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Original para a Internet

Um irmão, não um terrorista

DO Arauto da Ciência Cristã. Publicado on-line – 13 de janeiro de 2015

Publicado originalmente na edição de julho de 1987 de The Christian Science Journal.


A sociedade de hoje em dia se defronta com uma angústia que deixa muitos jornalistas, teólogos, políticos e cidadãos perplexos e divididos. Quando, em desespero, terroristas cometem crimes trágicos contra a humanidade, algumas vozes clamam por vingança, outras por paciência nas negociações de paz. Mas a vingança não traz uma solução duradoura e, enquanto a angústia continuar, a impaciência só aumentará.

As circunstâncias atuais nos impelem a recorrer a meios espirituais não apenas para aliviar nossa angústia com relação aos efeitos do terrorismo, mas também para proteger a nós mesmos e aos outros desse terrorismo. Podemos fazer isso. Temos de ser modestos, mas reconhecer que a solução já está presente. Ela se apresenta como uma ideia espiritual mais elevada do que a maioria de nós consegue compreender no momento. Mas essa ideia espiritual não está além da nossa capacidade de compreensão, de forma alguma. Temos de olhar para o lugar certo, com mais profundidade e cuidado.

O lugar certo para olharmos é a vida e os ensinamentos de Cristo Jesus. Ele enfrentou traição, deslealdade, injustiça, brutalidade e execução. Todavia, por meio do amor de Deus, ele prevaleceu. Por meio da lei divina, ele saiu vitorioso. Ele saiu da tumba; e a Ciência da Vida eterna que esse fato ilustra lança a luz mais pura e mais poderosa que já foi ou será outorgada ao gênero humano.

Em nosso mundo de hoje, a força militar, de ataque e defesa, pode ajudar a deter a agressão. Mas o método de Jesus era espiritual. No livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, a Sra. Eddy escreve: “Judas tinha as armas do mundo. Jesus não tinha nenhuma delas, e não escolheu os meios do mundo para se defender. Ele ‘não abriu a boca’ ”. Um pouco mais adiante, no mesmo parágrafo, a Sra. Eddy continua: “Pedro quis agredir os inimigos do Mestre, mas Jesus lho proibiu, repreendendo assim a ira e a coragem animal. Ele disse: ‘Mete a espada na bainha’ ” (p. 48).

Embora hoje em dia nenhum de nós compreenda com o mesmo alcance ou profundidade da compreensão espiritual de nosso santo Mestre, ou seja, da compreensão que o capacitou a triunfar completamente sobre a morte e o mal, Cristo Jesus é aquele que mostrou o Caminho para a humanidade. Ele mostrou o caminho para vencermos toda aflição humana, inclusive o presente flagelo. Muitas vezes ele disse: “Siga-me” (Mateus 16:24). Podemos confiar em que, na medida em que o seguirmos, da forma como ele indicou, estaremos a salvo, ajudaremos outros a estar a salvo e podemos até mesmo abençoar aqueles que neste momento acham necessário ou desejável cometer atrocidades.

A vitória de Jesus relatada no Novo Testamento lança uma nova luz, própria do Cristo, sobre um acontecimento narrado nas primeiras páginas do Velho Testamento (ver Gênesis 13:1-12). Abrão era tio de Ló. Pouco depois do ano 2.000 A.C., após um período de andanças nômades, eles se estabeleceram no lugar que ficou conhecido como Palestina, centro de tanto conflito nos dias de hoje. Naquela ocasião, seus rebanhos e manadas haviam aumentado até que, conforme a Bíblia relata: “a terra não podia sustentá-los ... Houve contenda entre os pastores do gado de Abrão e os pastores do gado de Ló”.

Ao invés de deixar que essa contenda continuasse, Abrão sugeriu uma solução que daria mais espaço para ambos os grupos, quando disse a Ló: “Não haja contenda entre mim e ti e entre os meus pastores e os teus pastores, porque somos irmãos” (Gênesis 13:8, conforme a Bíblia em inglês, versão King James).

Talvez pensemos que essa declaração sobre a fraternidade se refira somente ao parentesco de sangue entre Abrão e Ló. Mas compreendida mais espiritualmente, essa declaração revela uma profunda verdade espiritual. Visto que Deus é o Espírito e cria tudo o que existe, todas as pessoas, incluindo a nós mesmos e a todos, que hoje acreditamos conhecer como seres humanos, são, em realidade, os filhos espirituais de Deus. Por sermos os filhos de Deus, Ele provê, a cada um de nós, todo o necessário para expressarmos uma identidade única e eterna. Ninguém obtém o bem de outra pessoa, mas Deus lhe provê ternamente todo o bem, presente por constante reflexo. Ninguém rouba nem é roubado. Não existem terroristas nem vítimas no reino de Deus. Ninguém é consumido pelo ódio, pela vingança, pela violência ou pelo medo. “Somos irmãos.”

