Uma vidraça totalmente transparente permite que a luz a atravesse, de maneira que o que está por trás fica completamente visível, sem nenhuma névoa ou impureza. No Cristianismo, podemos pensar em que Cristo Jesus foi uma janela transparente para Deus. Jesus disse: “…Eu sou a luz do mundo…” (João 8:12) e também, segundo o relato em 1 João, “…Deus é luz, e não há nele treva nenhuma” (1:5). Jesus refletia plenamente a luz de Deus.
Por meio do poder de Deus, Jesus conseguia superar limitações materiais e curar aqueles que eram receptivos. Ele reconhecia que Deus era seu Pai e a fonte de sua capacidade, e ensinou outros a curar por meio da oração, como ele fazia (ver, por exemplo, João 5:30 e Lucas 10:17).
Quando orava, Jesus não pedia coisas materiais. Suas orações reconheciam que Deus é a única fonte perfeita de todo o bem e satisfaz toda necessidade. Jesus também reconhecia sua união com Deus, ou seja, reconhecia que era um com Deus. Ele refutava toda sugestão ou tentação que contrariasse esses fatos espirituais. As orações consagradas de Jesus o tornavam transparente para Deus, a Mente divina. Nos dias de hoje, quando seguimos o exemplo de Jesus, podemos compreender que Deus continua sendo a verdadeira fonte de cada um, e podemos deixar que a luz de Deus brilhe em nossa vida também.
Certa ocasião, a filial da Igreja de Cristo, Cientista, a que eu pertencia, pediu que eu ajudasse a realizar cultos, uma vez por mês, em uma instituição voltada para o tratamento de transtornos mentais. Além de orar e me preparar para o culto, eu precisava arrumar a mesa e as cadeiras, garantir que houvesse iluminação adequada no local, expor literatura da Ciência Cristã e recepcionar os participantes. Essa instituição ficava a uma hora de carro de minha casa, por isso eu dedicava esse tempo do percurso à oração. Essas orações me inspiravam a ser transparente — para não deixar que nada interferisse no bem que Deus tinha para cada um.
Depois de me familiarizar com essa rotina, comecei a ter algum tempo livre antes do culto. A ideia de levar literatura para outras áreas da instituição em que isso fosse permitido não saía do meu pensamento. Então, um dia, com a autorização da entidade, peguei uma pilha de periódicos da Ciência Cristã, fui até uma dessas áreas, toquei a campainha e permitiram que eu entrasse. Quando espalhei o material sobre uma mesa, os pacientes se aproximaram, examinaram e pegaram as publicações, e me agradeceram. Fiquei impressionada com a receptividade deles e com a calma e o respeito que demonstraram. Continuei a levar a literatura para distribuição todos os meses, durante alguns anos, até que a instituição não mais permitiu a presença de organizações religiosas.
Durante o tempo em que realizamos os cultos nessa instituição, a única vez em que senti que o ambiente estava extremamente desconfortável foi no dia em que eu não havia orado antes da visita. Nessa ocasião, fiquei preocupada com a turbulência mental que se sentia na sala. Então, percebi a importância da oração sincera e isenta de ego no trabalho da igreja.
Quando oro para ser transparente para a luz divina, eu me liberto da sensação de estar separada de Deus. Em outras palavras, eu me liberto do senso de que exista um “eu” sujeito a preocupações, medo e dúvida. Dessa maneira, consigo me concentrar unicamente em Deus — o bem. Isso torna mais fácil ser receptiva a cada boa ideia que surge. E quando sigo essa orientação, frequentemente tomo alguma medida necessária que auxilia outros, o que, por sua vez, me ajuda a perceber o constante bem celestial.
A primeira vez em que orei para deixar transparecer as qualidades divinas, eu era plantonista em uma Sala de Leitura da Ciência Cristã. Certo dia, logo que abri a sala, um homem entrou e, sem dizer nada, dirigiu-se para a área de estudo, onde ficou estudando, e só foi embora na hora em que fechei a sala. Ele fez isso todos os dias durante um ano.
Ele não queria conversar, então eu apenas orava para deixar transparecer a luz de Deus, a Verdade e o Amor divinos, no desempenho de minha função. Em minhas orações, eu seguia o exemplo de Cristo Jesus, reconhecendo que Deus é a luz e a fonte de meu existir. Também reconhecia minha semelhança e união com nosso Criador, e refutava todos os pensamentos que interferissem ou contrariassem essas verdades.
Ao final de um ano, esse homem se aproximou de mim e disse: “Ainda estou vivo. Os médicos haviam dito que eu tinha um ano de vida. Alguém me disse para vir aqui… Li Ciência e Saúde e as Lições Bíblicas durante todo o ano”. Ele estava se referindo ao livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de autoria de Mary Baker Eddy, e às Lições Bíblicas do Livrete Trimestral da Ciência Cristã, ambos disponíveis para estudo na Sala de Leitura. O homem parecia saudável e em perfeitas condições, e voltou a exercer sua atividade como artista.
Posteriormente, ele voltou à Sala de Leitura e me mostrou o desenho que havia feito da Sra. Eddy, o qual me pareceu mais refinado do que os trabalhos que ele mostrara anteriormente. Tanto sua saúde quanto seus talentos tinham se aprimorado.
Quando analisamos a vida de Cristo Jesus, percebemos que frequentemente ele estava no meio de pessoas que precisavam de cura — e ele as curava, dizendo: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. …meu jugo é suave, e o meu fardo é leve” (Mateus 11:28, 30).
A Sra. Eddy, a Descobridora da Ciência Cristã, escreve a respeito da experiência de Cristo Jesus: “Quando o mal estava se vingando de seu destruidor, vingando-se do bem preeminente em seu destruidor, o homem semelhante a Deus disse: ‘O meu fardo é leve’ ” (A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Outros Textos, p. 161). Ser transparente não significa carregar um fardo. Quão importante é, então — para nós mesmos e para o mundo — sermos transparentes para a luz amorosa de Deus.