Graça é uma palavra muito usada na fé cristã. O Salmista escreveu (Sal. 84:11): “O Senhor Deus é um sol e escudo: o Senhor dará graça e gloria; não retirará bem algum aos que andam na retidão.”
O apóstolo Paulo usava muito a palavra graça. Sôbre ele pesava muito do trabalho e glória de propagar o evangelho de Cristo Jesus, pois era ele um professor, um escritor, um conferencista, um viajante, um organizador das primitivas igrejas cristãs. E de acôrdo com a sua própria declaração tinha ele grande necessidade da graça de Deus. Aquí estão as suas palavras (II Cor. 12:7–9): “E, para que me não exaltasse pelas excelências das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, para que me não exalte. Acêrca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim. E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade pois me gloriarei nas minhas fraquezas para que em mim habite o poder de Cristo.”
Em todas as obras de Paulo encontra-se a sua convicção de que a graça e a verdade foram manifestadas por Cristo Jesus. Evidentemente a resposta à sua própria oração foi a graça de Deus para continuar a trabalhar sob qualquer circunstância. Os dicionários explicam claramente que esta qualidade espiritual no seu mais amplo sentido significa a misericórdia de Deus; o carinho, a clemência de Deus extendida ao homem; a atuação do Amor divino; a divina influência operando no coração. Deus é a fonte de graça e o homem o recipiente. Mostra-nos isso que a graça de Deus é a divina influência que nos possibilita enfrentar as dificuldades até que sejam ajustadas e curadas. Nos dá paz e contentamento em meio de agitação. Não é um êxtase religioso ou emoção; é a serena compreensão do Cristo permanente, que nos fortalece contra a tentação e nos leva à vitória e à cura.
O que os Cientistas Cristãos consideram algumas vezes demonstração, isto é, sucessos humanos e a realização de desejos pessoais, não é toda a demonstração da lei divina. A Sua graça, sendo de todo suficiente, é a substância da resposta de Deus. Vivendo em obediência ao Princípio divino, vive-se em estado de graça. Conservando o pensamento na divina presença, somos sustentados nesse estado de graça até que o sofrimento ceda e desapareça diante do comprovado poder de Deus como sendo Tudo-em-tudo. A própria graça é a demonstração da presença e poder de Deus.
Contudo, a necessidade da graça não quer dizer que as coisas difíceis de se suportar devam continuar. Sendo a graça a evidência do Amor divino, é um elemento curativo. É uma força que ativa para o bem, e em razão da sua ação benéfica é natural que as dificuldades diminuam. Referindo-se à prática dos Cientistas Cristãos na cura, Mary Baker Eddy escreve na sua mensagem “Christian Science versus Pantheism” (A Christian Science versus Panteísmo), página 10: “Tudo isso é conseguido pela graça de Deus,— o efeito de Deus compreendido.”
Sentimos algumas vezes que não temos bastante conhecimento de Deus, o Amor divino. Isso é de maneira geral o que sucede a todos os mortais, pois que a mortalidade não é capaz de compreender o Amor divino. Mas todos nós podemos, se quizermos, descobrir o oposto do Amor divino; e ao destruirmos em nosso pensamento e vida qualquer elemento de oposição, daremos lugar ao Amor divino. Viremos então a saber o que é a graça em nosso coração. Ela passará a ser o nosso mentor, o nosso íntimo amigo. Descobriremos que Deus está sempre conosco, e perceberemos a unidade de Deus com o homem, a Mente e a idéia da Mente, como revelados na Christian ScienceNome dado por Mary Baker Eddy à sua descoberta (pronunciado: Cristian Çá'iens). Uma tradução literal dessas palavras é: Ciência Cristã.. Aprendemos assim que o sentido material do homem é fraudulento e deve ser negado; que a espiritualidade do homem na semelhança de Deus é a única condição verdadeira do homem; e que esse fato deve ser prezado.
A voz da Verdade na compreensão espiritual é a atividade de Cristo contestando e fazendo cessar a mentira da crença material. Esta voz, esta declaração e realização da presença de Deus, nos faz suportar e vencer as depressões do magnetismo animal, nos arma para a resistência às ameaças das crenças malévolas, nos retem no céu da presença divina. Na verdade, não é o que estamos sentindo em um dado momento, ou em uma dada hora, mas sim o que estamos ouvindo no nosso mais íntimo pensamento que determina a nossa experiência. A fidelidade com que nos conservamos conscientes do verdadeiro ser espiritual nos dá coragem, estabiliza a paciência, está sempre renovando a alegre expectativa de que o bem prevalecerá. A graça de Deus mantem a sua própria presença. Firmando-nos em Sua graça teremos a resposta divina de maneira apreciável às nossas atuais necessidades.
Aquele que pode conhecer Deus como Pai-Mãe pode se considerar muito feliz. Os perigos podem infligir perda da significação de Deus como Pai-Mãe. O intelectualismo pode perceber a verdade; obediência ao Amor divino vive esse Amor. Deus é Mente; o homem, a idéia. Deus é a origem como criador; o homem o derivativo como criação. As Escrituras declaram que Deus é Amor. Portanto a Sua idéia, a criação, o derivativo, deve expressar Deus como Amor se na realidade reflete o ser de Deus. Mrs. Eddy, a autora do livro-texto da Christian Science “Science and Health with Key to the Scriptures” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras) chega à essa conclusão quando chama Deus de Pai-Mãe e o homem — criação — como o filho amado.
Conhecer Deus como Pai-Mãe coloca o indivíduo diretamente aos cuidados do terno, protetor Amor divino. Algum dia, seja onde fôr, todo o indivíduo clamará por Deus como Pai-Mãe e voltará ao abrigo dos eternos braços nessa compreensão de que é o amado filho do Pai-Mãe, Deus, que dele cuida com amor e carinho. Foi aí que Jesus viveu — em casa com seu Pai celeste. E porque aí viveu poude provar as verdades que ressuscitaram os mortos.
A graça dada por Deus inclui lealdade, coragem, docilidade. Embeleza o comportamento. Não tem garras, nem ferrão. Não pode haver fricção na graça nem resistência ao bem, nem rebelião, nem infelicidade. A graça não ocasiona imperfeições, antes suaviza com amor e paciência a nossa maneira de tratar as nossas próprias imperfeições e as dos outros. O amor esclarecido que sente a irrealidade do mal enquanto a distroi — o que é isso senão graça? E aceitar-mos a disciplina de nos conservarmos silenciosos, quando a tentação de censurar se apresenta pode muitas vezes ser a maior das graças.
Como obter esta bela qualidade, e como conservá-la? Fazendo a vontade de Deus fielmente pela melhor maneira possível. Disse Cristo Jesus (João 7:17): “Se alguem quiser fazer a vontade dele, da mesma doutrina conhecerá se é de Deus.” Aquele que se esforçar por fazer a vontade de Deus virá certamente a conhecer a doutrina da graça. Concluirá que com mais graça as atividades da Christian Science serão elevadas a um nivel mais alto. O próprio mundo poderá ser transformado a medida que a graça cristã fôr procurada e vivida.
A nossa querida Líder indica que a graça faz parte do nosso comportamento até mesmo da saúde, quando diz no “Miscellaneous Writings” (Escritos Miscelâneos), pagina 354: “Um pouco mais de graça, um motivo tornado puro, algumas verdades carinhosamente ditas, um coração enternecido, um caráter subjugado, uma vida consagrada, restabeleceria a perfeita ação do mecânismo mental e faria manifesto o movimento do corpo e da alma em acôrdo com Deus.”