Todos os dias somos confrontados com escolhas de teor moral. Essas decisões significam optar entre o que é certo e o que é errado.
Devemos agir de forma moral, ou imoral? Devemos ensinar nossos filhos a ser honestos e bondosos, ou deixá-los fazer o que bem entenderem? Será que devemos perdoar, ou ser vingativos? Devemos pagar impostos, ou burlar o fisco?
A escolha nem sempre é fácil, mas é necessária. Muitas vezes essa escolha exige coragem moral inabalável, para que nos recusemos a fazer o que está errado e, em vez disso, fazer o certo. A maneira de tomar decisões corretas está fundamentada no desejo correto, e o desejo é orientado pela mentalidade espiritual, porque essa mentalidade espiritual gera todos os anseios corretos.
As escolhas diárias nos exortam a ser honestos, desapegados do ego, justos, misericordiosos, compassivos, e puros. Viver de acordo com essas importantes qualidades morais faz de nós pessoas melhores. Além disso, a moralidade assegura o progresso, tanto das pessoas como dos seus países. Uma nação só é tão grandiosa, tão boa, e tão duradoura quanto a bondade e a grandeza que os seus habitantes incorporam.
A Líder da Ciência Cristã, Mary Baker Eddy, observou: “O caráter e a vida dos homens determinam a paz, a prosperidade e a vida das nações” (The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Outros Escritos], p. 277).
Para que pessoas, sociedades, igrejas, ou nações possam prosperar, os valores morais e espirituais são uma necessidade vital, pois sinalizam qual deve ser o foco do nosso pensamento. Será que estamos focando cada vez mais a nossa atenção e os nossos esforços no objetivo de viver uma vida que reflita a natureza de Deus, que é o bem, ou estamos cada vez mais envolvidos na busca de coisas materiais? Os pensamentos que escolhemos ao longo do caminho, ou seja, a cada hora, a cada momento, são os que vão determinar se as decisões são louváveis ou lamentáveis.
A moralidade nos proporciona a sensação de estar sobre terreno sólido e protegidos do desejo de ter poder, ou de exercer uma influência danosa sobre os outros. Exemplos de imoralidade incluem as histórias de assédio sexual nos dias de hoje, que ocorrem em escolas, empresas, lares, igrejas, clubes desportivos e consultórios médicos; o tráfico sexual em muitas partes do mundo; a promiscuidade, que trouxe um rápido aumento de doenças sexualmente transmissíveis entre jovens e idosos; e o vício em substâncias nocivas — tudo isso aponta para a necessidade de fortalecer nossa moral.
Sem moralidade em todas as áreas da nossa vida, não podemos sentir de forma constante o poder salvador da espiritualidade que nos foi dada pelo Espírito, Deus. Se procuramos uma força moral mais elevada, podemos encontrá-la no fato espiritual de que o homem da criação de Deus — a verdadeira identidade de cada um de nós — ama a Deus, o bem. Por sua vez, essa verdade exige provas de moralidade em nossos assuntos diários, ao expressarmos a nossa identidade espiritual.
É por essa razão que João Batista foi tão importante para a história da humanidade. Ele trouxe o batismo do arrependimento, ou seja, a purificação moral que exige uma mudança de pensamento. Ao invés de nos preocuparmos com coisas e objetivos materiais, temos de acalentar o propósito mais elevado de servir a Deus de todo o nosso coração. A pregação e a prática do batismo de João serviram para preparar o solo da consciência humana para os ensinamentos do Cristo a respeito da onipotência do Espírito e da nulidade do mal em todas as suas várias formas, tanto sutis como flagrantes.
Essa compreensão mais elevada estava por vir nas palavras e obras do Salvador do mundo, Cristo Jesus. João Batista disse: “Eu vos batizo com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Mateus 3:11).
Jesus tinha grande respeito pela obra de João Batista, e declarou: “…entre os nascidos de mulher, ninguém apareceu maior do que João Batista”. Contudo, continuou: “…mas o menor no reino dos céus é maior do que ele” (Mateus 11:11). Jesus chamou nossa atenção para o fato de que aquele que tem ainda que seja a menor compreensão do reino do Espírito, o reino da espiritualidade ou “Cristo em vós” (Colossenses 1:27), é maior do que aquele que se inclina somente para a moralidade.
