Para muitas pessoas, hoje em dia, é natural conceber a vida como cíclica — presumir que, se algo está vivo, possui um ciclo vital. A metáfora básica para isso é o dia. Assim como atravessamos o ciclo do dia, passando do amanhecer ao meio-dia, seguindo pelo entardecer e até a noite, acreditamos passar também pelo ciclo da vida — com um início (nascimento) e um fim (morte) bem definidos. Entretanto, apesar dos aparentes ciclos de vida ao nosso redor — medidos pela rotação da terra sobre seu eixo e seu movimento em torno do sol — do ponto de vista do sol, o dia não tem início nem término. A Bíblia apresenta uma perspectiva da Vida como sendo o Espírito, Deus, sem começo nem fim. Isaías, o profeta hebreu, nos garante que Deus “tragará a morte para sempre” (ver Isaías 25:8). O Apóstolo Paulo reafirma essa verdade em sua primeira carta aos cristãos em Corinto, quebrando, assim, o controle dos “anos”, uma medida de tempo, sobre a vida (ver 1 Coríntios 15:54).
Consciente disso, Mary Baker Eddy, a Descobridora da Ciência Cristã, nos encoraja a abandonar, mentalmente, essa crença falsa em ciclos de vida. Aliás, ela é bastante franca a esse respeito, e escreve no livro-texto da Ciência Cristã: “Nunca leves em consideração a idade… Os registros de nascimento e de óbito são todos conspirações contra a plenitude do homem e da mulher” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 246).
A Sra. Eddy não está apenas nos afastando da concepção errônea, comumente aceita, de que toda vida faz parte de algum ciclo de nascimento, desenvolvimento, declínio e morte. Ela também está nos direcionando ao fato impactante de que a Vida é eterna, refutando decisivamente a noção de que a vida seja cíclica, ao afirmar que o “…sol radiante da virtude e da verdade é simultâneo com o existir. A plenitude do homem é o eterno meio-dia desse sol, e essa plenitude nunca é diminuída por um sol em declínio” (Ciência e Saúde, p. 246).
Ao usar esse símbolo de um eterno meio-dia, ela por certo não se refere a uma prolongada vida mortal, medida por segmentos de tempo denominados anos, não importa quantos sejam. Seu livro-texto nos guia mentalmente para fora de uma dimensão temporal. Ele declara que esse mundo do tempo é um mundo de limitação, matéria e erro (ver a definição de tempo no Glossário de Ciência e Saúde, p. 595), e mostra como podemos perceber com mais precisão que vivemos no reino da eternidade.
Todos nós já passamos por momentos nos quais o tempo parece estar em suspenso. Por exemplo, quando contemplamos uma cachoeira ou quando assimilamos mentalmente uma nova verdade espiritual, o tempo parece parar. O reino da eternidade é um mundo no qual não há começos e finais, inícios e términos. É um mundo livre de qualquer tipo de limite.
É, sobretudo, um mundo cujo Criador continua a criar — a renovar Sua criação. Pode-se dizer que nosso Criador dá a vida. Mas a Ciência Cristã vai além. Para essa Ciência, Deus é a própria Vida. Assim, conseguimos reconhecer que a Vida divina está nos dando a vida — eternamente! E isso nos confere uma compreensão mais profunda de que somos um com nosso Criador.
Essa ideia da vida eterna é enfatizada nos ensinamentos de Cristo Jesus. Ele ensinou que a vida eterna é uma realidade presente a ser vivenciada por aqueles que acreditam nele e em seu Pai. Não é uma recompensa a ser recebida no futuro. Ele nos assegura: “…quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna…” (João 5:24).
Nos Evangelhos, em diversas ocasiões e de maneiras distintas, Jesus é questionado: “Como posso obter ou herdar a vida eterna?” (ver Mateus 19:16, Marcos 10:17, Lucas 10:25 e 18:18). Ele explica, consistentemente, como podemos de fato vivenciar a vida eterna. Suas respostas diferem um pouco de Evangelho para Evangelho. Contudo, todas elas apontam para o que nós podemos fazer com o pensamento e as ações, direcionando a Deus tanto o pensamento como as ações.
Essas respostas incluem:
• “…guarda os mandamentos” (Mateus 19:17);
• “…vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres…” (Marcos 10:21) — ou seja, revise completamente seu senso de prioridades;
• “…faze isto e viverás” — em resposta a um interlocutor que citou “…Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lucas 10:27, 28);
• Ser como o bom samaritano — isento de ego, compassivo e generoso (ver Lucas 10:30–37).
No Evangelho de João, Jesus também diz: “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim” (João 5:39). Por isso, devemos aprender com esses ensinamentos e exemplos valiosos dos profetas, principalmente com os de Jesus e seus apóstolos.
Tudo isso é simples e acessível a todos. Seguindo os ensinamentos de Jesus, a imortalidade se revela inerente a cada um de nós. Essa é precisamente a conclusão alcançada pela Sra. Eddy, que dedicou sua vida a entender de maneira prática e profunda os ensinamentos de Jesus. Isso a levou à impactante conclusão de que: “Por ser imortal, o homem tem vida perfeita, indestrutível” (Ciência e Saúde, p. 209).
Quando conheci a Ciência Cristã, em minha adolescência, fiquei maravilhado com essa afirmação. Eu sou imortal! Nós somos imortais! Eu não estava apenas livre de um padrão cíclico de vida, rumo a um declínio inevitável, eu tinha uma vida perfeita e indestrutível.
Desde que aprendi isso, tenho colhido os frutos de seguir o exemplo de Jesus, de conhecer e viver a vida eterna. Ainda pratico mergulho com cilindro de oxigênio, voo de asa delta e faço trilhas, enquanto colegas já desistiram de atividades como essas há muito tempo. Atribuo isso a uma compreensão mais profunda sobre minha imortalidade — um eterno meio-dia, nunca diminuído por um sol em declínio.
O que Jesus denomina “o mundo” — essencialmente o pensamento material — nos condiciona a aceitar o processo de envelhecimento como natural, até mesmo inevitável. Mas é possível desafiarmos essa educação errônea. Podemos começar a nos redefinir como totalmente separados de todas as muitas teorias de vida cíclica; começar a reconhecer nossa imortalidade genuína.
Nós, também, podemos começar a viver na eternidade, e não no tempo, seguindo o conselho de Ciência e Saúde: “Modelemos, então, nossa perspectiva da existência em beleza, frescor e continuidade, em vez de em velhice e decrepitude” (p. 246).
O governo de Deus existe independentemente do tempo, isento de qualquer tipo de limitação.
John Tyler
Redator Convidado