Assim lemos no relato que consta do evangelho de Mateus (27:51). Será que esse detalhe tem um significado especial, uma vez que é especificamente mencionado? Sim, tem!
Jesus, o Messias ou o Cristo da profecia, o qual tinha sido aguardado por séculos, havia finalmente aparecido e passado três anos viajando pelas províncias romanas da Judeia e da Síria. Durante esse tempo, ele curou muitas pessoas, ensinou, admoestou, confortou e, até mesmo, ressuscitou mortos. Sua obra foi um trabalho de amor, além de trazer as boas-novas de que o reino de Deus está dentro de nós e não se trata de um lugar longínquo. Ainda assim, ele foi caluniado, maltratado e, finalmente, crucificado, a pedido das autoridades invejosas e da multidão.
O ensinamento de Jesus, de que Deus, o Pai de todos, é o Amor sempre presente, opunha-se às doutrinas religiosas da época. As pessoas geralmente acreditavam que Deus vivia na parte do templo chamada Santo dos Santos, que era separada do resto do edifício por uma cortina. Ninguém, exceto o sumo sacerdote, tinha acesso a esse lugar e, mesmo assim, somente uma vez por ano.
O desânimo, a tristeza e o choque causados pelo problema desapareceram rapidamente.
Quando Jesus foi crucificado, aconteceu algo que foi descrito da seguinte forma: “Desde a hora sexta até à hora nona, houve trevas sobre toda a terra... Eis que o véu do santuário se rasgou em duas partes de alto a baixo; tremeu a terra, fenderam-se as rochas” (Mateus 27:45, 51).
Será que não podemos ver, no rasgar do véu que ficava na frente daquilo que era considerado como a “casa de Deus”, um claro sinal de que essa separação entre Deus e o homem, engendrada por humanos, não existe? Deus é o Espírito sempre presente e o homem é a imagem e semelhança de Deus (ver Gênesis 1:26, 27). O original e o reflexo têm de estar unidos. Eles não podem ser separados.
A Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, Mary Baker Eddy, escreveu em seu livro, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “Assim como uma gota de água é uma com o oceano, um raio de luz é um com o sol, do mesmo modo Deus e o homem, Pai e filho, são um no existir” (p. 361).
Tenho percebido que há muitos outros “véus” no dia a dia, e eles são geralmente de natureza mental. Certa vez, tive uma experiência que me fez lembrar disso. Repentinamente, comecei a sentir uma dor muito intensa e tinha muita dificuldade para caminhar. Naturalmente, comecei a orar de imediato para poder despertar desse sonho de dor. Mas, de alguma maneira, não me sentia inspirada enquanto orava e o problema melhorou só um pouco. Mas, pelo menos, consegui dirigir até a Igreja de Cristo, Cientista, da qual sou membro. Quando voltei para casa, orei um pouco mais sobre o problema, principalmente com as ideias destes dois artigos: “The scientific certainty of healing” [A certeza científica da cura], de James Spencer (da edição de 8 de setembro de 2014 do Christian Science Sentinel), e “For or against spiritual healing: Where do we stand?” [A favor da cura espiritual ou contra ela: de que lado estamos?], de Nathan A. Talbot (da edição de maio de 1990 de The Christian Science Journal).
No dia seguinte, quando comecei a ler novamente o primeiro artigo, algo especial aconteceu: foi como se o “véu” em meu pensamento tivesse sido rasgado. O desânimo, a tristeza e o choque causados pelo problema desapareceram rapidamente. Simplesmente sumiram! Eu estava repleta da luz da alegria e sentia a presença de Deus. Podia me sentir literalmente inundada de alegria e luz. Um pouco mais tarde, li a seguinte passagem na Lição Bíblica semanal do Livrete Trimestral da Ciência Cristã: “Na Ciência divina, Deus e o homem real são inseparáveis como Princípio divino e ideia divina” (Ciência e Saúde, p. 476).
Ao refletir um pouco mais sobre o problema, as seguintes palavras da “Regra para motivos e atos”, que é dirigida aos membros dA Igreja Mãe, me vieram ao pensamento. A Sra. Eddy fala sobre vigiar e orar para se livrarem de todo o mal: “...de profetizar, julgar, condenar, aconselhar, influenciar ou serem influenciados erroneamente” (Manual da Igreja, Art. 8°, § 1°). Compreendi de repente que eu estivera ignorando tudo isso: Eu havia “profetizado erroneamente” que não seria capaz de fazer o trabalho que tinha de realizar, eu havia me “julgado” ao me “condenar” por esse problema físico, eu havia quase ouvido o “conselho” do erro e desistido dos planos para o próximo fim de semana, para o qual tinha grandes expectativas. Assim sendo, eu havia me deixado “influenciar” erroneamente pelo doloroso problema físico.
Simplesmente não há nada em todo o universo que possa interromper ou destruir nosso estado de santidade, de inteireza e de saúde, estado esse que é nossa herança eterna.
Vocês podem imaginar minha gratidão por esse véu de pensamento errôneo ter sido rasgado? Uma citação da Bíblia na Lição Bíblica daquela semana apresentou isso muito claramente: “Aquele que é santo, continue a santificar-se” (Apocalipse 22:11, conforme a Bíblia em inglês, versão King James). Simplesmente não há nada em todo o universo que possa interromper ou destruir nosso estado de santidade, de inteireza e de saúde, estado esse que é nossa herança eterna. Foi maravilhoso constatar que a dor insuportável logo desapareceu completamente.
É da natureza do erro, ou seja, de tudo o que tentaria contradizer a Verdade, Deus, obscurecer nossos pensamentos e sentimentos, fazendo com que deixemos de estar envolvidos em boas atividades e pensemos que não podemos participar de eventos já planejados e pelos quais esperamos ansiosamente. O erro sempre sussurra: “Pare! É impossível, simplesmente desista e volte para a cama”. Os anjos de Deus, por outro lado, outorgam coragem, energia, alegria e criatividade, com os quais conseguimos edificar, realizar, criar, vivenciar amor, alegria e satisfação e compartilhá-los com os outros.
Nosso Pai-Mãe Deus, o bem, sempre está relacionado com a luz, nunca com as trevas. Ele está sempre exatamente onde estamos. Nunca nos esqueçamos de que nada pode nos separar dEle, de Sua bondade e do Seu amor infinitos. Rasgar o véu mental capacita cada um de nós a se sentir próximo de Deus e de Seu amor infinito. Assim sendo, podemos celebrar a alegria da Páscoa, a alegria da ressurreição de Jesus, da vida eterna, e, com alegria fazer coro com os primeiros cristãos: “Ele ressuscitou! Sim, realmente ele ressuscitou”.
