Em minha cidade, com mais frequência do que nunca as bandeiras parecem estar a meio mastro, indicando o falecimento de pessoas reverenciadas. Elas me fazem lembrar de que a cada dia milhões de pessoas estão de luto pela perda de alguém. A morte é um tema constante nas conversas em geral, e não somente com relação a pessoas. Nós ouvimos falar sobre a morte de florestas, de recifes de corais, de espécies inteiras; até mesmo da morte da privacidade, de costumes e de instituições tradicionais, incluindo a igreja.
Tanto enfoque na morte cria um clima mental opressivo que necessita urgentemente mudar. O verso de um hino indica uma maneira de fazer isso:
Ó vinde ver, o Mestre diz:
Com a Verdade, livres sois.
Ao mundo, a morte trouxe dor,
Mas eu sou vida, vinde a mim.
(Elizabeth C. Adams, Hinário da Ciência Cristã, 188, tradução © CSBD)
“Vinde a mim” é uma súplica que se repete na Bíblia. Venha à verdade de que Deus é a única Vida, que expressa e cinge toda a vida. Venha para o Cristo, a maneira de viver e de amar espiritualmente que Jesus provou ser imorredoura. Sua ressurreição e ascensão demonstraram que a vida é independente da matéria e que estamos destinados a segui-lo e a demonstrar isso. Ele disse: “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar” (João 14:2).
Assim como nós, os próprios discípulos de Jesus demoraram a aceitar que o ensinamento dele pudesse realmente anular, em todo momento, a aparente inevitabilidade da morte. Como ele almejava que adquirissem essa compreensão! Esse desejo ficou aparente quando ele foi ressuscitar seu amigo Lázaro, que havia morrido vários dias antes (ver João 11:1–44). Depois de ter falado com as entristecidas irmãs de Lázaro, Jesus chorou. Muitos especulam a razão de ele ter chorado. Pelo relato, sabemos que Jesus amava essa família. É difícil, contudo, acreditar que ele tenha chorado devido a um sentimento de pesar ou lástima, quando ele sabia que Lázaro estava prestes a ser ressuscitado da morte.
Considerando o amor que Jesus sentia pelo mundo inteiro, é mais provável que ele tenha chorado porque nem mesmo seus seguidores mais próximos compreendiam o que a promessa de vida eterna significava e o que se requer para que seja cumprida, começando agora mesmo. De fato, ele ensinou que um tipo de morte tem de acontecer, isto é, a crença de que a vida está na matéria tem de morrer porque ela não é a vida verdadeira, mas é mais como um sonho distorcido que depois desaparece. Ao perder esse senso errôneo de vida, encontramos a vida que Deus proporciona, sem dor nem tristeza, e para sempre boa.
Também é possível que Jesus tenha chorado porque as pessoas falharam em perceber outro ponto importante de seu ensinamento. Há três registros na Bíblia em que os pranteadores dizem que, se
Jesus tivesse chegado lá antes, Lázaro não teria morrido. Todavia, ele havia enfatizado repetidas vezes que não era seu poder pessoal ou sua presença que curava, mas a própria Verdade. Talvez Jesus estivesse prevendo que o erro trágico de depender de uma pessoa para a salvação, ao invés de depender do Princípio, Deus, ocultaria, durante muitos séculos depois de ele ter partido, o verdadeiro poder para curar.
Ainda assim, o grande Professor não chorou por muito tempo naquele dia. Quando, ao obedecer o comando de Jesus, Lázaro emergiu da tumba, Jesus deve ter sentido a alegria que ele disse que não nos poderia ser tirada, isto é, a alegria de que o Consolador, o Confortador, a verdade de que Deus preserva toda a vida eternamente, viria novamente à compreensão humana e seria estabelecida tanto na terra como no céu. Ao longo dos tempos, esse Confortador realmente continuou a aparecer à medida que a consciência espiritual progredia gradualmente, até romper em definitivo a armadilha da morte gerada pela atmosfera do materialismo, por meio da descoberta que Mary Baker Eddy fez da Ciência espiritual da vida.
Embora ainda reste muito para compreender e provar a respeito dessa Ciência, as demonstrações que venceram condições que ameaçavam a vida resultaram da prática dessa Ciência e representam uma mudança extraordinária no clima mental. Há vários anos, uma Cientista Cristã da República do Congo relatou que sua família teve de se esconder durante um período violento da guerra civil em seu país. Quando um grupo de homens armados os encontrou e os cercou, ela se volveu a Deus e se conscientizou de que o Amor divino é tudo. Ela e sua família não sofreram nenhum dano. Vários testemunhos publicados nesta revista relatam como diagnósticos médicos de enfermidades consideradas incuráveis foram revertidos e as doenças curadas pela Ciência Cristã.
Quando as pessoas souberem que existe um poder todo-amoroso e que está sempre disponível para ajudá-las, nada irá detê-las, até que o encontrem. Essa mudança sísmica na consciência está acontecendo, fazendo com que um número sem precedentes de pessoas se rebelem contra a corrupção, o apego ao ego e o medo, que contaminam e matam, e que exijam a pureza e o amor que constituem a vida real.
Quando a morte nos oprime, nós podemos, por sermos verdadeiramente os filhos de Deus, ver mais além da ilusão de que a vida termina. É possível, e até mesmo natural, sentir alegria pelo fato de que cada identidade continua como uma expressão individual e vital de Deus e de que “cada fase sucessiva de experiência desdobra novas perspectivas do bem e do amor divino” (Mary Baker Eddy, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 66).
Pensadores espirituais estabelecem a atmosfera de expectativa do bem. Eles irradiam a confiança em que uma Mente totalmente boa governa o universo, motivando e inspirando a ação inteligente. A maneira despojada de ego que eles têm de viver e amar purifica a atmosfera mental que determina as condições exteriores. Essa ação coletiva constitui uma igreja que está sempre se renovando e que desperta o mundo do sonho da morte para a realidade da eterna bondade da Vida.
Margaret Rogers
Tradução do original em inglês publicado na edição de 27 de junho de 2016 do Christian Science Sentinel.
