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Alimentando a Multidão

Da edição de julho de 1956 dO Arauto da Ciência Cristã


Na narrativa das cinco mil pessoas que Jesus alimentou no deserto, registrada no Evangelho de Marcos (6:41, 42), lemos que “tomando êle os cinco pães e os dois peixes, levantou os olhos ao céus, abençoou e partiu os pães, e deu-os aos seus discípulos para que os pusessem adiante dêles. ... E todos comeram, e ficaram fartos”. Jesus não se mostrou receioso de que o alimento aparentemente escasso não fôsse bastante para satisfazer a fome de tantos. Êle abençoou o que havia. Percebeu a falsidade do êrro que sugeria escassez — não haver o suficiente para atender à necessidade humana. Começou então a partir os pães, passando-os aos discípulos. Êstes, por sua vez, os repartiram com a multidão que, faminta e sedenta de alimento espiritual, havia seguido Jesus pelo deserto. O perfeito conhecimento que Jesus tinha do poder, da presença e da boa vontade de Deus em satisfazer a necessidade humana possibilitou-o a levantar sua voz em agradecimento à generosidade de Deus quando o senso material de provisão pareceu lamentàvelmente inadequado.

E, que dizer do rapaz que, segundo o Evangelho de João, havia trazido os pães e os peixes? Êle havia seguido o Mestre pelo deserto. Havia sido alimentado com as boas palavras de Verdade e de Vida. Com que prazer deve ter entregue o cesto — quão confiante — dando, assim, tudo que tinha! E quão amplamente o Amor divino atendeu à necessidade humana, pois contam-nos que “levantaram doze cestos cheios de pedaços”. Os discípulos haviam duvidado que Jesus pudesse alimentar tanta gente. Haviam mesmo sugerido que êle dispersasse o povo e o deixasse providenciar o seu próprio pão. E eis que, êles também, eram chamados a dar, perdendo, dessa maneira, o seu próprio sentimento de dúvida no poder de Deus de providenciar uma mesa no deserto.

Diz Mary Baker Eddy no Science and Health with Key to the Scriptures (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras), página 135: “Existe hoje em dia o perigo de se repetir a ofensa dos judeus, limitando o Santo de Israel e perguntando: ‘Pode Deus preparar-nos uma mesa no deserto?’ O que não pode Deus fazer?” Haverá quem diga: “Sim, acredito que Deus tudo pode fazer. Acredito que Êle tenha alimentado a multidão em resposta à oração de Jesus. Por que então parece atender apenas alguns de nós e outros não? Eu também necessito provisão; necessito cura física. Tenho orado muito e sinceramente, mas Deus parece não me ouvir.”

A Christian Science ensina que Deus é bom; que Êle é onipresença, ou tôda presença, e imparcial na Sua dispensação do bem infinito. Êle é a causa única, o criador e o sustentáculo únicos do homem e do universo. Sendo bom e infinito, Deus nada conhece dessemelhante ao bem, dessemelhante a Êle. É a carência um bem? É a doença um bem? A resposta é um positivo “Não”. Êstes males portanto não podem realmente estar presentes em qualquer parte e certamente não fazem parte do nosso verdadeiro ser como filhos de Deus. Deus olha para o Seu homem e Seu universo e os vê perfeitos, agora; e não existe outro homem ou outro universo. O mal é o falso vapor, ou engano, que subiu da terra — o vapor mencionado no segundo capítulo de Génesis.

