A compreensão da Vida independente do tempo, que se expressa na existência incomensurável do homem, em sua harmonia e bondade certas, deveria ser para nós uma fonte de contínua alegria e despreocupação. Foi a compreensão profunda e espiritual da imortalidade do homem, que habilitou Mary Baker Eddy, quase aos noventa anos, a escrever, num poema, sôbre a alegria da vida, alegria essa que não é mero contentamento momentâneo, mas uma feliz confiança fundamental na permanência do bem (The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany—A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Miscelânea—p. 354).
Em vivo contraste com êsse estar liberto da incerteza, da ansiedade e da tristeza, o pensamento da humanidade em geral apresenta apenas ligeiros traços de tal alegria; êsse pensamento está em grande parte absorvido em contemplar a vida como se ela fôsse uma experiência de matéria consciente, uma experiência de duração limitada. Êsse conceito errôneo, que considera a vida uma presença efêmera a se desvanecer num prolongado passado e a conduzir a um futuro limitado, é parte integrante da crença mortal na realidade material e sua expressão, um universo material passageiro, cuja idade, vitalidade, habitabilidade e duração provável, são determinados pelo tempo e por outras medidas materiais.
Além disso, o conceito de matéria inclui a fôrça e a fraqueza, a lei e o acaso, o bem e o mal, como igualmente reais, igualmente naturais e igualmente eficazes; por isso, está privado da verdadeira alegria, inata sòmente na compreensão da vida como existência sem idade, como existência boa e não má.
Êsse conceito errôneo de vida, com tôdas as suas ramificações, é diretamente contrário aos ensinamentos da Christian ScienceNome dado por Mary Baker Eddy à sua descoberta (pronunciado: Crístien Çá'iens). A tradução literal destas palavras é: Ciência Cristã., os quais confirmam plenamente os ensinamentos de Cristo Jesus, que declarou (João 17:3): "A vida eterna é esta: que te conheçam a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste".
Se conhecer Deus é conhecer a "vida eterna", então Deus é a Vida mesma. A Vida divina não pode, por sua própria natureza, ser finita; ela é universal, e não tem barreiras nem limites estabelecidos pelo tempo ou pelo espaço. A Vida é a Mente infinita, ou Espírito, a presença divina universal; a presença de Deus com Sua atividade infinitamente contínua e sustentada por si mesma, atividade essa que inclui a conservação de Sua manifestação infinita. Essa manifestação é o universo espiritual, que inclui o homem tal como êle em realidade é, o reflexo da Mente, espiritual, harmonioso, imortal. O homem existe porque Deus existe, pois Deus está expresso para sempre. Por isso, o homem coexiste com Deus e é coeterno com Êle.
Pode a vida do homem ser dividida em períodos pelo tempo? Que é o tempo? Mrs. Eddy define-o como "medidas mortais; limites, nos quais estão reunidos todos os atos, pensamentos, crenças, opiniões e conhecimentos humanos; matéria; êrro" (Science and Health with Key to the Scriptures—Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras—p. 595). De acôrdo com essa definição, a física moderna ensina que o tempo não tem realidade objetiva, mas é um auxílio puramente criado pelo homem para medir a matéria. O tempo não pode nunca medir a realidade, ou Vida, nem a duração da idéia divina, o homem; o tempo só pode medir a matéria, pois é apenas parte da suposição de matéria.
Pode a realidade ser medida ou dividida? É axiomático que só pode ser dividido aquilo que tem comêço e fim. Como tudo o que é real é eterno, ou infinito, então, tudo o que é finito não é real; só pode ser ilusão, percepção carnal errôneamente considerada real pela chamada mente mortal. É tal conceito a vida finita. É essa crença na natureza efêmera e material da vida que procura roubar-nos a paz e a alegria, nosso direito inato. Nossa Líder ensina (Miscellaneous Writings—Escritos Miscelâneos—pp. 351, 352): "A vida material é o antípoda da vida espiritual; ela zomba da bem-aventurança da existência espiritual; ela está privada de permanência e de paz."
Mas nem a chamada vida material nem seu suposto possuidor chamado mortal, é real; pois o homem é imortal, e sua existência independe do tempo. Não é a Vida real, ou Mente, mas sim o conceito errôneo a respeito delas, que parece limitado e dividido pela medição mortal do tempo. Não é o homem, mas sim sua contrafação material, que parece ter um passado, uma vida que pode ser definida humanamente, fases de fôrça e de inteligência crescentes e decadentes.
Precisamos manter em nosso pensamento as verdades do ser, se quisermos sentir sua eficácia curativa em nossa experiência. Nossa capacidade de fazer isto aumentará na proporção em que desejarmos alcançar a alegria de vida que é nossa herança divina. Reconheceremos que o aferrar-nos às lembranças de um passado inalterável termina, com demasiada freqüência, em pezar pelos seus erros; que o planejar muito para um futuro que não pode ser vaticinado, está usualmente baseado em conjeturas tímidas quanto ao curso que a ação recíproca do bem e do mal provàvelmente tomará nos meses e nos anos vindouros.
Admitir em nossa consciência o passado e o futuro, é, de certo modo, viver simultâneamente em ambos, e a confusão que daí resulta impede se faça o melhor e mais nobre uso do presente. Elevando-nos acima dessa pretensão da vida material, nós nos libertamos tanto dos fardos do passado como das ansiedades do futuro, e alcançamos a segurança científica do suprimento e da orientação sempre presentes de Deus.
O estudante aprende a recusar para si e para outros a sugestão agressiva de que o homem é um mortal cuja vida está dividida em períodos chamados infância, adolescência, maturidade e velhice, cada qual com suas inarmonias peculiares, mentais e físicas. Quando aprende que essas condições só estão vinculadas à falsificação do homem real, latente no sentido, êle vê que elas são inteiramente ilusórias, e, dêste modo, está habilitado a destruí-las.
Outra bênção importante que advém ao estudante consciencioso, é o resultado natural de sua atitude científica para com a idade. Êle não só deixará de registrá-la no calendário, mas também não a registrará no seu comportamento ou na sua expressão. Os anos não diminuirão seu amor espontâneo, nem o privarão de seu cordial interêsse pela humanidade. Êle continuará a expressar, em grau cada vez maior, o frescor, a vitalidade e a promessa que caracterizam o reflexo individual da Mente divina, cuja lei assegura ao homem não a destruição, mas o progresso infinito.
As palavras de nossa grande Líder inspiram-nos a uma demonstração cada vez mais pura da vida que independe do tempo (Miscellaneous Writings, pp. 82, 83): "A Mente imortal é Deus, o bem imortal; no qual, como as Escrituras dizem, 'vivemos, e nos movemos, e temos nosso ser'. Essa Mente, pois, não está sujeita a crescimento, à mudança, ou diminuição, mas é a inteligência divina, ou Princípio, de todo ser real, que mantém o homem para sempre no círculo rítmico da perfeita felicidade que se vai desdobrando, como testemunha viva e idéia perpétua do bem inexaurível".
Vêde aviso de especial interêsse para estudantes de universidades, na página i.