideal mais elevado do que o conceito que teríamos de outra forma.
Na verdade, essas conquistas foram muito além do que um pensamento positivo poderia alcançar. O mero otimismo, aplicado a uma percepção limitada e material do homem, não tem o mesmo poder do Cristo para elevar e transformar a natureza humana. Somente quando consagramos nossa vida e nossa identidade a Deus é que vivenciamos e mantemos o domínio que abençoa a nós e aos outros. Nossa força é o resultado natural da infinitude do Amor divino.
Quando, com humildade, aceitamos a percepção que Deus tem de nós, começamos a trazer à tona nossa verdadeira natureza. Deus sabe que somos perfeitos porque Ele é perfeito. Um dicionário inclui na definição de perfeito: “Livre de defeito, que só possui boas qualidades; completo” (aulete.com.br). Em vez de pensar que, para sermos dignos de confiança e termos autoconfiança, precisamos adquirir ou desenvolver essas qualidades, podemos reconhecer que esses atributos já nos pertencem, devido à nossa união com Deus. Podemos empregá-los com confiança, porque são inerentes a nós. À medida que vamos entendendo melhor nossa conexão ininterrupta com o bem infinito, Deus e Seu Cristo, nos achegamos ao “…pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo…” (Efésios 4:13).
São imensuráveis os dividendos que colhemos por reconhecer nossa identidade e nosso valor, os quais se originam em Deus. Somos ricamente dotados do bem que vem de Deus. Compartilhemos essa riqueza com toda a humanidade!
