Uma parte integrante da prática da Ciência Cristã é ter a certeza de que a oração resultará, de forma tangível, na satisfação de nossas necessidades humanas. Essa oração se baseia em sabermos que existe um só Deus Todo-poderoso, o Espírito, e o homem à Sua imagem e semelhança. Quer a necessidade seja a de curar uma doença física, encontrar paz em um relacionamento, resolver uma dificuldade financeira, ou obter a solução para algum outro problema, deixamos de pensar que somos mortais limitados, e nos voltamos a Deus, a fim de encontrar a nossa identidade, espiritualmente substancial. O resultado de termos suficiente compreensão sobre essa identidade é que encontramos a provisão palpável de tudo aquilo de que necessitamos.
A cura ou a solução de algum problema é considerada como uma “crença melhorada” (Mary Baker Eddy, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 296), pois ainda não superamos todos os aspectos da vida material, mas alcançamos clareza espiritual suficiente para resolver o problema específico em questão.
Nossa união, isto é, o fato de que somos um com Deus, por Ele ser nosso Pai, é uma realidade espiritual presente, mas nosso completo despertar para esse fato parece vir aos poucos. Por exemplo, embora muitos estejam provando a praticidade de confiar na Ciência Cristã para a cura de doenças do corpo, provavelmente temos ainda muito mais a aprender, antes de compreender plenamente e demonstrar de uma forma completa a vida somente no Espírito e do Espírito. O tratamento pela Ciência Cristã traz cura rápida e até mesmo instantânea, embora haja ocasiões em que a cura se prolonga em estágios progressivos, e o paciente vai se libertando de um estado material anormal. Da mesma forma, em outros aspectos da nossa vida, o crescimento espiritual é uma experiência progressiva em que emergimos “suavemente da matéria para o Espírito” (ver Ciência e Saúde, p. 485).
À medida que crescemos espiritualmente, algumas facetas do nosso dia a dia assumem também um caráter mais elevado. Por exemplo, notamos que estamos comendo de forma mais moderada, ou que estamos menos propensos a nos sentir pressionados, ou que nos sentimos menos limitados pelas crenças em envelhecimento. Ou, no caso das instituições humanas — tais como a igreja, o casamento ou os governos eleitos — progressivamente alcançamos um maior apreço pelas ideias espirituais que essas instituições nos proporcionam, dando-nos a oportunidade de colocá-las em prática, ou seja, de amar o próximo como a nós mesmos, e deixar que nossos pensamentos e ações sejam governados pela orientação de Deus e não por preconceitos pessoais. Isso nos leva a agir de maneira mais inspirada e construtiva, à medida que nos tornamos menos obcecados apenas pelos elementos materiais das instituições humanas.
Mary Baker Eddy, que descobriu a Ciência Cristã, nos aconselhou em seu livro Ciência e Saúde: “Abandonemos tão depressa quanto possível o que é material, e coloquemos em prática o que é espiritual, o qual determina aquilo que é visível e é real” (p. 254). Nós nos empenhamos nesse crescimento espiritual, mas, às vezes, não sabemos bem o que é realmente “possível” de ser posto em prática em uma determinada situação. Quando sentimos uma indicação de que devemos abandonar certo aspecto de materialidade, será porque demos atenção à orientação divina, ou será apenas um impulso errado da vontade humana?
A Sra. Eddy também escreveu: “A sabedoria nas ações humanas começa com o que está mais próximo de ser o certo dentro das circunstâncias, e a partir daí alcança o absoluto” (Miscellaneous Writings [Escritos diversos] 1883–1896, p. 288). Temos de discernir essa sabedoria por meio da oração, a fim de saber “o que está mais próximo de ser o certo dentro das circunstâncias”.
Cristo Jesus manifestava essa sabedoria divina. Ele satisfazia as necessidades das pessoas da maneira que melhor lhes favorecesse o bem-estar e o crescimento espiritual naquele momento. Além de curar muitas doenças físicas, ele atendeu a necessidades tais como a de alimentar multidões com um escasso número de pães e peixes e, em outra ocasião, a de localizar o dinheiro para pagar um imposto, ao orientar um discípulo a encontrar uma moeda na boca de um peixe. Ele também, certas vezes, atendeu às necessidades das pessoas simplesmente dando conselhos sábios. Por exemplo, uma vez ele disse a seus discípulos para levarem “provisão para suas despesas” quando viajassem (ver Lucas 22:35, 36 e Mary Baker Eddy, The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Vários Escritos, pp. 215–216). Em outra ocasião, Jesus aconselhou um homem a quem ele havia curado a ir para casa ter com seus amigos e compartilhar com eles as boas-novas de sua cura — em vez de permanecer com Jesus (ver Marcos 5:1–19).
