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Original para a Internet

Oração sem distração

DO Arauto da Ciência Cristã. Publicado on-line – 29 de julho de 2024


Decidimos nos sentar para orar, mas em vez disso, acabamos nos levantando para fazer tarefas que não são urgentes, ou talvez até cochilemos um pouco. Ou então, damos uma espiada nas redes sociais, e acabamos navegando por horas. Depois, talvez desperdicemos ainda mais tempo nos condenando por isso, em vez de fazer o que pretendíamos desde o início: orar e ficar em comunhão com Deus.

O que é que causa esses lapsos? Certamente não é Deus. Um ponto fundamental na Ciência Cristã é que Deus é bom e que cada um de nós expressa essa natureza boa. E não há lapsos no bem de Deus nem em nosso direito e habilidade de expressá-Lo. Isso foi constantemente provado por Jesus, ao curar lapsos muito mais significativos — pessoas que haviam perdido a saúde ou as bases morais, por exemplo. Essa verdade se aplica também a qualquer desarmonia em nossa experiência, por menor que seja, a qual sugira que somos algo menos do que a expressão pura e espiritual de Deus. Ao descrever a majestade de nossa verdadeira identidade, Mary Baker Eddy, a Descobridora da Ciência Cristã, escreveu: “O homem imortal é a ideia eterna da Verdade, que não pode resvalar para uma crença mortal, para o erro a respeito de si mesmo e de sua origem; ele não pode sair da distância focal da infinitude” (Escritos Diversos 1883–1896, p. 79).

Portanto, temos fundamentos espirituais para desafiar o que quer que pareça nos privar da boa e proveitosa atividade de nossa identidade verdadeira, criada por Deus. Pensar que nós sejamos o problema, porém, não é uma premissa útil para resolvermos a situação. Sim, temos de estar conscientes o bastante para reconhecer que existe um problema e precisamos ter a determinação de corrigi-lo. Mas culpar a nós mesmos pelo problema tende a reforçar a crença de que tenhamos, ou sejamos, um eu material distinto daquela identidade espiritual. Compreendermos que só nos é possível ter a identidade que Deus criou, ajuda-nos a reconhecer que a resistência ao crescimento espiritual, autodenominada distração, nada mais é do que uma imposição da mente mortal.

Essa imposição não é uma ou outra atividade em si. Há o momento de realizar tarefas de rotina, de navegar na internet — até de tirar um cochilo! A imposição é a crença de que sejamos propensos a ser influenciados por um poder aparente que nos leva a fazer essas coisas no momento errado, ou de um modo que sabote nossos esforços para ser bons e fazer o bem. A Bíblia chama de “carne” a esse pretenso poder (ver Romanos 8:7) — o inimigo de todo progresso espiritual. O termo descreve uma mentalidade que tem consciência da matéria. A Ciência divina revela que tal mentalidade não pode nos governar, pois não tem existência real, visto ser oposta à Mente universal, Deus. Deus é o Espírito infinito, e não existe “lado de fora” da infinitude, portanto não há lugar para o oposto do Espírito.

Contudo, a Bíblia fala sobre as “raposinhas que devastam os vinhedos” (ver Cânticos de Salomão 2:15). Em nossa experiência humana, certamente parece haver algo oposto ao Espírito, um oposto no qual graves impactos negativos podem surgir até mesmo de pequenas infrações à lei de Deus. Pode parecer inclusive que a mente carnal tenha de fato um plano — o plano de nos distrair da oração e comunhão com Deus, que são os alicerces de nosso bem-estar e da importância que temos para o bem de outras pessoas. Se o caminho para desarmar essa suposta influência é a oração, então parece mesmo que essa mente tem um plano eficaz, ao nos distrair. Como podemos orar para vencer as distrações nos momentos de oração, se essas distrações acontecem justamente quando oramos para vencê-las?

Uma atividade que fazia parte do dia a dia da Sra. Eddy sugere um ponto de partida para abordarmos esse dilema. Ela costumava fazer passeios diários de carruagem nas proximidades de sua casa — durante os quais orava — e fez isso até uma idade bastante avançada. Ao explicar o motivo desses passeios, ela disse: “Não é para exercício ou diversão, mas para mostrar à mente mortal que eu posso fazer isso” (We Knew Mary Baker Eddy, Expanded Edition, Vol. 2 [Reminiscências de pessoas que conheceram Mary Baker Eddy, Edição Ampliada, Volume 2], p. 539). No meu entender, a Sra. Eddy disse que estava exercitando o domínio dado por Deus sobre a mente mortal e suas alegações de que tem existência, e é capaz de nos impor condições.

Então, não é ruim tomarmos atitudes práticas que nos ajudem a expulsar aquelas raposinhas. Podemos ficar de pé ou caminhar, enquanto oramos, manter uma caneta à mão para anotar as tarefas que faremos depois de nosso encontro com Deus, programar o alarme para limitar o tempo nas mídias sociais. Ao exercitarmos conscientemente nosso domínio sobre as tentações que poderiam nos distrair, veremos que tais medidas serão cada vez menos necessárias. Isto é, demonstraremos, cada vez mais, a verdade de que, por ser Deus — a Mente única e infinita — isento de distrações, nós também o somos, como reflexos dEle.

Fazer o que for preciso para eliminar de uma vez por todas as “raposinhas que devastam os vinhedos” é libertador para nós, e demonstra o amor ao próximo. Deixa-nos livres para enxergar e eliminar o erro maior: a crença subjacente de que a vida seja material em vez de espiritual. Que bênção sanadora seremos, para nós mesmos e para os outros, na proporção em que simplesmente agirmos assim, graças à nossa comunhão com Deus, sem distrações!

Tony Lobl
Redator-Adjunto

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