Faltavam quatro horas para a primeira apresentação do musical da minha escola, e eu não conseguia encontrar minha palheta — uma pequena peça do bocal de um corne inglês [espécie de oboé]. Eu não tinha como tocar esse instrumento sem a palheta e comecei a entrar em pânico. E se eu não conseguisse encontrá-la? E se eu não pudesse participar da apresentação? Enquanto esses pensamentos passavam pela minha cabeça, senti-me completamente dominada pela vergonha e pelo medo.
Para falar a verdade, não recorri a Deus de imediato, como depois percebi que deveria ter feito. Em vez disso, freneticamente, refiz o trajeto por onde havia passado dentro da escola. A frustração começou a tomar conta de mim porque, ultimamente, esquecer as coisas estava se tornando algo frequente. Senti que não conseguia pensar claramente devido a sentimentos de autocondenação, medo e dúvida.
Depois de cerca de meia hora procurando a palheta, fui ao instrutor da minha banda e a outro professor, e contei-lhes o que estava acontecendo. Porque eu estudava em uma escola para Cientistas Cristãos, eles me ajudaram a pensar de um modo diferente sobre essa situação. Um de meus professores sugeriu que eu procurasse a palheta em meu dormitório e afirmou categoricamente que eu nunca poderia me faltar daquilo de que precisava. Essa afirmação está fundamentada no fato espiritual de que toda ideia correta vem de Deus. Visto que eu sabia ser impossível estar separada de Deus, que é o Espírito infinito, eu também sabia que nunca poderia estar privada de algo que fosse bom, o que incluía aquilo de que eu precisava para expressar alegria e harmonia. Era isso o que aquela apresentação musical representava.
De início, ao voltar para verificar meu dormitório, senti-me desanimada. Nesse momento, contudo, eu estava ao menos orando e, ao fazê-lo, lembrei-me de uma passagem de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de autoria de Mary Baker Eddy. Nesse livro ela descreve a Deus como “...a Mente que tudo ouve e tudo sabe, e que sempre conhece todas as necessidades do homem e as satisfaz” (p. 7). Percebi que, naquele exato momento, Deus realmente estava me dando tudo de que eu precisava, incluindo a percepção e a clareza necessárias para encontrar algo que parecia estar perdido.
Quando cheguei ao dormitório, outra mudança ocorreu em meu pensamento. Em vez de me sentir responsável por encontrar algo, percebi que Deus era meu guia, ou seja, qualquer ideia correta de que eu precisasse viria dEle e não de eu pensar exaustivamente ou correr freneticamente de um lado para outro. Pensei em outra passagem de Ciência e Saúde, a qual reforçou essa ideia: “A intercomunicação se faz sempre de Deus para Sua ideia, o homem” (p. 284). Senti uma confiança renovada de que Deus estava claramente Se comunicando comigo.
Embora eu estivesse convencida de que havia perdido o bocal em algum lugar da escola, um pensamento claro e renovador me impeliu a verificar a cômoda do meu quarto. Eu sabia que essa era uma mensagem divina, assegurando que eu tinha tudo de que precisava. Então, em fração de segundos, olhei para o lugar para o qual eu havia sido direcionada. Uma onda de alívio tomou conta de mim quando vi a palheta. Senti-me cheia de puro amor e paz e, imediatamente, agradeci a Deus.
Depois dessa mudança de pensamento, todas as três apresentações que fiz foram harmoniosas. Mas algo ainda mais significativo aconteceu. Desde aquela experiência, tenho sentido um desejo crescente de compreender a Deus e sentir-me próxima dEle, escutando Suas mensagens de maneira mais constante. Essa cura me mostrou que a ajuda e a comunicação de Deus estão sempre disponíveis e que cada um de nós tem a capacidade de ouvir a Deus claramente.
