Eu não cresci em uma família de Cientistas Cristãos. Mas como era membro ativo de uma igreja protestante, na qual todos amavam a Bíblia, eu acreditava profundamente no poder da oração. Ensinaram-me, entretanto, que eu tinha de me resignar àquilo que acreditávamos ser a vontade de Deus, quer esta incluísse a cura física quer não, e, para mim, tornou-se cada vez mais difícil aceitar esse ensinamento.
Eu era jovem e lutava com um problema físico debilitante. Esgotada pelos efeitos colaterais do medicamento que me fora prescrito, e cada vez mais segura de que deveria haver um modo melhor de levar uma vida cristã, parei de tomar o remédio e decidi me mudar para outra parte do país. Resolvi estudar a Bíblia com mais profundidade, e compreender melhor a verdadeira natureza de Deus, e de que modo viver como Sua discípula.
Poucas semanas depois de chegar à nova cidade, conheci a Ciência Cristã graças à vida e ao exemplo de uma dedicada Cientista Cristã. No ano e meio que se seguiu, estudei a Lição Bíblica semanal do Livrete Trimestral da Ciência Cristã e frequentei tanto uma igreja filial dA Igreja de Cristo, Cientista, quanto uma igreja protestante local.
Fiz inúmeras perguntas a Cientistas Cristãos experientes, na igreja e na Sala de Leitura da Ciência Cristã. Também estudei a Bíblia, li e reli Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de autoria de Mary Baker Eddy, pesquisei biografias sobre a autora e li muitos relatos de cura nos periódicos da Ciência Cristã.
De modo bastante natural, como resultado desse estudo contínuo, percebi que meu senso do amor de Deus, e de que Sua vontade é somente boa, se aprofundava. Constatei que eu podia confiar em Deus e me volver a Ele de todo o coração, sem reservas. Essa compreensão espiritual mais profunda trouxe luz e conforto formidáveis, inclusive a cura do prolongado problema físico, além de curas de amigos e de outros que me pediram para orar por eles.
A filiação à Igreja e o Curso Primário da Ciência Cristã, ministrado por um professor autorizado, vieram logo em seguida, juntamente com uma nova direção em minha carreira.
Nos anos seguintes, por meio do trabalho ativo na igreja, do estudo contínuo e do aprendizado com o exemplo de Cientistas Cristãos de longa data, vivenciei mais curas. Estava descobrindo como confiar em Deus em oração, a fim de discernir e tratar melhor as necessidades em diferentes circunstâncias, e superar a resistência à cura espiritual. Foi uma enorme alegria começar a receber frequentes pedidos de ajuda por meio do tratamento pela Ciência Cristã.
Duas passagens serviram de âncora — e continuam a guiar — minha prática de cura. A primeira, da Bíblia, descreve a natureza de Deus: “…Deus é luz, e não há nele treva nenhuma” (1 João 1:5). E a outra, de Ciência e Saúde, descreve o poder de Deus: “Não existe poder a não ser o de Deus. A onipotência tem todo o poder, e reconhecer qualquer outro poder é desonrar a Deus” (p. 228).
Depois que meu marido e eu nos tornamos pais, continuei a aceitar pedidos de tratamento pela Ciência Cristã. Com duas crianças pequenas em casa, porém, eu desejava contribuir regularmente para o orçamento familiar com alguma renda além da que recebia trabalhando em meio período na prática pública da cura pela Ciência Cristã. Seguindo o que melhor me pareceu, na época, providenciei a documentação necessária para administrar uma pequena creche em nossa casa. Senti um certo conflito íntimo, pois sabia que isso poderia tornar mais difícil atender chamadas para tratamento por meio da oração, especialmente durante o dia.
Na primeira semana de funcionamento, não houve inscrições para a creche. Ao me volver a Deus, descobri que a mensagem era clara: eu tinha de estar, conforme disse Cristo Jesus, “na casa de meu Pai” (ver Lucas 2:49). Para mim, essa atividade devia incluir a prática da Ciência Cristã. Não podia haver conflito entre as demandas familiares e a prática da Ciência Cristã — nenhuma competição legítima entre elas. Raciocinei que, como fizeram os discípulos, se eu lançasse a rede “para o lado direito”, aceitando trabalhos que abençoassem tanto a minha prática quanto as necessidades diárias da nossa família, todos nós teríamos aquilo de que necessitávamos.
Ainda hoje damos risada com a lembrança de uma noite, durante esse período, quando meu marido e eu estávamos humildemente orando a respeito da provisão perfeita de “pães e peixes” por parte do nosso Pai-Mãe para cada um de Seus filhos. A campainha tocou e um membro da igreja, nosso conhecido, nos entregou inesperadamente alguns peixes que havia pescado! Foi uma confirmação, bem-humorada e memorável, de que podíamos confiar na amorosa provisão de Deus, dia após dia.
Ciência e Saúde diz: “O Amor divino sempre satisfez e sempre satisfará a toda necessidade humana” (p. 494). E nos anos seguintes, o Amor divino satisfez às nossas necessidades humanas. Consegui diversos empregos de meio período — lecionei, escrevi, dei aulas de reforço e até trabalhei em uma loja no período noturno — e todos eles me permitiram continuar aceitando solicitações de tratamento pela Ciência Cristã, e ainda contribuir financeiramente para o sustento da família.
Outro momento decisivo foi perceber que meu objetivo foi sempre servir a Deus, não apenas atingir o ponto de estar pronta para colocar meu anúncio no The Christian Science Journal como praticista em tempo integral. Compreendi que Deus conhece nosso coração e nossa disposição para obedecer e servir. Meu trabalho era simplesmente servir a Deus com amor e trazer cura a toda tarefa ou situação — seja lavar roupa, fazer trabalhos na igreja ou orar por vizinhos e familiares — deixando a ideia de se anunciar no Journal sob a provisão e desdobramento de Deus.
Meu estudo e crescimento espiritual contínuos, as curas de familiares e pacientes, ser leitora em uma igreja filial da Ciência Cristã — tudo isso me trouxe apoio e preparou o caminho. Aos poucos, deixei todos os outros empregos, à medida em que a prática da Ciência Cristã ia preenchendo naturalmente os meus dias. O anúncio no Journal veio logo em seguida.
Junto com a alegria de, por meio de curas, ver a Deus em ação, houve também momentos de medo e pressão. Continuei a aprender que todas as incertezas precisam ser substituídas com firmeza pelo fato espiritual — o que é verdade a respeito de Deus, e do homem como filho de Deus. O trabalho de cura, sob qualquer forma, não significa consertar ou resolver algo, mas sim, dar testemunho do que Deus é e está fazendo. Não é ser uma pessoa experta em determinado campo. Os discípulos de Jesus eram sanadores, e eu gosto de lembrar que discípulo significa aluno. Eu sou grata por ser uma estudante em tempo integral da Ciência do Cristianismo, comprometida a trabalhar com Deus, na casa de meu Pai.
A prática da Ciência Cristã se apoia no fato espiritual de que Deus é o bem, só o bem. Por sermos filhos de Deus, cada um de nós pode levar a sério a promessa de Jesus: “…Para os homens é impossível; contudo, não para Deus, porque para Deus tudo é possível” (Marcos 10:27).