“A fé”, declarou o autor da epístola aos Hebreus (11:1), “é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem.” Agora, como então, procura-se a substância na matéria, perdendo-a desta maneira. Não é de mais matéria que se necessita, e sim de senso mais elevado de substância e a compreensão de que ela é espiritual e indestrutível. Procurando a substância em Deus, aí a encontramos, assim como a visível manifestação das “coisas que se esperam”. Mary Baker Eddy proclama êsse fato nas seguintes palavras do seu livro-texto, Science and Health with Key to the Scriptures (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras), página 494: “O Amor divino sempre tem atendido e sempre atenderá a tôda necessidade humana.”
No meio da pobreza poderá haver riqueza; da mesma forma, no meio da riqueza poderá haver pobreza. A evidência depende do estado de consciência.
Há pouco tempo, entrou no consultório de uma praticista da Christian Science um indivíduo sofrendo de crença muito forte em pobreza. Estava sem emprêgo, sem dinheiro, sem alimento; era estranho na cidade em que se encontrava e já devia uma semana de aluguel do quarto que habitava. Sua perspectiva era desanimadora. Êle havia aceito a pobreza. Contou à praticista que tendo presenciado, depois da guerra, uma deplorável pobreza nas áreas bombardeadas, aquilo lhe causara tal impressão que inconscientemente guardara o quadro no pensamento.
A praticista alertou-o para a importância de esperar o bem, de substituir um senso errado de si mesmo pelo reconhecimento da sua verdadeira individualidade como filho de Deus, e de ceder os seus planos humanos à sabedoria divina. A demonstração foi gradualmente se fazendo à medida que se esforçou em abandonar os pensamentos negativos que o haviam escravizado. Para começar, recebeu soma suficiente para pagar o aluguel atrasado. Sentiu-se muito grato, mas o dinheiro não dera para comprar alimento. Viu então que precisava abrir o seu pensamento para o Amor divino sem mais reservas. A necessidade imediata de alimento foi suprida.
Continuou, porém, de bolso vasio e sem emprêgo. Foi-lhe então apontada a necessidade de substituir o falso senso de intelectualismo pela humildade verdadeira. Isto feito, obteve emprêgo numa cidade distante, sendo-lhe pagas as despesas de viagem. Êste resultado foi simplesmente uma manifestação da melhora no seu estado de consciência.
A praticista pôde auxiliá-lo repelindo a manifestação discordante e elevando o seu pensamento para a Mente divina em busca de orientação. Ela percebeu claramente que a necessidade não era realmente de matéria. Em vez disso, havia necessidade de uma compreensão mais clara da verdadeira substância como Espírito e da união do homem com Deus, pois não pode haver carência na presença da inteira suficiência do Amor infinito.
Ao procurarmos resolver tais problemas, vem muitas vezes à propósito a história do filho pródigo, que levou sua herança para uma terra longinqua, e lá desperdiçou-a vivendo dissolutamente. Quando retornou, seu pai recebeu-o com amor e alegria. Mas o seu irmão mais velho queixou-se de que havia sempre permanecido com o pai, e que, no entanto, não haviam se alegrado com êle. Respondeu então o pai com grande carinho (Lucas 15:31): “Filho, tu sempre estás comigo, e tôdas as minhas coisas são tuas.”
Compenetrando-nos da sempre presença do bem que esta parábola ilustra, temos o privilégio de nos apossarmos do bem divino reconhecendo a nossa filiação divina e nossa inseparabilidade da substância verdadeira, que é Deus. Para demonstrar a sua verdadeira individualidade, o indivíduo precisa vencer o falso sentido de si mesmo, trocando orgulho e justificação própria por humildade e vontade de aprender. Dúvida e desânimo precisam ser substituidos pela fé em Deus e confiança em Seu carinhoso zêlo e provisão. O falso senso de intelectualidade e planejamento humanos devem dar lugar ao modesto reconhecimento de que Deus é a única Mente e que o homem reflete sabedoria e direção divinas. Por outro lado, uma sensação de imperfeição ou depreciação própria deve ceder ao reconhecimento de que o homem como o reflexo de Deus possui infinitas capacidades.
O homem não possui individualidade à parte de Deus. Êle não é um indivíduo mortal confinado em um corpo físico. É, ao contrário, uma idéia espiritual, ilimitada e livre. O homem não tem uma mente própria; êle é a expressão da Mente que é infinita, e que tudo sabe, isto é, Deus.
À página 242 do livro-texto, Mrs. Eddy declara: “Em paciente obediência a um Deus paciente, trabalhemos para dissolver com o dissolvente universal do Amor a dureza adamantina do êrro — a obstinação, a justificação própria e o egoísmo — que luta contra a espiritualidade e é a lei do pecado e da morte.” Quando esta desagradável trindade parece se apegar à consciência do indivíduo, a necessidade está em se abandonar o errado sentido de si mesmo. Em humildade se pode orar como Jesus (Lucas 22:42): “Não se faça a minha vontade, senão a tua.” Quem assim faz, vê que de si mesmo nada é, nada tem e nada pode fazer, mas que tudo lhe é possível como expressão da Mente infinita. Sempre que há o desejo de não se procurar substância na matéria, encontramos provisão no Espírito, Deus.
Grande é a liberdade quando o pensamento se eleva acima do sentido material, limitado de individualidade para o reconhecimento da individualidade do homem como sendo a infinita manifestação da Mente infinita. Substituir a fé no êrro pela fé na Verdade, a certeza no insucesso pela certeza no sucesso, a dependência na materialidade pela dependência no Espírito, sempre tráz liberdade e domínio.
Mostrando a desvantagem de entreter-se um falso conceito de individualidade, diz Mrs. Eddy no Science and Health (pág. 91): “Absortos na individualidade material, discernimos e refletimos só tènuemente a substância da Vida ou Mente.” Mas ela continua: “A negação da individualidade material ajuda o discernimento da individualidade espiritual e eterna do homem, e destroi o conhecimento errôneo, obtido da matéria ou por meio do que se chama sentidos materiais.”
Quão importante é, pois, rejeitar a crença em individualidade material e começar a demonstrar a espiritual e eterna individualidade do homem, que reflete a substância da Mente ilimitada. Ao compreendermos que o homem está sempre com o Pai e herda todo o vasto tesouro do Amor divino, veremos desaparecer a pobreza na nossa experiência e aparecer a abundância espiritual.