A Bíblia não registra nenhuma obra de cura realizada por João Batista. Aliás, ao final de sua carreira, João chegou a ter dúvidas sobre se Jesus era o Messias. Ele enviou dois dos seus discípulos a Jesus para lhe perguntar: “És tu aquele que estava para vir ou havemos de esperar outro?” (Mateus 11:3). Essa pergunta indica que as qualidades morais expressadas por João Batista não tinham tanta força quanto as qualidades espirituais que Cristo Jesus expressava.
Na mesma linha de pensamento, o apóstolo Paulo disse que não é o pendor por viver moralmente o que traz “vida e paz”. O Apóstolo diz que os que são espiritualmente inclinados, que têm “o pendor do Espírito”, esses têm vida e paz (Ver Romanos 8:6). O pendor para a espiritualidade é mais elevado do que o pendor para a moralidade. No entanto, visto que o bem maior inclui sempre o bem menor, a mentalidade espiritual expressará sempre a moralidade, ao passo que a mentalidade moral, por si só, será deficiente em compreensão espiritual, que inclui obras de cura.
Moralidade significa viver uma vida em que o bem prevalece sobre o mal. Mas a mentalidade moral é ainda um estado dual de consciência, no qual tanto o bem como o mal, o Espírito e a matéria, são aceitos como reais. Em contrapartida, a mentalidade espiritual reconhece somente a presença e o poder do Espírito divino, excluindo qualquer outro poder ou presença. Essa é a consciência pura, firme e determinada, que nos equipa para fazer o trabalho de cura que Cristo Jesus ensinou seus seguidores a fazer. Isso nos torna verdadeiros filantropos, que promovem o bem-estar dos seus semelhantes.
A mentalidade material, sensual, chamada “mente carnal” na Bíblia e “mente mortal” na Ciência Cristã, está em total oposição à mentalidade espiritual; a presença da espiritualidade condena ao extermínio a materialidade e a sensualidade. A mente mortal, ou seja, o mal, corrói a moralidade das pessoas, pois sem moralidade não pode haver espiritualidade, sendo esta indispensável para a construção de vidas e nações bem-sucedidas.
Reconhecemos as sugestões da mente mortal quando vemos desejos voluntariosos e autodestrutivos que distorcem o pensamento humano e impedem o desenvolvimento equilibrado das nossas melhores capacidades. A permissividade sexual, por exemplo, indica uma obsessão flagrante pelo corpo físico, obsessão que despoja as pessoas dos propósitos honestos.
A Bíblia declara: “Não havendo profecia, o povo se corrompe…” (Provérbios 29:18), indicando nessa declaração a ausência de visão profética. Muitas civilizações foram destruídas devido à decadência moral interna dos seus habitantes, que fez com que o pensamento fosse absorvido pelo materialismo resultante da falta de conhecimento ou ignorância a respeito de Deus, a Verdade.
A iluminação espiritual de que se necessita é o puro amor a Deus e ao homem, o qual dissolverá os pensamentos imorais e sombrios que aparecem como tentação, tanto individualmente como à sociedade como um todo. É somente o amor a Deus, o bem, que nos faz desejar honrá-Lo por meio da maneira como vivemos e que torna o mal inteiramente desinteressante e sem atrativos. Aprendemos com o bem e com a bondade genuínos a compreender e permanecer na moral e na ética, que são boas e sólidas. A graça de Deus desdobra-se dentro do nosso coração, quando este é receptivo, e desfaz os males que poderiam nos tentar. Essa é a razão pela qual é tão importante que nosso coração esteja em harmonia com Deus. A percepção espiritual e a boa conduta fluem de uma fonte oculta, que está no coração puro.
Detectamos o início da moralidade em cada um de nós quando a preocupação com o eu mortal e os seus desejos cedem ao anseio de trazer à tona o melhor, e não o pior, em nós mesmos e nos outros. Um coração que plenamente reconhece o amor de Deus por toda a criação não mataria a paz ou a inocência de outrem, nem desejaria poluir a atmosfera, oferecendo sugestões imorais.
Ações nobres e despojadas do ego caracterizam o macho e a fêmea da criação de Deus, enquanto os objetivos do mal são sempre aferrados ao ego e destrutivos, embora camuflados em roupagens enganosamente atraentes. Nossa Líder nos diz: “Nesse ponto, a Ciência Cristã é a panaceia soberana, que proporciona força para substituir a fraqueza da mente mortal — força que provém da Mente imortal e onipotente — e eleva a humanidade acima de si mesma, a desejos mais puros, ao poder espiritual e à boa vontade para com os homens” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 407).
