No Evangelho de Lucas, lemos que Jesus enviou setenta discípulos, de dois em dois, para curar os doentes e proclamar o reino dos céus na terra. “Então, regressaram os setenta, possuídos de alegria, dizendo: Senhor, os próprios demônios se nos submetem pelo teu nome!” (10:17).
Agora, avancemos no tempo cerca de dezenove séculos. Certo homem, que sofria de uma doença havia muitos anos, é curado unicamente pelo estudo da Bíblia e do livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã. Ao descrever o efeito dessa experiência em sua vida, ele escreveu: “…meu primeiro pensamento foi ajudar os outros. … Muitas vezes pensei no velho provérbio: ‘A caridade começa em casa’, e depois de me preparar por três anos pude apresentar a Ciência Cristã na minha casa onde, no devido tempo, encontrou boa acolhida e discípulos dispostos. Isso me causou alegria ainda maior do que minha própria cura” (Ciência e Saúde, p. 669).
Qual é a conexão entre esses dois relatos?
Por mais maravilhoso que tenha sido ser discípulo de Jesus, e por mais transformadora que a experiência de ser curado tenha sido para esse homem, em ambos os casos notamos a mesma alegria de apoiar o crescimento espiritual e a cura de outros. Como inúmeros leitores desta revista podem atestar, essa mesma alegria continua se manifestando em toda pessoa que tenha se comprometido a colocar em prática a Ciência Cristã, ou seja, a ser um genuíno sanador cristão.
Mas, além da imensa alegria que isso proporciona, o que está por trás desse desejo de curar os outros?
Pense na última vez em que você viu um lindo nascer do sol ou escutou uma música inspiradora. O que aconteceu depois? Você provavelmente ficou ansioso para dizer a alguém: “Você precisa ver isso” ou “Você tem de ouvir isso”. Simplesmente não está em nossa natureza guardar para nós mesmos o bem que algo significa, especialmente o poder sanador do amor divino.
A exortação de Jesus nesse sentido é enfática: “Curai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expeli demônios; de graça recebestes, de graça dai” (Mateus 10:8). Isso deixa claro que qualquer benefício pessoal derivado de nossa prática da Ciência Cristã, por mais modesto que seja, deve ser amplificado, de modo a alcançar a vida de outras pessoas. E que alegria é para elas, tanto quanto para nós, quando isso acontece!
Transmitir a alguém até mesmo uma ideia básica pode promover a cura. Certa vez, uma amiga se deparou com algo que eu havia escrito sobre a capacidade que Deus nos outorga de perceber a inocência inata nos outros, e como isso é possível. Essa ideia era apenas parte de uma frase, mas atendeu a uma necessidade relacionada a algo que atormentava essa amiga havia trinta anos. Ela me enviou um e-mail, dizendo: “Agora eu me sinto confiante, aliviada e feliz!” Essa mensagem também me deixou muito feliz.
Talvez sejamos tentados a perguntar: “Quem … eu ser um sanador?” A resposta é: Sim, todos podemos ser sanadores. Até mesmo uma pequena compreensão dos princípios básicos da Ciência Cristã — o fato de que Deus, o Espírito, é bom e é Tudo; a pureza e perfeição de Sua criação, que é totalmente espiritual; o fato de que é falsa qualquer coisa que questione a autoridade e a realidade prática desses preceitos divinamente inspirados — pode resultar em mudanças físicas, morais e mentais significativas. Quando falamos sobre essas verdades com a convicção que resulta de nossa própria cura e transformação, podemos ajudar outros a também vivenciarem naturalmente a cura pela oração.
É possível que haja ocasiões em que a cura não ocorra tão rapidamente quanto gostaríamos. No entanto, essas situações nos encorajam a nos agarrarmos com mais firmeza àquilo que, no fundo do coração, sabemos ser verdadeiro a respeito de Deus e de nós mesmos como Seus filhos amados, tornando a cura que disso resulta ainda mais profunda.
Também é importante lembrar que curar os outros é um chamado divino, completamente isento de ambição ou mesmo de capacidade pessoal — é uma atividade inspirada, apoiada e protegida pelo próprio Deus, pela Verdade e Amor divinos. Como Jesus nos assegura: “Estes sinais hão de acompanhar aqueles que creem: …se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados” (Marcos 16:17, 18). Embora estivesse falando a seus discípulos, as palavras de Jesus não eram dirigidas apenas a eles, mas a todos os que creem naquilo que a vida de Jesus representou, e a todos os que estão lendo este artigo, inclusive você!
Então, o que está incluído nesse “crer”? A certeza de que Deus, o Espírito, é Tudo-em-tudo; de que as obras de Jesus, a cura dos doentes, pecadores, moribundos, e inclusive a ressurreição dos mortos, comprovam essa verdade; e de que a todos nós foi concedida a capacidade de curar a nós mesmos e aos outros por meio do Cristo — “…o espírito de Deus, da Verdade, da Vida e do Amor” (Ciência e Saúde, p. 137). Ao crer dessa forma, cumprimos a profecia de Jesus.
Some-se a isso o compromisso de amar como Jesus amava, e a cura certamente se manifestará, inclusive trará, como diz a Sra. Eddy, “…aquela alegria que encontra o próprio bem no bem que proporciona a outrem” (Escritos Diversos 1883–1896, p. 127).
Eric Nelson
Redator Convidado