Reconheçamos, pois, sem limitação a grandiosa verdade da totalidade e do poder de Deus de atender a tôdas as nossas necessidades. Aceitemo-la, amemo-la e tenhamos fé nela. Levantemos nossos olhos — nossa percepção espiritual — ao céu, sempre à mão, como ensinou Jesus. E agradeçamos a Deus Sua dispensação de todo o bem a cada um de Seus filhos. Passemos então a dar o que temos em mão, por pouco que pareça ser, pois que, passando adiante o bem que conhecemos, abrimos a porta para admitir mais do ilimitado influxo da liberalidade divina na nossa consciência. Estas idéias corretas, ou pensamentos angélicos, satisfazem tôdas as nossas necessidades, pareçam ou não importantes ou insignificantes. Estas idéias espirituais trazem alegria e paz, e uma abundância do que o mundo chama de provisão. Elas nos ensinam a verdadeira riqueza de dar e compartilhar, o oposto de receber e guardar. Não há ocasião mais propícia ou lugar melhor para se começar a alimentar a multidão do que onde estamos hoje. Principiemos agora a provar a verdade do ser para nós e o próximo.

Durante a chamada depressão, quando a autora dêste artigo era ainda jovem estudiosa da Christian Science, êsse incidente dos pães foi para ela uma inspiração que não falhou. Achava-se naquela ocasião a sós e com um filho pequeno, sem evidência alguma de manutenção. Restavam-lhe apenas uns poucos dólares na bolsa, e nenhum sinal de socorro humano. Isso foi pouco antes do Dia da Graça. Lembrou-se então de repente de uma promessa que havia feito a um velho jornaleiro de esquina na cidade vizinha. Êle havia conquistado o seu coração ao lhe sorrir carinhosamente e ao seu filhinho no dia em que haviam chegado àquela cidade. Sempre que podia, portanto, parava para conversar com o jornaleiro levando-lhe de vez em quando pastelarias feitas em casa. Em sua última ida à referida cidade, ela lhe perguntara onde pretendia jantar no Dia da Graça. Respondera êle que costumava jantar com um grupo de amigos num determinado café, mas os seus negócios iam tão mal que não esperava fazer o mesmo aquêle ano. A articulista assegurara-lhe que faria o possível para que êle pudesse jantar com os seus amigos. Lembrando-se daquela promessa, sentiu-se feliz em poder, com o pouco que lhe sobrava, fazer a pequena obra de caridade.

Chegado o Dia da Graça, ela agasalhou o filhinho, e, debaixo de chuva, saíu para apanhar a barca que a levaria à cidade. Quando avistou o seu amigo, teve por êle uma grande sensação de amor e compaixão. O velho ergueu de repente os olhos, deixando transparecer que não a esperava. Sorriu acolhedoramente. Ela lhe entregou um envelope contendo o dinheiro. “Deus a abençoe,” disse êle; e ela se sentiu realmente abençoada.

Regressou ao lar reanimada e alimentada. Menos de uma hora depois, soou a campainha da porta, e ao abrí-la deparou com um antigo senhorio que não via há bastante tempo. Trazia êle um grande cesto de mantimentos, entre os quais, bem em cima, uma galinha já preparada. Explicou que, justamente com a sua esposa, vinha fazendo distribuição de cestos para o Dia da Graça e havia sobrado aquêle. Sua mulher lembrara-se de repente de oferecê-lo à articulista.

Houve várias outras ocasiões em que a articulista viu multiplicados os pães e os peixes naquêle período difícil antes de poder encontrar emprêgo fixo e o que o mundo chama segurança — muitos exemplos de proteção e cura; mas na experiência relatada acima, ela sentiu ter de fato tocado a orla do manto de Cristo.

A humanidade está cansada das cascas e das alfarrobas do materialismo. Ela está num lugar deserto, faminta e sedenta das coisas de Deus, mas não sabe como encontrá-las. Nós, os Cientistas Cristãos, possuímos o abençoado privilégio de poder ajudar esses famintos, sabendo ser Deus o afetuoso Pai-Mãe de todos, orientador e protetor de Seus filhos, e que cada um dêles pode despertar para o seu verdadeiro ser como filho de Deus, habitante da casa do Pai, protegido e cuidado. Podemos deixar o amor brilhar através do nosso pensamento e ação. O Amor divino penetra a névoa do senso. Não há nunca um lugar deserto ou um vazio onde não possamos compartilhar os pães e os peixes da nossa compreensão com algum necessitado, provando assim que Deus “prepara uma mesa no deserto”.

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