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Original para a Internet

O que significa ser bom

DO Arauto da Ciência Cristã. Publicado on-line – 9 de janeiro de 2020


Você se lembra de algum momento, talvez em sua infância, em que você se sentiu muito bem por causa de algo bom que havia feito? Talvez um adulto lhe tenha dito o quanto você era bom, ou talvez você tenha tido a noção de que a bondade era inerente à sua natureza por causa de algo que você tenha dito ou feito.

Eu me lembro da primeira vez em que me senti assim. Eu estava no primeiro ano do ensino fundamental e minha professora me disse que eu havia feito uma boa escolha ao seguir instruções quando parecia tentador não fazê-lo. Ela me deu um doce e me agradeceu por eu ter sido boa e obediente. Eu me senti totalmente encantada e não parei de sorrir a semana inteira! Não se tratava realmente do fato de eu ter ganhado um doce ou de ter sido recompensada por outra pessoa. Saber que eu era boa resultou nesse sentimento inexplicável. Quer ela soubesse ou não, aquela professora estava me mostrando algo sobre minha verdadeira identidade como a criação “muito boa” de Deus (ver Gênesis 1:31). Depois disso, mesmo se eu cometesse algum erro, eu me sentia motivada a expressar esse senso de bondade todos os dias.

Não estou me referindo à bondade pessoal que era, ou é, minha ou de qualquer outra pessoa. Jesus repreendeu esse pensamento de bondade pessoal. Quando certo governante se referiu a ele como "Bom Mestre", ele respondeu: “...Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão um, que é Deus” (Marcos 10:17, 18). Em Isaías, referindo-se a Seus servos, Deus diz: “A sua retidão de mim procede” (Isaías 54:17, conforme a Bíblia em inglês, versão King James). Portanto, a bondade sobre a qual estou falando é a própria bondade de Deus, refletida por toda a Sua criação.

Isso significa que podemos sentir a plenitude da bondade que refletimos de Deus todos os dias! O primeiro capítulo do Gênesis registra seis vezes em que Deus considerou um aspecto de Sua criação como “bom” e, no final, registra que tudo o que fora criado era “muito bom”. O número sete na Bíblia simboliza a completude. Portanto, o uso da palavra “bom” e “muito bom” sete vezes no primeiro capítulo do Gênesis pode certamente ser interpretado como significando que tudo e todos são completamente bons. Não apenas isso, mas todos os filhos de Deus são criados à Sua própria imagem e semelhança. Reconhecer essa bondade espiritual em nós mesmos e nos outros traz alegria à nossa vida. Mary Baker Eddy nos dá esta definição do bem em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “Deus; o Espírito; a onipotência; a onisciência; a onipresença; a oni-ação” (p. 587). Quando o pensamento inclui Deus, o bem, começamos a ver o bem ao nosso redor e em nós mesmos.  

Há alguns anos, considerei esse assunto com mais profundidade, quando estávamos adestrando nossa primeira cachorrinha. Eu era sempre gentil com ela e a tratava com carinho, mas, ao adestrá-la, era como se eu a estivesse corrigindo a cada dois segundos. Ela ainda estava aprendendo as regras da vida dentro de uma casa, e até havia momentos em que ficava agressiva e chegou a me morder algumas vezes. Eu sabia que ela queria acertar, e eu não gostava da maneira como me sentia ao apontar as imperfeições. Eu estivera orando para ter maior percepção do bem e, um dia, veio-me ao pensamento uma ideia interessante enquanto eu lia um livro sobre adestramento de cães. O livro dizia que a melhor e mais evoluída prática de adestramento se baseava totalmente no "reforço positivo". Em outras palavras, em evitar repreender o mau comportamento, e focar e destacar o bom comportamento.

Quando traduzi essa ideia em termos espirituais, ou seja, partindo da base de que Deus, o Espírito, é o Criador, em vez de pensar nesse assunto partindo do ponto de vista dos processos do pensamento material, senti que isso fazia muito sentido. Toda vez que nossa cachorrinha fazia algo certo, eu podia ver sua obediência como uma prova do bem de Deus e podia sinceramente considerar isso algo muito importante. Em vez de tentar fazê-la ser materialmente perfeita, eu podia ver que sua verdadeira natureza era espiritualmente perfeita e já era boa. Não se tratava de uma motivação externa de curto prazo em troca de uma recompensa. Tampouco se tratava de deixar passar ações erradas. Ao me ater à bondade espiritual da nossa cachorrinha, por meio da oração, sua bondade intrínseca, motivada por Deus e governada por Deus, veio à tona. Era tudo questão de ver que ela já era a expressão espiritual de Deus, naquele exato momento.

