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Original para a Internet

Livres do desejo de vingança

DO Arauto da Ciência Cristã. Publicado on-line – 1º de setembro de 2025


Nos filmes, o conceito “doce é a vingança” pode parecer um enredo emocionalmente satisfatório. Na vida real, nem tanto, como resume a máxima consagrada pelo tempo: “Antes de embarcar em uma jornada de vingança, prepare duas covas”. Embora o resultado geralmente não seja tão extremo, as pessoas ou as comunidades muitas vezes ficam encurraladas em um círculo vicioso de retaliações.

A vingança não é o caminho para se libertar de mágoas ou do sentimento de impotência, pelo contrário, ela nos distancia da liberdade que é nosso direito natural, por sermos progênitos espirituais de Deus. Na verdade, superar a tentação da vingança traz paz às tormentas mentais e evita que as ofensas continuem e as mágoas aumentem, como aprendi com uma situação pela qual passei, na época da faculdade. Eu estava indignado e prestes a ser grosseiro com um amigo, como vingança por sua recente hostilidade, quando me veio à mente algo diferente — e mais gentil — para lhe dizer. As palavras foram tão sinceras e acolhedoras que a crescente desavença deu lugar a uma imediata e permanente renovação da amizade.

Esse importante momento foi uma amostra do Cristo — a mensagem de Deus que ilumina a consciência humana a respeito de nossa verdadeira natureza — que está sempre presente para anular aquilo que pensamos querer, quando nos sentimos injustiçados. Mesmo não colocado em prática, o desejo de revidar pode reverberar incessantemente em nosso coração. Mas esse desejo não está à altura de quem verdadeiramente somos em nosso íntimo. Jesus ensinou isso a seus discípulos, quando desejaram que Deus fizesse cair dos céus alguma retaliação sobre os aldeões que lhes haviam recusado hospitalidade. Jesus disse aos discípulos: “…Vós não sabeis de que espírito sois. Pois o Filho do Homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las” (Lucas 9:55, 56).

Suas palavras repreenderam esses fiéis seguidores, por se deixarem levar pelo desejo materialista, tão contrário ao que Jesus lhes havia mostrado quanto à verdadeira identidade de cada um, como progênitos de Deus. Mas sua repreensão também indica o glorioso potencial que eles tinham naquele momento, e que nós temos hoje, para de fato “sabe[r] de que espírito [somos]”.

Por meio do Cristo, a Verdade, tomamos consciência dos pensamentos que vêm da Mente única e infinita, Deus, os quais revelam nossa natureza totalmente espiritual como a expressão da Mente. Impulsos vingativos não são a resposta que surge quando olhamos a partir dessa verdadeira consciência. E essa percepção mais elevada ajusta aquilo que precisa ser corrigido, caso um impulso de vingança venha nos tentar. Ela nos capacita a abandonar o ponto de vista material e errôneo de que nós e outros sejamos mortais egocêntricos, sujeitos a reações negativas. À medida que passamos a ter uma percepção mais correta, isto é, espiritual, ocorrem mudanças que confirmam aquilo que Jesus afirmou a respeito de si mesmo e que também é verdadeiro a nosso respeito: estamos aqui para salvar em vez de destruir, e isso vale até mesmo para aqueles que nos parecem inimigos.

Dessa maneira, podemos seguir os passos do Salvador e imitar sua vida isenta de desejos de vingança. Fazer isso é inevitável, de acordo com o pensamento de Mary Baker Eddy em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, sobre o trabalho de salvação. Entre os muitos pontos profundos que a autora destaca em relação à nossa “…libertação final do erro, graças à qual nos regozijamos na imortalidade, na liberdade sem limites e em um senso isento de pecado…” (p. 22), está a seguinte orientação: “A vingança é inadmissível”.

Nada de “se”, “mas” ou “talvez”. É simplesmente inadmissível. Não há como um coração vingativo ser admitido no reino dos céus presente aqui e agora, a consciência na qual sentimos a harmonia da realidade divina. Podemos abandonar todos os pensamentos vingativos que nos tentam, e nos voltar para a luz salvadora de Deus, a qual revela a “liberdade sem limites” que faz parte de nossa natureza espiritual, e pela qual todo coração humano naturalmente anseia.

Quando vivenciamos essa liberdade, mesmo que em parte, é natural desejar o mesmo para os outros. Isso significa apoiar a reforma em vez de ignorar a necessidade que o outro tem de despertar e superar o pensamento de vingança. O mesmo trecho de Ciência e Saúde, sobre trabalharmos para nos libertar de tudo o que é dessemelhante de Deus, diz: “A ira que é apenas apaziguada não fica destruída, mas é em parte tolerada” (pp. 22–23). Por isso, não podemos promover nossa liberdade ou a de outra pessoa, meramente aplacando o comportamento vingativo. Devemos ajudar a reverter esse comportamento, fazendo o inverso, ou seja, seguindo a orientação de Jesus de fazer aos outros o que desejamos que eles nos façam.

Esse é o caminho transformador pelo qual Deus guiou Ananias, um dos primeiros discípulos cristãos. Ele foi levado a se aproximar do mais vingativo perseguidor do nascente movimento cristão, o qual havia ficado cego de repente. Instantaneamente curado por Ananias, esse perseguidor logo se tornou o Apóstolo Paulo, um notável e prolífico promotor da mensagem do Cristo (ver Atos 9:10–22). Ao lidar com alguém absorto na crença ilusória de que a vingança possa ser doce, talvez tenhamos, ou não, que ficar frente a frente com essa pessoa, como aconteceu com Ananias. Seja qual for a situação, sempre podemos reconhecer que a tendência à vingança não é o pensamento genuíno de ninguém. A Ciência do Cristo nos traz a segurança da infinita plenitude da Mente divina, na qual não há lugar para pensamentos que roubem ou obscureçam a liberdade que é natural para a verdadeira espiritualidade de todos. Podemos, portanto, defender nossa verdadeira identidade, bem como a identidade dos outros, a qual reflete a Deus — isenta, tanto quanto a Mente, de qualquer tentação de buscar satisfação privando os outros do bem.

O desejo de vingança nunca é o verdadeiro enredo de nossa vida ou da vida de qualquer outra pessoa. À medida que nos elevamos a esse reconhecimento, vivenciamos cada vez mais a “liberdade sem limites” que é própria da nossa natureza como filhos e filhas de Deus.

Tony Lobl
Redator-Adjunto 

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