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Original para a Internet

O PROBLEMA DA NOGUEIRA

DO Arauto da Ciência Cristã. Publicado on-line – 22 de outubro de 2014

Publicado originalmente na edição de março de 1911 de The Christian Science Journal.


Recentemente, a nogueira que dá sombra ao nosso gramado tem sido o meio de nos ensinar uma lição tão valiosa, que decidi relatar aqui sua história, em benefício de outros que, em sentido figurado, talvez tenham nogueiras em seu próprio quintal.

A cada ano, a chegada da primavera faz com que brotem folhas em todas as outras árvores, mas essa nogueira permanece, durante semanas, sem viço e despida de folhas. Por mais que o sol brilhe com todo o seu resplendor, que os ventos suaves soprem, que as chuvas mornas de verão caiam à vontade, essa árvore não mostra nenhuma reação. Enquanto tudo ao seu redor se torna verde e se reveste de beleza, só a nogueira permanece fria e indiferente, sem tomar parte, como se não quisesse tomar parte, no despertar geral. Isso, porém, nunca nos preocupa, pois sabemos que, depois de algum tempo, pequenos brotos aparecerão, aumentarão de volume e crescerão sem desabrochar, até cobrir todos os galhos nodosos, mantendo-se erguidos como velinhas de Natal. Então, chega uma noite de chuva, seguida de um dia de sol radiante, e eis que o milagre acontece! As velinhas de Natal amolecem e se desdobram em pequeninas folhas que ficam penduradas por alguns dias, como pompons emplumados e, em seguida, assumem imperceptivelmente tal forma e cor que, antes mesmo de nos darmos conta, nossa velha e teimosa nogueira fica coberta de uma vestidura verde que é um encanto durante toda a estação.

Certa vez, ao desfrutar sua sombra exuberante, veio-me o seguinte pensamento: por que não sermos tão pacientes com nossos entes queridos que estão com dificuldade para tomar iniciativas, como o somos com as árvores? As pessoas, como as árvores, têm características próprias, por isso, será que precisamos ficar impacientes ou preocupados porque os processos mentais não são todos iguais? A violeta abre caminho por entre as folhas úmidas quase que ao primeiro sopro da primavera, enquanto a rosa necessita de semanas de cuidados e vigilância da parte do jardineiro, antes de alcançar o pleno esplendor. Entretanto, quem pode dizer que uma é mais bela do que a outra? Estaria a violeta em condições de criticar a rosa ou deveria a rosa julgar e condenar a violeta? Cada uma delas simplesmente se desenvolve de acordo com sua própria natureza, de forma que, nem a presunção da violeta, nem a autocondenação da rosa, facilitaria o crescimento de qualquer uma das duas. Podemos, então, ter menos paciência com nosso irmão ou irmã do que temos com a erva do campo, “que hoje existe e amanhã é lançada no forno”?

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