Agir com base nessa oração transformou a nossa experiência com a cachorrinha. Ela começou a expressar sua verdadeira natureza, que era gentil e doce. Atualmente, é impossível imaginar que ela possa ser agressiva, mesmo se alguém lhe tirar um osso da boca. Apesar de ainda trabalharmos com ela em pequenas coisas, fiquei grata quando um amigo comentou que esse cão “realmente ama fazer o bem”.

Esse é um exemplo simples, mas que ensina uma lição maior e que pode ser transferida para qualquer outra situação que possamos enfrentar em nossa experiência. Ele demonstra que recorrer primeiro a Deus em oração, por Ele ser o bem, ilumina nossa experiência. Cada um de nós pode ver mais do bem que nós mesmos e os outros refletimos de Deus, e ficar livre do hábito de apontar falhas, tanto em pensamento como em palavras. Se o comportamento eventualmente precisa ser corrigido, podemos fazê-lo começando com a percepção do bem que já está presente. Podemos lembrar a pessoa de sua bondade divina com amor, não com justificação própria, encorajando-a em vez de tentar consertar ou mudar essa pessoa. Quando nossa opinião, a respeito de nós mesmos ou dos outros, fica abaixo da expectativa, podemos confiar em Deus para descobrir Sua bondade constante e permanente, refletida por Sua criação, exatamente onde as deficiências humanas parecem estar.

Reconhecer que Deus é infinito, tudo, significa reconhecer que o bem é infinito, sendo expresso em toda parte.

Referindo-se à identidade espiritual de cada um de nós, Mary Baker Eddy escreve em Ciência e Saúde: “A genuína identidade do homem só pode ser reconhecida naquilo que é bom e verdadeiro” (p. 294). Em vez de tentarmos usar a vontade humana para corrigir erros, podemos pedir a Deus que nos mostre a nossa bondade. Não importa se estamos orando para nós mesmos ou para outra pessoa, a respeito de uma doença ou de um problema de relacionamento, a cura vem mais facilmente quando vamos diretamente para a Verdade, e deixamos que essa Verdade corrija o erro. Essas ideias são especialmente úteis em nossos relacionamentos. Quando vemos a bondade espiritual nos outros, descobrimos que a imagem e semelhança de Deus não pode criticar, culpar, julgar erroneamente nem menosprezar os outros.  

Também é importante proteger nossos próprios pensamentos para que não fiquemos nos culpando ou criticando. Para fazer isso, é útil lembrar que a única coisa que critica ou culpa é a suposição de que exista uma mente separada de Deus ― aquilo que o Apóstolo Paulo chamou de mente carnal ― e não a verdadeira natureza do homem como expressão da Mente, Deus. Separar mentalmente o que é errado ou falso de uma pessoa é muito útil. Nossa verdadeira identidade é completamente boa, só tem pensamentos bons, produtivos e verdadeiros a respeito de nós mesmos e dos outros. Quando temos uma compreensão clara da nossa bondade em Deus, essa compreensão abençoa aqueles que estão ao nosso redor.

Talvez você já tenha ouvido a expressão: “Quando você apontar um dedo para alguém, terá mais três dedos apontados para você”. Ao considerar essa afirmação espiritualmente, vemos que não se trata de assumir culpas pessoais ou de se sentir culpado. Mas os dedos apontados para nós fazem alusão à importância de assumirmos a responsabilidade pelos nossos pensamentos e pela nossa experiência. Se algum problema se apresentar a nós, não importa qual seja ele, é a nossa própria consciência que deve ser tratada em oração. Usando o exemplo da minha cachorrinha, a situação não era realmente um problema dela. Eu precisava alinhar meus pensamentos com a maneira como Deus via a situação. Cada um de nós pode assumir a responsabilidade pelos próprios pensamentos, e assumir uma posição mental para reconhecer que nós mesmos e os outros somos “muito bons” e amamos o bem. Revelar o bem nas outras pessoas pode até inspirar outros a também reconhecerem o bem ao seu redor. 

