Durante mais ou menos um ano eu realmente tive dificuldade, pois odiava uma menina da minha turma. Era difícil até aturar estar na mesma sala que ela, quanto mais falar com ela.
Fiquei irritada com essa menina devido a algo que ela havia dito. Logo depois, com raiva, passei a antipatizar muito com ela, e a criticá-la em tudo. Após algum tempo, me dei conta de que o ódio estava me prejudicando, e foi aí que decidi ter uma conversa com ela.
Quando tomei coragem para lhe dizer por que eu estava zangada, a conversa não foi nada produtiva. Alguns dias depois, fui falar com ela outra vez e senti-me tão frustrada que praticamente gritei durante a conversa, eu só conseguia pensar que essa menina era ruim demais.
Ficamos discutindo e parecia que a conversa não nos levava a lugar nenhum. Mas então ela me perguntou: Se eu podia, tão rapidinho, presumir que ela era mal-intencionada, então, por que eu não poderia pressupor que ela tinha boas intenções? Fiquei sem resposta. Por que havia eu deduzido tão depressa que ela era uma pessoa ruim? Por que eu não podia ver nada de bom nela? Respondi que ela estava com a razão e prometi tentar focalizar o bem.
Algumas horas depois, perguntei a um amigo como eu poderia ver o bem em alguém que me deixava frustrada. Ele me disse que eu podia amá-la. Essa era uma ideia tão simples, mas ao mesmo tempo tão poderosa, porque era o que Cristo Jesus fazia, e era assim que ele curava. E é também o que ele nos ensinou a fazer. Eu havia aprendido na Escola Dominical da Ciência Cristã que amar do modo como Jesus amava é muito mais do que tentar conceder a alguém o benefício da dúvida. O amor que eu necessitava demonstrar para com essa menina começava em vê-la do modo que Deus a criou e a vê. Sendo Deus completamente bom, então a verdadeira identidade espiritual dessa menina tinha de refletir a perfeição de Deus, por ela ser filha de Deus, sempre digna de ser amada. Ela podia não aparentar ser desse modo, mas amá-la significava deixar Deus me mostrar o que é verdadeiro a respeito dela.
À noite, depois de orar para ser capaz de amar essa garota, tive a ideia de abordá-la e me apresentar a ela. Estendi a mão, e disse: “Olá, meu nome é Gracie Paul e gostaria de me apresentar a você”. Não era à menina que me deixava frustrada que eu desejava me apresentar, mas, em vez disso, à menina a quem eu poderia conhecer como sendo somente filha de Deus. Ela me deu um aperto de mão, se apresentou, e disse que era um prazer me conhecer.
Nesse momento todo o ódio e raiva que eu sentira desapareceram completamente. A menina diante de mim não era a que eu conhecera antes (ou pensava conhecer). Pela primeira vez, foi como se estivesse vendo-a somente como filha de Deus. Nada do que ela havia dito ou feito antes tinha importância alguma, porque o meu modo de vê-la havia se transformado.
Na noite seguinte, um dos hinos na igreja foi o número 270 do Hinário da Ciência Cristã. Parte do segundo verso diz:
Deus é a Mente, perfeição,
E divinal saber.
Se tudo está em Sua mão,
Então por que mudar?
Nesse momento percebi que eu havia estado errada. O tempo inteiro eu estava sendo incoerente, tentando fazer a menina mudar, quando o fato espiritual era que Deus já a havia feito infinitamente perfeita. A única coisa que necessitava mudar era minha percepção a respeito dela.
O verso seguinte começa assim:
Que só palavras nada são,
Sabemos muito bem,
Mas quem ao Pai com obras vem,
Já vive em comunhão.
(Frederic W. Root, trad. ©CSBD)
Quando “ao Pai, com obras” fui, isto é, buscando ver a garota do modo que Deus a vê, passei a ter uma compreensão mais clara a respeito da verdadeira identidade dela. A cura ocorreu quando decidi vê-la espiritualmente, como sendo nada menos que perfeita. E posso dizer com sinceridade que, desde esse momento, passei a ter somente amor para com ela, e não há mais desentendimentos entre nós.
Assim aprendi que, se estamos em desacordo com alguém, aí está o que pode ser uma oportunidade de mudar a nossa percepção a respeito dessa pessoa. Quanto a mim, tive de começar por aprender a amar. Sou muito grata à Ciência Cristã porque ensina a compreender e de fato ver a verdadeira natureza dos filhos e filhas de Deus.
