Quando Davi tinha três anos, começou a ir à Escola Dominical. Ele gostava da professora e das outras crianças da classe, mas não gostava da maneira como a Escola Dominical começava. Ele não sabia ler e quando as crianças grandes e pequenas cantavam e oravam, ele ficava com vergonha. Por isso, enquanto as outras crianças cantavam o hino e faziam a oração, Davi se escondia embaixo da mesa.
— Você não quer cantar? — perguntava a professora.
Ela se abaixava e olhava embaixo da mesa.
Não posso. — respondia Davi. — Meu bichinho está aqui embaixo e eu não quero que ele fique sozinho.
O bichinho de Davi era só de imaginação. A professora sabia disso.
Davi ia sempre à Escola Dominical. E todas as vezes ele ficava embaixo da mesa, enquanto as outras crianças cantavam e oravam.
— Você não quer cantar, hoje? — a professora perguntava.
— Não posso sair daqui, meu bichinho não quer ficar sozinho — respondia Davi.
— Ei, qual é o problema? — perguntava um outro menino.
—Ei, sai daí — dizia a menininha que se sentava perto dele.
Davi não saía. Todos os domingos, no começo da aula, o menino continuava embaixo da mesa. De lá ele dava uma olhadinha para ver as outras crianças. Um dia, ele disse para o bichinho imaginário:
— Eu conheço essa oração. É o Pai Nosso. Isso eu sei.
Uma outra vez, ele disse para o bichinho:
— Eu sei o hino que eles estão cantando. Eu sei cantar quase tudo.
Davi reparou que, quando as crianças maiores liam os versículos da Bíblia, as menores não estavam lendo de verdade. Elas só mexiam a boca e parecia que estavam lendo. “Eu consigo fazer a mesma coisa!” pensou Davi. Mas ele continuava embaixo da mesa.
Um domingo, a professora contou uma história da Bíblia sobre um homem chamado Neemias. Ele gostava muito da cidade de Jerusalém. Ele ficou muito triste quando soube que o muro que cercava a cidade tinha sido destruído. Então, Neemias viajou até Jerusalém para reconstruir o muro. Muita gente de outros lugares não queria que Neemias terminasse esse trabalho. Mas Neemias não parou. Ele sabia que Deus o estava ajudando a fazer o que era certo. Sabia que nada podia atrapalhar o que ele estava fazendo.
De repente, Davi pensou: “Eu sou como Neemias. Nada pode me impedir de fazer o que é certo!”
No domingo seguinte, Davi não se escondeu embaixo da mesa na hora de cantar e orar. Ele foi junto com as outras crianças. Repetiu bem direitinho o Pai Nosso, a Oração do Senhor. Ele não conhecia o hino e nem sabia ler as palavras da Bíblia, mas mexeu a boca como algumas crianças. Foi muito bom. E foi gostoso quando todos os professores e as crianças maiores o abraçaram. Um dos alunos perguntou:
— O seu bichinho continua embaixo da mesa?
Davi pensou um pouquinho e respondeu:
— Eu disse para ele sair, hoje, pra fazer a coisa certa.
Todos sorriram e deram um abraço bem apertado no Davi.
    