Dizemos aos amigos que sempre estaremos à diposição, para o que der e vier. Em vez disso, aqui estava eu, viajando fora do país, enquanto minha amiga se debatia com problemas, distante de mim. Durante o voo, comecei a ficar cada vez mais ansiosa, porque minha amiga tinha uma situação difícil em casa, e estava muito abatida. Antes de eu partir, ela até me dissera que se mataria, se as coisas piorassem ainda mais, e isso me causava um medo insuportável. Visto que eu estaria em outro país, meu celular ficaria sem serviço para eu poder falar com ela. O voo prosseguia e eu não conseguia deixar de pensar em todas as coisas terríveis que poderiam acontecer, enquanto estivéssemos sem contato.
Embora essa situação fosse, sem dúvida, extremamente grave, não era a primeira vez que eu ficava oprimida pelos problemas de outra pessoa. Sempre quis ajudar os outros, e para mim é natural captar o estado de ânimo de alguém e querer ajudar. O problema é que muitas vezes acabo assumindo os problemas dos amigos como se fossem meus, e isso se torna realmente um peso, fico sem saber o que fazer.
Depois de alguns dias preocupando-me com minha amiga, decidi falar da situação com outra amiga, que estava viajando comigo, e esta me disse que eu não era responsável pelo bem-estar dessa outra pessoa. Já me ocorrera que eu poderia me libertar dessa sensação de pesar e confiar minha amiga a Deus. Mas, mesmo após essa conversa, senti que o medo era grande demais, para eu deixar de me preocupar.
Sabia, por ter frequentado a Escola Dominical da Ciência Cristã, que Deus é o divino Pai-Mãe de todos. Isso significa que Deus cuida de nós até melhor do que faria o melhor pai do mundo, e não existe lugar algum que seja tão escuro ou tão desesperador a ponto de não poder ser alcançado pelo amor de Deus, com Seu poder de cura. Mas, como poderia sentir confiança nisso, de modo que tanto curasse meu medo quanto ajudasse minha amiga?
Felizmente, eu trouxera comigo um dos meus antigos diários e, ao folheá-lo, encontrei um trecho que copiara de um artigo do The Christian Science Journal. Dizia o seguinte: “Eu sabia que Deus era o verdadeiro diretor do projeto. A Mente divina estava guiando cada atividade o tempo todo, e minha ausência não poderia ser um obstáculo ao divino cuidado e orientação” (“Um cavalo se assustou e recuou…”, de Lauren Stillman, da edição de dezembro de 2006). Essa ideia era exatamente a que eu precisava: o exemplo de alguém que havia deixado de lado suas próprias preocupações sobre uma situação, e confiara em Deus, para se livrar da carga que sentia sobre si mesma. Com esse artigo, entendi que, confiar em Deus dessa forma não é fé cega, mas é fruto da compreensão de tudo o que Deus é, ou seja, de Seu poder, Sua eterna presença e Seu amor salvador.
Durante o resto da viagem, toda vez que eu pensava na minha amiga, afirmava em oração que Deus estava cuidando dela. Orei para saber que ela estava segura. Também orei por mim, isto é, que não poderia sentir medo, pois sabia que Deus a estava confortando.
Quando voltei para casa e consegui novamente falar com essa amiga, ela me deu boas notícias. Houvera uma mudança radical na situação de sua família e ela estava se sentindo muito melhor.
Fiquei muito grata! Esse foi um ponto decisivo para mim. Entendi que, embora seja sempre bom ser carinhosa e dar apoio, eu não sou a fonte desse amor, pois Deus é a fonte, e nenhum de nós pode jamais estar separado de Deus, o Amor divino. Acima de tudo, é Deus que está guiando a vida de todos e uma das melhores coisas que posso fazer, para qualquer de meus amigos, é destemidamente confiá-los aos cuidados dEle.