Essa verdade espiritual sobre a identidade e fraternidade do homem inclui um amor que transcende quaisquer laços humanos e é o fundamento da harmonia entre os homens. Cristo Jesus ensinou e viveu essa verdade. Ele disse: “Ouvistes que foi dito: Olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra; ... Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, ... Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste” (Mateus 5:38, 39, 43-45, 48).

A maravilha é que nosso humilde Mestre, que nos mostrou o caminho, não somente proferiu essas palavras, mas recebeu de Deus o poder de vivê-las e de comprová-las na terrível experiência do Getsêmani e do Calvário. A Ciência divina, que era o fundamento de sua força moral e espiritual, não falhou com ele nem com o gênero humano.

Por alguns momentos, no Getsêmani, Jesus ansiou que seus discípulos o apoiassem. Mas eles não estavam à altura dessa missão. Talvez eles ainda não compreendessem suficientemente que Deus é Tudo. Eles dormiam. A Sra. Eddy escreve: “Esse anseio humano não foi correspondido, e por isso Jesus se volveu para sempre da terra para o céu, dos sentidos para a Alma” (Ciência e Saúde, p. 48). Por meio de sua obediência a Deus, o Amor divino, ele provou a autoridade do domínio que Deus outorga ao homem, ele provou esse domínio ao vencer as formas mais cuidadosamente organizadas do ódio malicioso.

É possível que muitos de nós hoje estejamos adormecidos, quando deveríamos estar alerta e orando? A oração humilde, e o viver de acordo com essa oração, é a única maneira de interromper esse antigo ciclo de ofensa, ódio e vingança. A despeito do que parece ser tão verdadeiro, a verdade é que não estamos lutando contra pessoas. Estamos lutando contra a crença antiga de que o homem é mortal, e não o abençoado e amado filho de Deus. O inimigo é a sugestão de que haja uma mente separada da única e una Mente infinita, ou Deus.

No terceiro capítulo do Gênesis e em outras partes, a Bíblia ilustra essa sugestão com uma serpente, símbolo da influência mental astuta. O Apóstolo Paulo dilacera a astúcia da serpente, quando escreve: “...a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso...” (Efésios 6:12).

Nossa defesa contra as sugestões da serpente é a verdade espiritual de que Deus é o bem e é Tudo. A totalidade de Deus, compreendida, pode destruir toda crença de que o mal seja uma força moral ou espiritual. Essa totalidade revela o Cristo, a Verdade eterna, mostrando assim que o homem é a ideia de Deus. A Sra. Eddy escreve: “Para o Amor infinito, sempre presente, tudo é o Amor, e não há erro, não há pecado, nem doença, nem morte” (Ciência e Saúde, p. 567).

Para algumas pessoas, isso representa um conceito radicalmente novo. Elas talvez achem que esse conceito é uma maneira ingênua de enfrentar o fanatismo, e que os deixa indefesos. Em realidade, expressar o poder de Deus, o Amor divino, não causa o sacrifício de mais vítimas, mas oferece a única maneira definitivamente eficaz de vencer a mentalidade de ódio e medo, a qual engana e vitimiza. O Amor, refletido na expressão de amor puro e constante, expõe e destrói a mentira que aterroriza o mundo inteiro. A Sra. Eddy escreve: “Ama teus inimigos, ou não deixarás de tê-los; e se os amares, ajudarás a reformá-los” (Miscellaneous Writings [Escritos Diversos] 1883-1896, pp. 210-211).

“O Cristo aponta o caminho da salvação. Sua maneira de fazê-lo não é uma maneira covarde, cruel, nem imprudente, mas ela ensina aos mortais a lidar com serpentes e a expulsar o mal. Nossa própria visão deve ser clara a fim de abrir os olhos dos outros, senão o cego guiará outro cego e ambos cairão” (Miscellaneous Writings 1883-1896, p. 211).

Compreender esse profundo enfoque espiritual para confrontar o mal e a violência, e dar os passos práticos que mostram que nos recusamos a odiar ou a nos desesperar ante a evidência cruel e implacável de violência, realmente traz paz e segurança a nós e àqueles que amamos. Também ajuda a aclarar a atmosfera generalizada do pensamento humano e a apoiar os esforços daqueles trabalhadores e pensadores que, em prol da humanidade,  buscam uma maneira de sair do ciclo vicioso do terrorismo. Dessa forma, promovemos a paz em um mundo que algum dia terá de se unir para resolver esse problema por meio do Amor divino prático.

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