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Original para a Internet

Começar sempre com “Não temais!”

DO Arauto da Ciência Cristã. Publicado on-line – 10 de novembro de 2025


Uma das recomendações mais conhecidas da Bíblia (que aparece ao longo das Escrituras) é: “Não temais!” Inicialmente, pode parecer que o objetivo dessa frase seja o encorajamento. Mas, na minha própria experiência, muitas vezes ela logo me levou a questionar: “Como posso ‘não ter medo’ se estou passando por um momento assustador?”

Nessas ocasiões, contudo, o que precisamos é justamente não ter medo. Na verdade, quando ponderamos sobre como solucionar qualquer problema por meio da oração, devemos começar eliminando o medo. No livro-texto da cura metafísica, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, Mary Baker Eddy escreve: “Sempre começa teu tratamento acalmando o medo dos pacientes” (p. 411). O termo sempre não deixa margem para dúvidas! Mesmo quando não sentimos realmente medo diante de circunstâncias desafiadoras, a palavra sempre deve ser levada em consideração.

Para entender melhor essa orientação, examinei mais detalhadamente o significado da recomendação bíblica, que para mim significava: “Não seja temerosa”. Percebi que havia passado a maior parte de minha vida tentando “não ser”, mas então, me dei conta de que o verbo ser também significa existir.

A Bíblia, conforme explicada em Ciência e Saúde, prova, sistemática e cientificamente, que toda a existência é Deus e Sua criação, ou expressão. Na Ciência Cristã, isso é entendido como “Tudo-em-tudo”, não no sentido panteísta, mas sim de causa e efeito, ou seja, a Mente e sua ideia, a Alma e sua expressão espiritual.

Na Bíblia, Deus declara: “…Eu Sou o Que Sou” (Êxodo 3:14). E Ciência e Saúde diz: “Está implícito nas Escrituras que Deus é Tudo-em-tudo. Segue-se daí que nada possui realidade ou existência, exceto a Mente divina e Suas ideias” (p. 331).

Então, concluí: na Ciência Cristã compreendemos que o Eu Sou, ou o Ser infinito chamado Deus e Sua expressão, não pode sofrer modificação, porque Deus é a causa única e o único Criador. Ele é o bem imutável. O medo não entra no reino dos céus, porque Deus não criou nada de que precisemos ter medo. Em realidade, a infinita ação de Ser — o próprio existir real e divino — anula e esvazia o medo. O medo não pode mudar ou restringir o existir devido ao fato de que, por definição, o medo é uma suposição, algo como “E se…?” 

Será que mesmo naqueles momentos em que enfrentamos um desafio, mas não sentimos medo, é ainda necessário “acalmar o medo”? Sim! Porque nem sempre o medo se manifesta como uma sensação de terror, de susto, de ansiedade ou preocupação constante. O medo é a suposição errônea de que haja uma existência separada de Deus, o bem infinito. É a alegação de que poderia haver uma ocasião em que Deus não estivesse cuidando de nós; de que poderíamos fazer, pensar ou dizer algo que pudesse nos afastar da graça sustentadora de Deus; ou de que algo ou alguém — supostamente mais poderoso do que Deus — poderia, de alguma forma, fazer isso conosco.

Ao saber que temos de eliminar o medo, talvez pensemos que seja necessário tentar descobrir sua causa, que poderia ser, por exemplo, uma fobia oculta ou um trauma de infância. Mas, na verdade, a Sra. Eddy chama a atenção para a origem do medo como um todo: “A causa de toda chamada doença é mental, um medo mortal, uma crença ou convicção errada de que a má saúde seja inevitável e tenha poder; a causa é também o medo de que a Mente seja incapaz de defender a vida do homem e incompetente para ter controle sobre ela” (Ciência e Saúde, p. 377).

Quando o medo é eliminado, seus efeitos — doença, dificuldades funcionais, problemas de relacionamento, necessidades financeiras, comportamento viciante ou autodestrutivo etc. — são eliminados com ele. “Quando suprimes o erro, destróis seus efeitos” (Ciência e Saúde, p. 378).

Em um período em que eu buscava compreender como eliminar o medo de maneira mais completa nos meus tratamentos pela Ciência Cristã, tive a oportunidade de colocar em prática aquilo que estava aprendendo.

Eu estava reorganizando os móveis e redecorando minha casa, e precisava mudar de lugar o vaso de uma planta alta, suculenta e com espinhos. Mas, quando me inclinei sobre a planta para pegá-la, não vi a haste mais alta, que era fina como uma agulha e afiada, e ela atingiu um de meus olhos. Imediatamente, senti dor, larguei a planta e corri para o espelho. Ver o ferimento só me fez sentir mais dor e entrar em pânico. Eu estava sozinha em casa, e telefonei para meu marido, mas não havia sinal no local em que ele estava. Eu sabia que precisava me voltar para Deus.

Fiquei tentada a orar a respeito da dor, do acidente e de seus efeitos. Embora certamente fosse válido corrigir esses conceitos, a palavra sempre logo me veio ao pensamento: “Sempre começa teu tratamento acalmando o medo dos pacientes”. Percebi rapidamente que o medo estava por trás dos sintomas físicos — medo de que esse problema pudesse demorar muito para ser curado, ou mesmo se transformar em algo permanente, bem como o medo do que os amigos e vizinhos poderiam pensar, quando vissem meu olho. Por isso, embora houvesse muita resistência à ideia de orar para não ser temerosa, foi por aí que comecei. 