Para que pessoas, sociedades, igrejas, ou nações possam prosperar, os valores morais e espirituais são uma necessidade vital.
O que se necessita é que cada um de nós se identifique, não como um mortal físico sujeito aos impulsos sensuais de uma mente carnal, mas como uma ideia espiritual de Deus, refletindo perpetuamente a pura Mente divina. Apenas essa Mente única pode estabelecer condições para nós ou governar o que pensamos a nosso próprio respeito. Nossa verdadeira identidade é puramente espiritual. O homem real — e cada um de nós é esse homem real — é totalmente bom e não está apaixonado pela matéria, sob qualquer forma com que esta se apresente. Nada pode impedir nossa atração pelo Espírito, Deus. Ele nos dá a capacidade de reconhecer que os desejos indignos e ímpios não têm nenhum fundamento nEle, visto que Deus é o único fundamento de tudo o que é real e digno de ser almejado.
A mente mortal, mentirosa, não tem uma identidade legítima por meio da qual trabalhar como agente ou vítima, como predador ou presa. Nossa verdadeira identidade está inteiramente “…oculta juntamente com Cristo, em Deus” (Colossenses 3:3). Somos filhos puros de Deus, e nenhum mal pode nos despojar dessa natureza ou compreensão do Cristo. Não é o que a mente mortal alega, ao dizer que estamos na carne, mas sim o que somos na Verdade, o que define o homem que realmente somos.
A atividade da ideia-Cristo, que expressa o homem ideal de Deus, está evidente na consciência de cada pessoa que se revolta contra as imposições da mentalidade material. Nenhum de nós deseja ser influenciado por um poder que nos é desconhecido, como se fôssemos uma vítima ou um canal para o erro. É exatamente o contrário. Desejamos estar livres de ser enganados pelos sussurros da influência errônea da mente mortal com as suas falsas sugestões e fantasias. Desejamos ser fiéis à nossa identidade criada por Deus e submeter-nos apenas ao poder de Deus, o bem.
Cada um de nós é em realidade a imagem imaculada de Deus, e só os pensamentos corretos, originários da Mente divina, têm autoridade para nos governar. Vivemos na Mente divina, que dá consciência ao homem, e essa Mente nos impele a pensar e a agir corretamente. Visto que existe apenas uma única Mente, existe apenas uma única fonte real de pensamentos. Não há nenhum mal subconsciente que possa competir com a Mente divina pela nossa atenção ou que possa sutilmente nos mesmerizar com as imagens da mortalidade, que sugerem que haja sensação na matéria. As sugestões do mal não são transferíveis. Por serem irreais, elas não têm nenhum poder para impor regras. Mas precisamos negá-las, pondo em prática as qualidades semelhantes às do Cristo, tais como: sinceridade, honestidade, pureza e desprendimento do ego.
Paulo é quem melhor descreve o conflito que está acontecendo na consciência humana, quando declara: “Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço”. Ele então pergunta, na sua angústia: “…Quem me livrará do corpo desta morte?” Mas rapidamente acrescenta esta nota triunfante, que indica a autoridade que Deus tem para governá-lo: “Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor…” (Romanos 7:19, 24, 25).
Tal como Paulo, podemos encontrar forças no Cristo — naquele que a Sra. Eddy identifica como “a ideia divina de Deus fora da carne”, o poder que Jesus demonstrou perfeitamente ao longo de sua vida (Ciência e Saúde, p. 482). O Cristo nos dá o poder para condenar e superar pensamentos sem escrúpulos ou instintos animais de sensualidade e de sentimentos descontrolados, que podem nos induzir a fazer coisas contra os nossos próprios interesses e também contra os interesses dos outros.
Quando compreendemos que tais hábitos de pensamento são contrários à vontade de Deus, que é totalmente bom, podemos resistir a eles com as forças morais e espirituais outorgadas por Deus, ou seja, o desejo de obedecer a Deus, o desejo de ser estimulado apenas pelo Espírito, o desejo de ser limpo e puro de pensamento. Deus colocou em nós esses desejos de pureza, e eles têm todo o poder da onipotência para sustentá-los. Eles são a prova da presença do homem verdadeiro, que é a expressão perfeita e completa de Deus, e nós, na Verdade, não somos outra coisa senão a imagem de Deus.
