Toda vez que vejo nos noticiários e nos jornais reportagens sobre catástrofes climáticas ou desequilíbrios que põem em risco o bem-estar das pessoas, sou levado a orar, tal como acontece com muita gente. Ainda que à primeira vista possa parecer que o clima seja uma circunstância que não depende de nós, a respeito da qual nada podemos fazer, encontramos na Bíblia muitos relatos em que a oração de homens consagrados conseguiu obstar perigos iminentes devidos a problemas atmosféricos. Por exemplo, há o relato de que o profeta Elias, em época de seca, orou e “...os céus se enegreceram, com nuvens e vento, e caiu grande chuva...” (1 Reis 18:45). Também o Evangelho de Mateus diz que Jesus estava com os discípulos em um barco e desabou uma grande tempestade e ele “...levantando-se, repreendeu os ventos e o mar; e fez-se grande bonança” (Mateus 8:26).
Faz algum tempo, li um conto tradicional chinês que me ajudou a entender um pouco mais como o pensamento influi nessas circunstâncias. A história se referia a um povoado que estava sofrendo com a falta de chuva. Então, chamaram um “fazedor de chuva”, homem esse que, segundo diziam, tinha a capacidade de fazer chover. Esse homem chegou ao vilarejo e, depois de ficar recolhido alguns dias sozinho, começou a chover. Quando lhe perguntaram o que havia feito, ele contou que, ao chegar e ver que as plantas secavam, os animais morriam e todos estavam preocupados, sentiu-se perturbado. Então, percebeu que precisava primeiro acalmar seu próprio pensamento. Quando ficou em paz, a harmonia ao seu redor se restabeleceu e, como o que faltava era água, simplesmente choveu.
Comecei a refletir sobre a relação que há entre os pensamentos e as circunstâncias em que vivemos, em um sentido mais amplo, incluindo os fenômenos climáticos. O protagonista da história não havia implorado que chovesse, nem fizera nenhum ritual extraordinário, simplesmente havia aquietado seu próprio pensamento com ideias que lhe trouxeram paz e um senso de segurança.
Esse relato me fez pensar, e logo encontrei apoio no que estava aprendendo na Ciência Cristã. Percebi que tudo o que nos rodeia se deve, de algum modo, ao estado mental. Quando o pensamento está perturbado, ele manifesta essas caraterísticas, assim como acontece de o corpo manifestar sintomas de doença, quando o pensamento não é harmonioso. Da mesma maneira, medos, emoções descontroladas, ódio, encontram expressão, de alguma forma, nos fenômenos climáticos. Isso também me fez pensar que, em vez de nos lamentarmos pelas consequências desagradáveis, podemos substituir todo pensamento nocivo que percebemos em nós mesmos, ou em nossa comunidade, pelas ideias da Alma, a Mente divina, reconhecendo assim o perfeito governo de Deus, com Suas leis de suprema harmonia, as quais se sobrepõem às crenças materiais que se apresentam como leis.
Com essa percepção, ficou evidente para mim a importância de estar alerta ao clima mental coletivo, a fim de poder corrigir os estados mentais perturbados, substituindo-os, por exemplo, por ideias espirituais de paz, harmonia e justiça. Em certa ocasião, tivemos chuvas muito copiosas na cidade onde eu moro. Em poucas horas, caiu um volume de água correspondente a um mês de chuvas normais. Isso fez com que o rio, que passa no centro da cidade, aumentasse muito seu volume de água e quase rompesse as barreiras de proteção, o que gerou vários problemas. Comecei a orar por essa situação, sabendo que havia uma previsão de alerta meteorológico que prognosticava quase mais uma semana de iguais condições. Naquela manhã, observei que havia um nevoeiro muito forte nas ruas, e me perguntei qual seria o estado mental que estava se manifestando assim.
Ao orar, em busca de inspiração, encontrei esta citação do livro Miscellaneous Writings [Escritos Diversos] 1883–1896, de Mary Baker Eddy: “Acima da névoa dos sentidos e das tempestades da paixão, a Ciência Cristã e sua arte se erguerão triunfantes; a ignorância, a inveja e o ódio — os trovões inofensivos da terra — não lhes arrancam as asas celestiais” (p. 374). Em seguida, lembrei-me de que naqueles dias os jornais haviam publicado notícias preocupantes de ordem local, que incluíam esse tipo de estado de ânimo. Percebi que aquelas tormentas se relacionavam com as “tempestades da paixão”. Foi assim que decidi limpar meu pensamento de toda e qualquer sugestão errônea, sabendo que Deus criou um reino harmonioso, governado por leis de equilíbrio e beleza que infundem a tudo um ritmo de serenidade e paz. A atmosfera repleta de ideias que emanam de Deus não pode expressar paixões nocivas. Só o entusiasmo, a alegria e os sentimentos de bondade podem reinar. O efeito foi que aos poucos o nevoeiro se dissipou e a previsão de pesadas chuvas não se cumpriu, pois a tempestade terminou muito antes do que se esperava.
Essas experiências me animam a estar cada dia mais alerta e a orar para prevenir os estados mentais desequilibrados que se manifestam na atmosfera como tempestades, secas ou qualquer outra instabilidade.
Tenho a certeza de que passo a passo poderemos demonstrar aquilo que a Sra. Eddy afirma em Ciência e Saúde: “O marinheiro terá domínio sobre a atmosfera e as grandes profundezas, sobre os peixes do mar e as aves do céu” (p. 125). Essa é, certamente, uma promessa que podemos ver cumprida.