Jesus compreendia que a sabedoria divina é inata à individualidade verdadeira, totalmente espiritual, de cada um de nós. Por meio do crescimento espiritual, permitimos que essa sabedoria divina desaloje do nosso pensamento a mera sabedoria humana, que toma decisões e faz críticas frequentemente com base na crença de que o mal é real. Por outro lado, a expressão da sabedoria divina está fundamentada na compreensão de que somente Deus, o bem, é poder. Aceitar mais dessa pura sabedoria de Deus, em espírito de oração, nos proporciona, em nossas ações humanas, a intuição espiritual e o discernimento para tomar as melhores decisões sobre os passos humanos a serem dados — passos esses que melhor apoiarão o desdobramento das qualidades morais e espirituais na consciência, promovendo nosso crescimento espiritual, sem nos colocar na posição de tentar demonstrar aquilo para o qual não estamos preparados.
A verdadeira sabedoria é o conhecimento e a compreensão que Deus tem de Si mesmo e da Sua criação, completa e eternamente boa. Nenhum elemento do mal jamais pode existir na consciência que Deus tem a respeito de Si mesmo e de Sua ideia. Deus é supremamente sábio e, pela Sua própria natureza, Ele é incapaz de conhecer ou estar ciente do mal ou do erro, sob nenhuma forma. E visto que Deus criou cada um de nós, o ato de refletir essa verdadeira sabedoria é divinamente natural para nós. O dicionário de Noah Webster de 1828 intitulado American Dictionary of the English Language (Dicionário Americano do Idioma Inglês, usado na época da Sra. Eddy) nos dá, como parte da definição de sabedoria, esta declaração: “sabedoria é o exercício do bom senso, quer para evitar os males, quer para tentar fazer o bem”. Para mim, isso indica que, embora comumente pensemos sobre sabedoria em termos de evitar o mal, em um senso mais elevado, a sabedoria deve ser vista simplesmente como a capacidade de Deus, o bem, de continuar a se desdobrar ou se revelar a nós de forma ordenada, sempre nova e tangível, sem nenhuma referência ao mal. Essa é a natureza própria do bem. Assim como a luz destrói a escuridão sem saber nada sobre a escuridão, também a verdadeira sabedoria, caracterizada pelo desdobramento eterno do bem, nada sabe do mal ou do erro, mas por sua própria natureza destrói o mal e o erro de qualquer espécie. Assim, na medida em que permitimos que a sabedoria divina governe nosso pensamento, a tendência da mente humana de tomar decisões baseadas na ignorância, no medo ou no preconceito pessoal é substituída pela influência moderadora da Mente divina; e essa influência nos oferece percepções que talvez não sejam claras para os sentidos físicos, mas mostra um caminho que se coaduna melhor com o que já demonstramos da nossa individualidade espiritual.
O fato de que a sabedoria é um atributo de Deus aparece entrelaçado no conteúdo do Manual da Igreja Mãe, o livro que nossa Líder nos deu, o qual esboça uma estrutura prática para a igreja que ela fundou. Ao escrever o Manual, Mary Baker Eddy disse que foi guiada por um poder que não era dela mesma (como consta em Miscellaneous Writings, p. 148). A meu ver, o Manual nos fornece a estrutura para a instituição humana que melhor ajuda a humanidade a abandonar as limitações humanas e a “emergir suavemente da matéria para o Espírito”.
Um dos Artigos no Manual, o Artigo para os Enfermeiros da Ciência Cristã (ver p. 49), menciona especificamente a necessidade de se compreender a sabedoria prática. Não é de surpreender que a enfermagem da Ciência Cristã requeira de forma muito nítida que se expresse sabedoria prática. A enfermagem é uma atividade que toca justamente o ponto mais específico em que a prática da Ciência Cristã desafia as crenças profundamente enraizadas que têm a ver com o corpo material.