O mal não tem poder, porque não tem realidade. Pode parecer que o mal tenha realidade e poder, somente na proporção em que acreditamos nele, pois enquanto acreditarmos que aquilo que é pecador seja real e tenha poder, o medo e a sensualidade terão domínio sobre nós. Daí a importância de saber que o mal, sob qualquer forma, não é atrativo para ninguém. Nada pode ser mais atrativo do que o Espírito, para alguém que é a expressão do Espírito. Sabemos que estamos lidando cientificamente com o mal quando sua nulidade é vista e compreendida.
É necessário trabalho consagrado para dar provas dessas verdades de forma constante, para que nossa pureza natural e nossa saúde se estabeleçam no nosso atual senso de vida, como resultado de uma consciência cristianizada. Cada um de nós pode certamente apreciar a beleza de um homem ou de uma mulher, sem sentir atração sensual por ele ou por ela. Desejamos procurar a “beleza da santidade” (Salmos 29:2) em cada pessoa. Não fazemos parte do sonho da existência e da sensação na matéria. É por isso que nos esforçamos seriamente para não olhar para o senso mortal de vida, mas sim reivindicar a nossa vida no Espírito. A comunhão com Deus, não a unidade com a carne, é o verdadeiro desejo do nosso coração.
A consciência do Cristo é o meio mais potente para vencermos o desejo errôneo. Jesus nos mostrou a capacidade maravilhosa de sermos regenerados por meio do Cristo: “O poder de Deus para a salvação” (Romanos 1:16), quando ele disse à mulher adúltera: “…Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais” (João 8:11). Com a ajuda de Deus, eliminamos do nosso pensamento o pecado, e ele já não nos tentará. É somente a sedução do pensamento demoníaco que nos faz acreditar que haja prazer e sensação na matéria, quando em realidade essas seduções são apenas sugestões, e não nossas próprias convicções.
De forma silenciosa, tranquila e persistente, podemos compreender que não existe mente mortal para nos tentar. O Cristo Salvador, ativo em nossa consciência, é tudo o que necessitamos para nos livrar de associar nosso pensamento àquilo que não se origina em Deus, o bem.
O poder irresistível de Deus é uma lei divina que transforma o ego humano, revelando em cada um de nós que somos verdadeiramente a criação espiritual de Deus. A verdadeira satisfação encontra-se no pensamento reto, semelhante ao de Deus. “Podemos nos regozijar porque cada grão de bondade por fim atingirá, pelo esforço, a liberdade e a grandeza; e todo pecado se castigará a si mesmo de tal modo, que se prostrará ante os mandamentos de Cristo — a Verdade e o Amor”, diz Mary Baker Eddy em Não e Sim (p. 8).
Os pensamentos têm sempre o seu ímpeto na Mente real e imortal. A verdade aplicada aos pensamentos apegados ao ego ou imorais — a verdade de que a Mente divina é o único poder e a única presença em nossa vida — faz com que desapareçam as sugestões que não vêm de Deus. O que emerge, à medida que essa renovação ou transformação da consciência humana ocorre, é uma criatura inteiramente nova — uma nova compreensão de si mesmo, uma nova apreciação de si mesmo, e a saúde verdadeira. “…se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2 Coríntios 5:17).
A purificação da consciência humana traz mudanças ao nosso carácter e à nossa experiência. Então, cada vez mais estamos livres do governo despótico de uma mente sensual hipotética, e cada vez mais sob o controle da Mente divina. Assim, o corpo humano comporta-se de maneira normal, em vez de anormalmente. O corpo empresarial, o corpo escolar, o corpo social, o corpo doméstico, o corpo da igreja, o corpo mundial, também são beneficiados. Qualquer melhoria nas condições terrenas é o resultado da demonstração do Cristo salvador na vida das pessoas.
Ideais mais elevados, mais justiça, maior compaixão, menos apego ao ego, um respeito mais profundo uns pelos outros, são os sinais exteriores de uma moralidade fundamentada no Espírito, tão essencial para o progresso, tanto do cidadão como do país. Dessa forma, a espiritualidade, o reino do Cristo governando no coração e na mente de homens e mulheres, é vista como a maior amiga de cada pessoa, e a maior aliada da civilização.
