Muitas e difundidas são as discussões sôbre como remediar as condições do mundo, muitas e variadas são as panacéias oferecidas. Mas antes que o mundo possa passar da discórdia para a harmonia, é preciso que cada indivíduo compreenda que seu primeiro trabalho, e o mais efetivo, tem de ser em sua própria casa, sua própria consciência. Cristo Jesus esclareceu bem a situação, quando disse (Mateus 7:4, 5): “Como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu ôlho; e, eis uma trave no teu ôlho? ... Tira primeiro a trave do teu ôlho, e então cuidarás em tirar o argueiro do ôlho do teu irmão.”
A Christian Science está mostrando aos homens como podem purificar seu modo de pensar tirando as “traves” do criticismo depreciativo, da condenação, da ira, da justificação própria e assim por diante. Graças ao seu claro ensinamento da natureza e da relação de Deus e do homem, ela habilita aos que a estudam a pensar construtivamente, portanto, como efeito curativo. Um fato ocorrido no próprio lar da articulista, servirá para ilustrar isto.
Durante algum tempo, o comportamento de seu jovem filho vinha trazendo tôda a família em alvoroço. Êle era desobediente, descuidado, indiferente aos direitos e aos desejos dos demais, e, às vêzes, verdadeiramente agressivo. Seus pais haviam discutido com êle e haviam apelado para o melhor de sua natureza, mas inùtilmente. Por fim, desanimada, sua mãe disse de si para si: “Fiz o possível, mas não adianta! Que êle faça o que lhe agradar — até que o êrro tome conta dêle.” Isto não resolveu o problema. As coisas andaram de mal a pior, e uma sensação de constrangimento se estableceu entre o menino e seus pais. Nada do que lhe diziam parecia causar-lhe qualquer impressão.
Certa noite, quando a mãe dêle concentrava a atenção no rádio, numa tentativa de distrair os pensamentos da tensão que reinava em seu lar, ouviu as tocantes palavras de um canto espiritual dos negros: “Sou eu, Ó Senhor, que necessito de oração.” Ali estava sua resposta! Ela é que necessitava de oração. Consultando o artigo “Amai os vossos inimigos” por Mary Baker Eddy, constante no livro Miscellaneous Writings, leu, com novo discernimento, as perguntas (p. 8): “Podeis ver um inimigo, a não se que primeiro formuleis êsse inimigo e depois contempleis o objeto de vossa própria concepção? Que é que vos causa mal? Pode a altura, ou a profundidade ou alguma outra criatura, separar-vos do Amor que é o bem onipresente,— que abençoa a todos infinitamente?”
Lembrou-se de que o relato bíblico da criação espiritual conclui (Gênesís 1:31): “E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom.” Não há lugar para o êrro numa infinidade do bem! Lembrou-se, também, de que Mrs. Eddy diz no livro Science and Health with Key to the Scriptures (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras): “A mente mortal vê o que crê, tão certamente como crê o que vê” (p. 86). Em outras palavras, enquanto a mãe admitisse que uma criança pudesse ser desamorável, desobediente, ela teria de defrontar aquelas manifestações.
Orando para que lhe fôsse dada compreensão, que lhe permitisse ver sòmente a verdadeira imagem e semelhança de Deus, ela estudou a Bíblia e o Science and Health durante uma hora ou duas, e a seguir recolheu-se e adormeceu, com uma profunda sensação de amor por seu filho. Não foi simplesmente o amor humano de uma mãe por seu filho, mas o amor-de-Cristo que vem com o acertado modo de ver o homem — o homem separado de todos os característicos grosseiros com que a mente mortal parece cingi-lo.
No dia seguinte, acordou com o ruído do aspirador elétrico de pó. Investigando, encontrou o filho limpando a casa antes de ir para a escola. Êle tirou pó, arrumou tudo e prometeu fazer mais quando voltasse para casa, de tarde. Até então, havia sido quase impossível persuadi-lo ou forçá-lo a dar uma ajuda. Agora, fazia-o voluntàriamente e com amor.
O pai, que naquela manhã saíra de casa antes que a família se levantasse, para cuidar de seus afazeres, notou, ao regressar à noite, que a atmosfera no lar era mais harmoniosa. Disse êle que a sensação de tensão que percebera entre êle e o filho, se havia dissipado durante o dia, ficando-lhe apenas uma grande sensação de amor. Êle havia compreendido que o menino parecia atravessar um período difícil, e que, em vez de condenação, necessitava de tôda a compreensão e compaixão, que sua família lhe pudesse dar. O resultado do ponto de vista retificado dos pais com respeito ao homem foi o restabelecimento da harmonia no lar.
Esta experiência tem ajudado a articulista a corrigir seu modo de pensar em muitas ocasiões em que o êrro parecia evidente em outra pessoa. Apegando-se à inspiração alcançada nessa cura, tem-lhe sido possível compreender que sua responsabilidade primordial não é a de dirigir os atos de outros, mas manter puro seu próprio pensamento. Dêste modo, acha ela que pode melhor ajudar o irmão. Assim, também ela está aprendendo a recompensadora sabedoria das palavras de Mrs. Eddy (Miscellaneous Writings, p. 8): “Simplesmente considerai vosso inimigo aquilo que macula, desfigura e destrona a imagem-de-Cristo, que deveis refletir.”