Primeiro, decidi não olhar mais no espelho para ver como estava o olho. Essa espécie de medo — que fazia com que eu ficasse admirando algo — não estava me levando para mais próximo de Deus, o Amor divino, o sanador confiável, que é realmente digno de minha admiração.

Lembrei-me deste versículo de Salmos: “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus…” (Salmos 46:10). Eu poderia me aquietar mentalmente, recusando-me a permitir que meus pensamentos se agitassem em um emaranhado de medo e pânico. Nessa quietude consciente, eu podia voltar meu pensamento para o Ser Supremo — para o Eu Sou que é Deus, o Amor. Eu sabia que esse Eu Sou, que inclui sua expressão manifesta, o homem, é o “perfeito Amor” que lança fora o medo (ver 1 João 4:18).

Em pouco tempo, me acalmei e a dor passou. À medida que eu continuava a raciocinar logicamente, compreendendo que o Amor divino é tudo e está sempre presente, aceitei, de todo o coração, o fato de que Deus não tinha motivo para ter medo e, por isso, Ele não podia repassar o medo para mim. Em vez disso, eu tinha o domínio sobre meu pensamento, domínio esse que me é garantido na Bíblia. Com esse poder que é dado por Deus, não havia nada pelo qual eu deveria temer: eu não precisava temer por meu olho, minha visão ou minha capacidade de estar próxima de Deus e reconhecer Seu poder e Sua presença. E, pelo fato de Ele ser onipotente e onipresente, certamente não havia nada que eu deveria temer. 

Essa onipotência e onipresença é a própria Mente divina, a única inteligência e consciência de todo o universo, o que significa que eu não podia ter uma mente separada dessa Mente. Ciência e Saúde nos insta a “…orar para haver em nós aquela Mente que havia também em Cristo Jesus…” (p. 497). Cristo Jesus curava multidões por meio de sua capacidade de não se deixar afetar por nenhuma situação de emergência. Ele não tinha medo porque nunca perdia o foco em Deus.

Ao orar para meu próprio caso, compreendi que, tendo a mesma Mente de Cristo, não seria possível eu ter uma mente com a qual poderia sentir medo. Como a Bíblia nos diz: “…Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação” (2 Timóteo 1:7).

Para me livrar do medo, continuei a orar com essas ideias, até ele se dissipar completamente. Dentro de dois dias, meu olho tinha sua aparência completamente normal, e eu havia comprovado, em minha própria experiência, a verdade contida nas palavras da Sra. Eddy: “…nenhuma circunstância tem, por si só, o poder de produzir sofrimento” (Ciência e Saúde, p. 377).

A Ciência Cristã revela que a natureza do medo é mesmérica. Quanto mais consentimos em ter medo, mais assustadora se torna a situação que nos é apresentada. Mas essa situação continua não sendo real, e ter medo, ou mesmo pavor, de algo que não é verdadeiro jamais o tornará verdadeiro. É reconfortante saber que não podemos ser mesmerizados se, para isso, não dermos nosso consentimento mental. Isso significa que, sem nosso consentimento, não podemos ter medo; e sem medo, não podemos sofrer. (Curiosamente, a palavra sofrer também pode, em certos casos, significar permitir, aceitar.

Podemos ampliar o significado de “sempre começa teu tratamento” para incluir a ideia de como tratamos nosso dia ou a maneira como o encaramos. Mesmo que não estejamos orando a respeito de um desafio específico, mas pela harmonia geral dos nossos afazeres diários, podemos partir da base de que o perfeito Amor é o único poder, a única presença e a única consciência, manifestando-se sempre exatamente onde estivermos. Podemos reivindicar a capacidade infinita do Amor de excluir totalmente o mesmérico “e se…” do medo, assim como a capacidade divina que o Amor tem de nos confortar e sustentar na realidade harmoniosa da existência.

A Líder da Ciência Cristã, de maneira amorosa e lógica, abordou a questão do medo inúmeras vezes em sua prática e em seus escritos. Ela disse: “A parte vital, o coração e a alma da Ciência Cristã, é o Amor” (Ciência e Saúde, p. 113). Por isso, também poderíamos dizer que a parte vital da Ciência Cristã consiste em “não ter medo”.

Em uma passagem especialmente encorajadora, a Sra. Eddy escreveu: “Talvez algum de vós diga: ‘A evidência da verdade espiritual em mim é tão pequena que tenho medo. Sinto-me tão longe da vitória sobre a carne que, tentar alcançar no presente a realização de minha esperança, mais parece temeridade. Devido à minha inaptidão para tal ímpeto espiritual, minha força é nula e minha fé fraqueja’. Ó ‘fraco e vacilante em teu propósito’. Jesus disse: ‘Não temais’! 

“…Esperai pacientemente no Amor ilimitado, o senhor e origem da Vida. Refleti essa Vida, e com ela vem todo o poder do existir” (Pulpit and Press [Púlpito e Imprensa], pp. 3–4).                                                                                                   

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