Os enfermeiros da Ciência Cristã cuidam das pessoas que estão recorrendo somente à Ciência Cristã para a cura, e estão recebendo tratamento em oração, por parte de um Praticista da Ciência Cristã. Os cuidados práticos que os enfermeiros da Ciência Cristã oferecem são variados e incluem detalhes tais como colocar bandagem em uma ferida, preparar comida apropriada para certos casos, ou ajudar com cuidados pessoais (para mais informações, acesse christianscience.com/additional-resources/christian-science-nursing). A sabedoria prática requer que os cuidados prestados pela enfermagem da Ciência Cristã sejam “o que está mais próximo de ser o certo dentro das circunstâncias” — permitindo que o paciente expresse liberdade e independência natural na medida do possível, enquanto a cura está ocorrendo, e ajudando a proporcionar um ambiente mental e físico que seja favorável ao crescimento espiritual, ao progresso e à cura.
Embora a sabedoria que permeia o Manual encontre expressão especial na provisão para a enfermagem da Ciência Cristã, em um sentido mais amplo, todas as atividades estabelecidas no Manual são consideradas como “uma forma de cuidar” da humanidade, porque requerem, à sua maneira, qualidades que capacitam alguém a cuidar de algo, expressando sabedoria prática. Por exemplo, participar do quadro de membros de uma filial da Igreja de Cristo, Cientista — atividade prevista no Manual — requer desses membros sabedoria prática, a fim de melhor realizar as atividades da instituição humana de igreja, fundamentada na confiança radical no Espírito. E, ao mesmo tempo, atende aos membros de acordo com a compreensão que eles têm, tanto do ponto de vista prático, como do espiritual.
A administração de uma igreja tem muitos aspectos, e cabe aos membros ficar atentos, em espírito de oração, para saber qual é a forma mais acertada de agir, com relação aos vários assuntos que requerem atenção.
Para dar apenas um exemplo, os membros às vezes questionam como uma igreja filial deve melhor divulgar a mensagem de cura da Ciência Cristã; até que ponto os métodos comumente usados nesta época são meios úteis de comunicação, e até que ponto eles constituem mera distração, ou talvez não sejam realmente eficientes.
Os membros de uma igreja se deparam com uma variedade de assuntos relacionadas ao uso de métodos humanos. E como nesse ponto cada um de nós ainda está crescendo na compreensão da sabedoria divina, nem sempre os membros concordam sobre qual é a abordagem mais correta em uma determinada questão. Vale a pena lembrar que os membros devem recorrer à Mente única, Deus, o todo-sábio, em busca de orientação! A oração, fundamentada no conhecimento de que a Mente única é a fonte de toda verdadeira atividade e comunicação, abre o caminho para demonstrar, de modo suave, uma forma de confiar mais em Deus, o Espírito. Passo a passo, isso traz à luz qual é a maneira mais correta de proceder em qualquer ponto específico do desenvolvimento espiritual dos membros.
Na medida em que os membros se voltam fielmente para a Mente única, em vez de ficarem presos a noções preconcebidas, a harmonia e a união genuína entre os membros da igreja permanecem intactas, o progresso espiritual e a cura para a igreja e sua comunidade são assegurados, e a sabedoria divina determina e guia cada vez melhor as suas atividades.
Nosso reconhecimento de que o único Deus todo-atuante e todo-sábio é a própria fonte do nosso existir tem de levedar a chamada sabedoria humana, dissipando o partidarismo, o medo e o ego, de modo que a sabedoria divina fique evidente em maior grau. Ao demonstrar isso em nossas esferas individuais e cotidianas, em nossas interações com nossa família, vizinhos, colegas e companheiros no trabalho na igreja, também compreendemos a maneira de orar com mais eficácia para que a sabedoria divina se expresse em situações de maior alcance, tais como aquelas relativas a governos e questões econômicas. O Amor divino nos leva a nutrir as boas intenções dos outros, sabendo que o desejo por justiça e progresso, e as ações humanas destinadas a realizá-los, são moldadas pela sabedoria da Mente única, que não conhece limitações, mas apenas o bem e a paz abundante para todos. Vamos adorar o nosso bom e único Pai-Mãe Deus, todo-amoroso, todo-sábio, e saber que Ele mantém a todos nós na palma de Sua mão.