O amor ao bem nos mantém espiritualmente alegres e preparados para encorajar outros em gratidão pelo bem expressado. Também podemos adquirir um senso melhor do amor que Deus tem por nós, quando começamos a nos ver como Deus nos vê. Isso quebra velhos padrões do pensamento mortal, e nos tornamos mais alinhados com o que Deus, a Mente imortal, vê e conhece.

Descobri que conhecer a nossa bondade pode ter um efeito sanador em qualquer situação. Há alguns anos, eu lutei durante várias semanas com um incômodo muito forte na garganta. Pensando que minha lista de coisas a fazer era importante demais para que eu dedicasse tempo à oração, eu adiei a oração por várias semanas. Aconteceu que ficou impossível comer ou beber qualquer coisa sem sentir muita dor. Eu precisava me concentrar e orar, e então me retirei para uma local de Enfermagem da Ciência Cristã, onde ciudaram de mim com todo o carinho.

Naquele dia, pedi a Deus que me mostrasse minha bondade inata. Lembrei-me de uma história sobre um agricultor em um campo de morangos, a qual me foi contada na Escola Dominical. O amigo do agricultor perguntou: “Como você conhece todas as diferentes plantas daninhas, e quais delas remover?” O agricultor respondeu que não precisava saber nada sobre as plantas daninhas; ele só precisava saber como eram as plantas que produziam os morangos. Em outras palavras, a única coisa que ele precisava conhecer era o bem. Também me inspirei na afirmação de Mary Baker Eddy: “É mais fácil desejarmos a Verdade do que nos livrar do erro” (Ciência e Saúde, p. 322). O contexto dessa frase deixa claro que realmente precisamos corrigir e abandonar o erro com um esforço sério. Mas, naquele momento, ocorreu-me que desejar a Verdade era uma maneira fácil de ir direto à Verdade que corrige e cura.

Em oração, apeguei-me espiritualmente à minha bondade em Deus. Naquela noite, comi uma farta refeição e percebi que estava livre de todos os sintomas e do que parecia ser um desconforto físico.

Como isso se aplica à oração pelo mundo, quando muitas pessoas parecem ser tudo, menos boas? Descobri que o problema nunca está realmente “lá fora”. Pelo contrário, ele está na consciência, e pode ser corrigido ali mesmo. Novamente, usando o exemplo da minha cachorrinha, mesmo que o quadro apresentado fosse de um cão com mau comportamento, era eu que estava aceitando um senso de desarmonia em minha experiência, e era do meu sonho de desarmonia que eu poderia acordar, porque esse sonho não tinha nenhuma base na Verdade ― na criação “muito boa” de Deus. Com relação às questões mundiais, isso não significa que menosprezemos as notícias de forma ingênua e ignorante. Podemos tomar as notícias que ouvimos e tratá-las por meio da oração, reconhecendo o poder e a presença de Deus, o bem, em todos os lugares e em todas as pessoas. Podemos encher nosso pensamento com o reconhecimento da completa bondade de Deus, para que nenhuma notícia ou situação tenha a capacidade de abalar a noção que temos de que o bem é infinito.

Essa oração não tem nada a ver com sentar-se e simplesmente não fazer nada. Pelo contrário, a nossa oração eleva espiritualmente toda a situação. Podemos ver como ela é realmente: espiritualmente perfeita. Mary Baker Eddy escreveu: “Nada do que é evidente para os sentidos materiais consegue fechar meus olhos para a prova científica de que Deus, o bem, é supremo” (Miscellaneous Writings [Escritos Diversos] 1883 – 1896, p. 277).

Reconhecer que Deus é infinito, tudo, significa reconhecer que o bem é infinito, sendo expresso em toda parte. Se nos parece um desafio ver que somos perfeitos em Deus, podemos pedir a Deus que nos revele a infinita bondade que já existe. Ciência e Saúde explica: “O esforço habitual para sermos sempre bons é oração incessante” (p. 4). Em nossa oração incessante, que não está só em nosso pensamento, mas que vivemos, percebemos que, como criação de Deus, somos todos "muito bons". Essa percepção espiritual realmente tem um efeito sanador.

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