Skip to main content Skip to search Skip to header Skip to footer
Original para a Internet

A verdadeira percepção

DO Arauto da Ciência Cristã. Publicado on-line – 25 de novembro de 2014

Tradução do original em inglês publicado na edição de junho de 1926 de The Christian Science Journal.


Um especialista do campo da física afirma que o olho humano percebe apenas o equivalente à quadragésima milionésima parte do universo material. Quão inadequado, então, é esse órgão físico para captar informações confiáveis! O olho nunca vê a maior parte do que está acontecendo no efêmero chamado universo material; o olho não percebe, de nenhuma maneira, o universo espiritual e imutável da Mente divina. Paulo diz: “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram… o que Deus tem preparado para aqueles que o amam” (1 Coríntios 2:9). Onde, então, podemos encontrar a capacidade de percepção que nos faz conhecer a Deus e Sua obra?

A Ciência Cristã rechaça o testemunho da matéria, nega que o homem e os sentidos do homem real estejam na matéria e afirma que o homem verdadeiro e seus sentidos são a expressão da Mente eterna e são dotados da permanência da Mente divina. Com frequência, não se leva em conta o fato importante de que, para que haja sensação, é preciso que exista a Mente. “Só a Mente possui todas as faculdades, toda a percepção e compreensão”, escreve Mary Baker Eddy no livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras (p. 488). Sem a Mente, não pode haver o senso de percepção. A percepção é uma maneira de a Mente agir.

A Sra. Eddy se refere a Deus como “Aquele que tudo vê” (Ibidem, p. 587). Onde se manifesta a percepção que Deus tem? Isso é como perguntar: Onde se expressa a Vida, que é Deus? Ou como perguntar: Onde o Amor, que é Deus, fica evidente? Deus, a Mente, tem apenas uma e única maneira de Se expressar, a saber, Suas ideias. A verdadeira individualidade de cada um de nós é a ideia de Deus e, como tal, deve expressar a percepção do Ego que tudo vê.  Deus percebe, assim como conhece e ama, de maneira tal que atua eternamente em Suas ideias, nelas se torna evidente e delas é inseparável.

Essa descoberta leva a importantes conclusões. A verdadeira percepção do homem é a expressão individualizada do fato de que Deus vê, assim como a vida do homem é a expressão individualizada do fato de que Deus vive. Considerando que a visão do homem é a expressão individual da capacidade que Deus tem de ver, a visão do homem tem a substância e continuidade dessa capacidade divina. A permanência da Mente divina bem como todas as suas faculdades são outorgadas à sua ideia. Devemos, portanto, alcançar a compreensão de que o homem é a ideia de Deus.

Na ordem divina não pode haver uma visão debilitada, pois não pode existir uma Mente debilitada, uma inteligência que tenha se esgotado nem um Deus que tenha ficado cego. A verdadeira percepção não pode enfraquecer-se, pois a atividade de Deus não pode ser interrompida e a oniação perpétua da Mente não pode ser revogada nem diminuída. Se uma ideia pudesse perder suas faculdades de perceber, ou se essas faculdades pudessem se enfraquecer, isso seria evidência de um poder maior do que a Mente onisciente. Deus não seria mais Aquele que tudo vê. A perda da percepção isolaria uma ideia de seus relacionamentos e do companheirismo, que caracterizam a unidade divinamente coordenada das ideias da Mente, e invalidaria a perpétua indivisibilidade de Deus e Seu universo.

As faculdades de perceber dão a habilidade de discernir a identidade de cada uma e de todas as ideias da Mente. As ideias de Deus são inteligentemente unidas em uma família universal e única; assim sendo, se a degeneração das faculdades de perceber fosse possível, essa unidade seria quebrada. Na eterna continuidade da percepção que as ideias de Deus expressam, torna-se evidente a oniação da Mente que tudo vê.

Quais os argumentos que se opõem a essas conclusões? São os pensamentos materiais e a sensação física. Quanta credibilidade podemos dar a tal testemunho? Nenhuma! Por quê? Porque ele nega o padrão divinamente inteligente da vida e do homem real e é, portanto, uma negação, uma mentira.

Essa mentira afirma que existe outra mente, o oposto de Deus que é o bem. Alega que essa mente cria a matéria e reside na matéria. Admite que deve haver uma mente para que possa haver uma sensação, mas diz: Eu sou a mente e estou na matéria. Portanto, essa mentira argumenta que a sensação está na matéria, que a visão e a audição são materiais. Por que essa é uma falácia? Exatamente porque a mente mortal é destituída de inteligência, qualidade que é a essência da Mente; portanto, a mente mortal nunca é a Mente. Denominá-la mente é uma contradição em termos, conforme a Sra. Eddy declara em seu livro-texto (ver Ciência e Saúde, p.114). A Mente nunca é mortal. Como a chamada mente mortal nunca é a Mente, nunca tem sensação. Não tendo sensação, essa mente mortal não pode dotar um organismo sem mente e sem substância com faculdades que ela própria não possui.

O que parece ser visão debilitada é uma falsidade dos sentidos pela qual o erro afirma que a mente e a sensação estejam na matéria orgânica. As dificuldades surgem quando acreditamos naquilo que a mente mortal diz a nosso respeito, isto é, que lhe pertencemos, que somos criados e condicionados pela matéria, que somos dependentes dela e do senso material, ao invés de percebermos que somos o que Deus, a Mente divina, sabe a nosso respeito, isto é, que somos ideias eternas dEle, nunca debilitadas nem sujeitas à fraqueza, vendo o que Ele nos faz ver, não por meio da matéria, mas apesar dela. Os relacionamentos conscientes que temos uns com os outros e com a criação nos são para sempre conservados pela capacidade que Deus tem de sustentar a Si mesmo e de ver tudo. Toda a nossa ação, incluindo a visão, está nEle e pertence a Ele. A consciência eterna que o Uno infinito tem daquilo que Ele é infinitamente, inclui as faculdades de perceber que cada ideia tem.

