A Bíblia está cheia de histórias que mostram como a confiança irrestrita em Deus levou pessoas a vencerem situações que ameaçavam sua vida. Em um desses relatos, o rei da Babilônia, Nabucodonosor, ordenou que Sadraque, Mesaque e Abede-Nego fossem jogados na fornalha de fogo ardente por se recusarem a se prostrar e adorar a grande imagem de ouro que o rei ordenara que todas as pessoas em seu reino adorassem. Esses três rapazes haviam se mantido firmes em seu propósito de adorar somente a Deus.
Sadraque, Mesaque e Abede-Nego estavam atados quando caíram na fornalha. Entretanto, o rei ficou surpreso quando notou que estavam soltos e completamente ilesos, passeando dentro do fogo. O rei ordenou que fossem retirados da fornalha, reconheceu o poder de Deus para salvar aqueles que nEle confiam e “fez prosperar a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego na província da Babilônia” (ver Daniel 3:1-30).
Atribuo a essa confiança em Deus o sustento que obtive.
Essa experiência aconteceu há milhares de anos. Embora hoje as pessoas talvez não sejam mais literalmente jogadas em fornalhas, como aconteceu com Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, talvez nos confrontemos com circunstâncias aflitivas, que na atualidade podem se apresentar sob a forma de doenças incuráveis, acidentes, guerras ou falta de suprimento. Talvez sintamo-nos sem esperanças e de mãos atadas, por não enxergarmos a solução para um problema. Mas, para mim, esse relato bíblico mostra um exemplo de que, não importa a gravidade da situação, pela oração e plena confiança em Deus, podemos desatar o pensamento de tudo o que tente prejudicar-nos ou limitar-nos e esperar que o bem se desdobre continuamente em nossa vida.
Comprovei isso quando passei por sérias dificuldades financeiras. Naquela época, há 15 anos, eu dava aulas no ensino médio e o salário mensal que auferia não chegava para satisfazer minhas necessidades básicas de alimentação e moradia. O que ganhava me sustentava por apenas dez dias. Muitas vezes, a minha refeição do dia era um pedaço de pão com solução de açúcar e água, que eu comia antes de ir trabalhar. Eu morava em um quarto e sala e minha casa não era muito estável. Quando chovia, eu arrumava meu colchão e livros em um cantinho, já que a água penetrava em quase toda a casa.
Eu havia começado a estudar a Ciência Cristã fazia pouco tempo, e lia com afinco Arautos, a Bíblia e Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de Mary Baker Eddy. Com esse estudo, apesar de parecer fisicamente debilitado, sentia-me espiritualmente muito forte, alegre, amoroso e cheio de confiança em Deus. Atribuo a essa confiança em Deus o sustento que obtive, mesmo em ocasiões em que parecia que meus recursos não seriam suficientes nem mesmo para comprar comida. Em duas delas, senti-me inspirado a ler na Bíblia o capítulo seis do livro de Mateus. Nele, Cristo Jesus, diz: “...não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber... Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura não valeis vós muito mais do que as aves”? (Mateus 6:25, 26). Tranquilizou-me saber que Deus ama todos os Seus filhos de forma igual e infinita, e atende constantemente todas as nossas necessidades. Sem que eu esperasse, dois conhecidos, em momentos distintos, espontaneamente me ofereceram dinheiro. Os alimentos que comprei com essas quantias me sustentaram por uma semana em uma ocasião e por quatro dias em outra.
Mantive-me firme na minha confiança em que minha provisão vem de Deus, não de meios escusos.
Eu me alegrava por esse alimento, mas a minha maior alegria se alicerçava na minha confiança em Deus, pela qual eu estava provando que “...o homem é sustentado por Deus, o Princípio divino do ser” (Ciência e Saúde, p. 530). Nosso sustento vem de Deus, a fonte infinita que jorra bênçãos incessantemente para todos os Seus filhos. Percebi que na realidade divina as torrentes de bênçãos já fazem parte da experiência de todos os filhos de Deus. Portanto, eu podia vivenciar suprimento não apenas em algumas circunstâncias, mas sempre.
Ao acalentar esses pensamentos, veio-me a inspiração de amar incondicionalmente meus colegas de trabalho e alunos. Amar incondicionalmente é saber que todos, sem exceção, refletimos a natureza bondosa, pacífica, ordeira e reta de Deus, sem nos atermos ao que humanamente apresenta-se para nós. Quando nossa consciência está repleta de amor incondicional, ela torna-se mais aberta para aceitar todas as coisas boas que provêm de Deus. Passamos a expressar mais paz e saúde, e o suprimento se torna mais visível em nossa experiência. Comecei a ser mais paciente com meus alunos, independentemente dos seus comportamentos. No final do ano letivo de 1999, dezembro em Angola, eu era um professor muito estimado na escola. Na festa de fim de ano, meus alunos recitaram com alegria poesias que eu havia escrito.
Em Angola, é comum que alguns alunos ofereçam aos professores propina para serem aprovados, o que, na gíria local chamamos de gasosa. Em meio à situação de carência que eu vivia, seria muito fácil para mim aceitar gasosa. Entretanto, mantive-me firme na minha confiança em que minha provisão vem de Deus, não de meios escusos.
Os resultados de minhas orações e fidelidade a Deus não tardaram a surgir. Em março de 2000, fui aprovado em um concurso público de um programa de desenvolvimento comunitário, passando a auferir salário doze vezes maior do que aquele que recebia naquela época no setor da educação.
Como aqueles três homens hebreus, cuja confiança em Deus libertou-os do fogo e ajudou-os a prosperar na Babilônia, pela minha confiança em Deus venci a prova de fogo que aquele período de recessão representou e também prosperei. Passei a ter mais do que o suficiente para atender às minhas necessidades. Minhas condições de moradia melhoraram e passei a morar com conforto, em casa própria. Desde aquela época outras oportunidades de emprego surgiram e não lidei mais com escassez financeira.
Minha confiança em Deus aumenta a cada dia!
 
    
