A onda de refugiados oriundos da África e do Oriente Médio que está inundando a Europa, faz com que muitos se questionem a respeito da nossa responsabilidade com relação a eles. A Grécia está tentando desesperadamente ajudar os milhares de refugiados que estão fugindo da brutalidade do Estado Islâmico. O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados declarou recentemente: “Apesar das precárias condições de vida que muitas pessoas na Grécia estão enfrentando, sua resposta com relação aos refugiados tem sido amplamente acolhedora e generosa”. Os voluntários que ajudam os refugiados a chegar à Europa através da Macedônia são outro exemplo da ajuda que está sendo prestada aos nossos vizinhos globais (ver “Seeking Refuge: Migrants trekking to EU find helping hands in Macedonia,” CSMonitor.com).
Valorizo profundamente essa ajuda humanitária e me sinto impelida a romper, por meio da oração consagrada, com a indiferença humana e a falta de ação. Para serem eficazes, vejo que minhas orações precisam começar com o tipo de amor que Cristo Jesus expressou por meio de seus ensinamentos e suas obras de cura. Ele nos ensinou a orar movidos pelo amor a Deus e ao nosso próximo, ou seja, a compreender a Deus como o Amor e a expressar esse Amor em nosso amor pelos outros (ver 1 João 4:7, 8). Ele mostrou que oferecer ajuda requer que ponderemos honestamente sobre a pergunta: “Quem é o meu próximo”?
Essa é uma pergunta que Jesus respondeu de forma inequívoca, quando um intérprete da lei procurava pô-lo à prova. Jesus percebeu que o homem conhecia a letra da lei, que era amar a Deus e ao próximo, mas que lhe faltava o espírito dessa lei. Depois de Jesus instruí-lo a seguir agindo de acordo com a lei, o intérprete “querendo justificar-se, perguntou a Jesus: Quem é o meu próximo?” (Lucas 10:29).
Jesus respondeu a essa pergunta com uma parábola: Ele descreveu um homem que fora roubado, espancado e deixado semimorto na estrada. Um sacerdote e, em seguida, um levita, passaram por ele e não o ajudaram. Mas então um samaritano parou, cuidou ternamente dos ferimentos do homem, levou-o a uma hospedaria e não somente o deixou em bons cuidados, mas também disse ao hospedeiro: “Cuida deste homem, e, se alguma coisa gastares a mais, eu to indenizarei quando voltar” (Lucas 10:35).
Depois de contar essa história, Jesus perguntou ao intérprete da lei qual desses três parecia ser o próximo do homem deixado semimorto. O intérprete da lei respondeu: “...O que usou de misericórdia para com ele. Então, [Jesus] lhe disse: Vai e procede tu de igual modo” (Lucas 10:37).
Essa é uma lição que não poderia ser mais apropriada para os dias de hoje, na ajuda aos refugiados que se encontram encurralados por interesses políticos e nacionalistas. A parábola do bom samaritano mostra a visão que o Cristo tem da nossa identidade como filhos do Amor divino, à qual respondemos naturalmente oferecendo nosso cuidado, desprovido de ego, por todos os nossos irmãos e irmãs. Jesus ensina que podemos e devemos romper com a indiferença e a falta de ação, mediante a lei do Amor que nos governa.
Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, explica o alcance poderoso do Amor divino e como utilizá-lo: “Coincidir com o governo de Deus é o incentivo correto para a ação de todas as nações...
“O governo do Amor divino é supremo. O Amor governa o universo, e seu mandado já foi publicado: ‘Não terás outros deuses diante de mim’, e ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’ ” (The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Vários Escritos], p. 278).
Coincidir com o governo do Amor inclui expressar a mesma natureza de Deus. É a natureza que Cristo Jesus nos revelou com a parábola, explicando que o desejo de cuidar de outras pessoas provém da compreensão da nossa própria identidade, bem como da identidade de todos, como filhos do Amor.
Encontramos esse amor de Deus em nós, por meio da oração que sente a influência sempre presente do Cristo impelindo-nos a aceitar humildemente a verdade de que, como filhos do Amor, só podemos ser amorosos. O Amor exige que deixemos de lado o ponto de vista de que os outros não são merecedores de amor, e fazemos isso porque compreendemos que o Amor, Deus, é incondicional e universal. O Amor faz com que nos afastemos da indiferença e nos sensibilizemos com as necessidades dos outros.
Percebemos esse efeito do espírito do Cristo naqueles que cuidam dos refugiados, inclusive nos refugiados que cuidam uns dos outros, mesmo enfrentando inúmeros obstáculos. O poder do Cristo alcança profundamente o pensamento da humanidade para corresponder ao governo do Amor. Quando compreendemos o Amor, nós nos tornamos menos egotistas, perdemos o medo do nosso próximo e encontramos os meios para cuidar dos outros. Dessa forma, comprovamos as palavras de Isaías: “Um ao outro ajudou e ao seu próximo disse: Sê forte” (41:6).
