“Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também…” (Salmos 139:7, 8).
Às vezes nos sentimos como se estivéssemos no profundo abismo do desespero, sem orar ou pensar em Deus, mas preocupados com alguma situação. Isso aconteceu comigo há alguns anos. Meu cargo anterior na firma seria eliminado por conta de cortes orçamentários. Naquela época, eu estava em uma atribuição temporária em outro setor da corporação, e vinha enfrentando muitas dificuldades. Haviam me dado o cargo de apresentadora de rádio, responsável por programas de economia e negócios. Eram muitas horas de trabalho, a equipe era inexperiente, a pressão do trabalho incluía prazos apertados — e isso fazia com que eu duvidasse de minha competência.
Muitos anos antes, na escola, haviam me dito que eu era disléxica, que sempre teria dificuldade na leitura, e que deveria repensar minha escolha do jornalismo como carreira. Todas essas questões me voltaram ao pensamento, enquanto enfrentava as dificuldades nessa nova função, além do estresse relacionado à eliminação de meu cargo anterior.
Chorava, por não saber o que aconteceria comigo. “Por que não consigo ler corretamente?”, eu me perguntava. Então, do nada, ouvi as palavras: “É apenas o erro”. Eu não estava orando, nem tentando ouvir uma resposta de Deus, mas, mesmo assim, aquelas palavras vieram: “É apenas o erro”. Compreendi que, de acordo com os ensinamentos da Ciência Cristã, qualquer coisa que Deus não criou é “erro”, pois Ele é inteiramente bom. Imediatamente me acalmei. Chorei novamente, mas desta vez foram lágrimas de alívio.
Como diz o hino 72 do Hinário da Ciência Cristã: “E com luz, verdade e paz / O tumulto faz cessar” (Charles Wesley e John Taylor, trad. e adapt. © CSBD).
Eu queria aprofundar mais essa inspiração, então pedi a um praticista da Ciência Cristã para orar comigo sobre a situação. Começamos por eliminar conceitos que têm base na matéria e, assim, revelações espirituais começaram a fluir. Eu estudava as Lições Bíblicas semanais do Livrete Trimestral da Ciência Cristã, as quais são compostas de passagens da Bíblia e de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de Mary Baker Eddy, e frequentava regularmente os cultos na igreja. Deparei-me com este versículo de um salmo: “Grande paz têm os que amam a tua lei; para eles não há tropeço” (Salmos 119:165). Geralmente associamos tropeçar ao ato de caminhar, mas entendi que não posso tropeçar nas minhas palavras. As palavras apropriadas realmente não vêm de mim nem pertencem a mim; Deus é a fonte.
Então, ideias inspiradas começaram a se encaixar como peças de um quebra-cabeça, à medida que as verdades espirituais me vinham ao pensamento. No Manual dA Igreja Mãe, a Sra. Eddy escreve: “Na Ciência, só o Amor divino governa o homem…” (p. 49). E em Ciência e Saúde, ela declara: “A Verdade não tem morada no erro, e o erro não tem ponto de apoio na Verdade” (p. 282). Eu sabia que o sol da Verdade dissipa o erro e gostei de pensar sobre o erro se dissipando, “…voltando ao seu nada original, como desaparece o orvalho sob o sol da manhã” (Ciência e Saúde, p. 365).
Quando estamos na escola e cometemos um erro em um problema de matemática, nós o apagamos — e ele desaparece; não resta nenhum vestígio dele, é como se nunca tivesse existido. Ocorreu-me, então, que isso era aplicável a quaisquer problemas que eu estivesse enfrentando.
Não devemos duvidar, jamais. Jesus disse a seus discípulos para não duvidarem. Devemos confiar no fato de que Deus é Tudo e é o bem.
Na conhecida história de Daniel, colegas invejosos tentaram usurpar seu cargo (ver Daniel 6). Eles tentaram afastá-lo, fazendo com que o rei estabelecesse uma nova lei que, eles sabiam, seria desobedecida por Daniel, pois ele adorava o Deus único. Mas Daniel nunca duvidou do governo e do cuidado de Deus e agiu sob a lei de Deus, sob a graça, como nós podemos agir também. Apesar de ter sido jogado na caverna dos leões, ele ficou completamente ileso. Daniel foi libertado da cova dos leões; o rei fez um novo decreto: que o Deus que Daniel adorava deveria ser reverenciado; e Daniel prosperou. Nós não podemos ser impedidos de fazer o trabalho que nos é apropriado, pois Deus está sempre nos guiando e é todo-poderoso.
Alguns meses depois, o cargo de apresentadora, o qual eu estivera desempenhando de maneira temporária, foi anunciado como permanente. Candidatei-me e fui selecionada. Assim, minha função, apresentando programas de economia e negócios, se tornou efetiva, e continua gratificante. Sou capaz de ler o que for necessário, sem errar — tanto em gravações como ao vivo. Colegas de trabalho cujos cargos haviam sido igualmente eliminados também conseguiram outras colocações, e com alegria vejo que eles também estão prosperando. À medida que eu orava sobre minha própria situação, compreendi que todos estamos sempre em nosso lugar adequado, cuidando dos negócios de nosso Pai-Mãe Deus.
Antes de cada programa, pouco antes de entrarmos no ar ao vivo, espero em Deus, prestando atenção à Sua voz e deixando que Ele brilhe através de mim para que “enriqueça os afetos de toda a humanidade” (ver Manual, p. 41).
Samantha Fenwick
Manchester, Inglaterra