Portanto, a crença de que a visão se degenera, crença essa que muitas vezes se expande de tal forma até transformar-se em contágio popular, tem como origem o conceito errôneo de que, se a mente está na matéria, a visão também está e pode sofrer destruição ou degeneração, pois esses sempre são os efeitos do pensamento mortal. Quando se compreende que a Mente não está na matéria, torna-se evidente que a sensação também não está. Por isso, a mentira de que possa haver visão deficiente tem de desaparecer, pois não há nada que sustente essa mentira.

Embora a mente mortal, ocultando-se atrás de seu efeito, afirme que o olho vê, a Ciência mostra que isso não é verdade. Apenas a chamada mente mortal acredita que vê coisas materiais, assim como somente ela acredita que percebe os pensamentos mortais. Quando a mente mortal abandona o corpo que ela criou, o olho já não vê, embora sua estrutura orgânica não tenha mudado. À medida que se alcança a verdadeira percepção, os objetos temporais, isto é, os pensamentos mortais, os objetos dos sentidos materiais, gradualmente dão lugar às ideias permanentes da Mente, as quais dão provas evidentes do que Deus é.

Quando a mente mortal encontra alguém que ouve e aceita o argumento de que a visão possa ser deficiente, essa mente apresenta sua mentira com persistente agressividade. A percepção é constantemente necessária para mantermos contato com pessoas, livros e coisas. Sob o pretexto de que é ela necessária, o senso corpóreo tentaria forçar uma concessão, um retrocesso e um prolongamento da alegação de que a matéria primeiro dá a visão e depois a tira, e então exige recursos materiais para que o homem continue a enxergar. Algumas vezes, ela reforça seus argumentos fazendo comparações. Lembra-nos que um amigo, talvez um praticista, usa óculos. Assim, não seria tão ruim se nós usássemos óculos, ela sussurra! É dessa forma que ela elabora suas alegações enganosas. A comparação pessoal tende mais a nos deixar na inútil admiração da personalidade humana, ao invés de nos fazer progredir rumo a Deus. A única obrigação do homem é ser o homem que Deus criou — representar, ou seja, expressar a Mente que tudo vê. O que os mortais parecem ou não fazer, não pode mudar o que o homem tem de fazer. Se para alguns o uso de meios temporários para ajudar a visão humana parece, no momento, o menor de dois males, é bom lembrar que tais meios só podem ser temporários. Nunca deveríamos ficar satisfeitos até que tais meios tenham cedido à perfeita percepção concedida por Deus. Se admitirmos a mentira de que a percepção enfraquecida seja uma condição permanente, estaremos dando abrigo, em nossa casa mental, a uma negação da natureza de Deus.

Alcançamos a percepção verdadeira na medida em que alcançamos a Mente do Cristo, a consciência divina que sabe que Deus é Tudo-em-tudo. Visto que Jacó possuía, em certo grau, essa mentalidade espiritual, ele foi capaz de perceber os anjos, as ideias de Deus, ativos em sua harmoniosa missão celestial. Foi esse mesmo estado de consciência que habilitou Daniel e João a discernirem a visão apocalíptica, como prova de que as coisas invisíveis aos sentidos físicos têm substância. A transfiguração de Jesus mostrou a verdadeira capacidade de percepção que vê além das nuvens do senso terrenal, e encontra o elo consciente entre Moisés e Elias, apesar de eles terem vivido em séculos diferentes, ficando dessa forma evidente que a família de Deus é indivisível.

Não olhos bons, mas pensamentos bons, constituem o meio para alcançarmos a verdadeira percepção. Teremos olhos bons se mantivermos pensamentos bons. Visto que a percepção é uma faculdade da Mente divina e é inerente a ela, temos consciência dessa faculdade somente na proporção em que temos consciência de nossa unidade com a Mente divina. Estaremos conscientemente em unidade com a Mente divina apenas à medida que nossos pensamentos forem os pensamentos dessa Mente. A consciência tem de se tornar conscientemente semelhante a Deus, tem de expressar amor, o bem, a pureza, a honestidade, a espiritualidade e deve ser isenta de ego. Como pode a percepção divina tornar-se evidente, se a crítica, a condenação, o ódio, a desonestidade, o egoísmo, o pecado, o medo habitam nosso pensamento? Deus não vê nenhuma dessas coisas e é a visão dEle que se expressa no homem. Nos versos de abertura do Hino de Comunhão, nossa amada Líder nos faz três perguntas (ver Hinário da Ciência Cristã, no. 298). Cada pergunta está relacionada à percepção:

“Viste o Cristo? O Verbo ouviste?
Sentes de Deus o poder?”

Os três versos seguintes apontam o caminho que devemos seguir a fim de podermos responder corretamente:

“A Verdade libertou
Quem, buscando, a encontrou
Sim, na vida e no amor do Senhor”.

Para conhecer mais conteúdo como este, convidamos você a se inscrever para receber as notificações semanais do Arauto. Você receberá artigos, gravações em áudio e anúncios diretamente via WhatsApp ou e-mail.

Inscreva-se

More web articles

A missão dO Arauto da Ciência Cristã 

“...anunciar a atividade e disponibilidade universal da Verdade...”

                                                                                        Mary Baker Eddy

Conheça melhor o Arauto e sua missão.