Muitos de nós somos perseguidos por fantasmas ou falsas crenças disfarçadas, às vêzes mesmo sem que o percebamos. Éste foi o caso de uma Cientista Cristã que aceitara as verdades da Ciência Cristã durante anos e tivera muitas curas notáveis. Chegou uma época em que se viu diante de uma dificuldade física da qual não conseguia livrar-se ràpidamente. Certo dia, a praticista que a estava ajudando lhe perguntou à queima-roupa se ela achava que não era amada. Foi então que ela percebeu existir oculta dentro de si a sensação de que não era amada. Quando a praticista a convenceu do amor de Deus por ela e do reflexo dêsse amor em outras pessoas, ela teve a impressão de que estava começando a aliviar-se como que do pêso de um grande fardo, e compreendeu a necessidade de destruir por completo a crença de haver tido um passado infeliz.
Quando menina, seus dias de escola tinham sido sem alegria. À medida que foi crescendo formaram-se nela hábitos e padrões de pensamento tendentes à criação de complexos de inferioridade, constante melancolia e a ânsia pelo bem, que lhe parecia inatingível. Agora, porém, ela compreendia realmente a importância de deixar de viver em tal passado ou de aceitá-lo. Percebeu que enquanto vivesse daquele modo as imagens mentais falsas continuariam a persegui-la e a roubar-lhe a felicidade e ainda a liberdade física.
Diz Mrs. Eddy em Não e Sim, (p. 25): “O que é nascido da carne não representa a identidade eterna do homem. Só o homem espiritual e imortal é que é a semelhança de Deus, e aquilo que é mortal não é o homem em um sentido espiritualmente científico. Um mortal pecador e material não passa de uma contrafação do homem imortal.” De acôrdo com essa afirmação a estudante concluiu que seu verdadeiro eu espiritual nunca fôra um infeliz mortal, mas sim o filho feliz de Deus, sempre a refleti-Lo; que era e sempre fôra aceita e amada por Deus e por todos os filhos de Deus em Sua criação perfeita, e que, portanto, não poderia haver em sua consciência nenhuma mágoa ou ressentimento, nenhum sentimento de desprêzo.
E assim, à medida que diligentemente limpava o sótão de sua consciência, expulsando falsas crenças, ou fantasmas, sentia grande alívio e alegria. Foram lançadas fora as lembranças desagradáveis de experiências infelizes, suscetibilidade ferida, tristeza e isolamento, e acolhida em seu íntimo a gratidão pelo reconhecimento de sua verdadeira identidade de filha amada de Deus, eternamente feliz. Com a purificação de seu pensamento foi eliminado o problema físico.
O homem perfeito não tem identidade, ou ego, separado de Deus. Jesus disse: “Eu e o Pai somos um” (João 10:30). Na Ciência Cristã aprendemos que o Espírito é o único Ego, que nunca nasce e nunca morre, e que o homem é a semelhança dêsse Ego. Escreve Mrs. Eddy: “A existência mortal é um sonho; a existência mortal não tem entidade real, mas diz: “Eu sou.” (Ciência e Saúde, p. 250).
Deus é Mente; portanto, na realidade não há mente mortal ou subconsciente onde possam subsistir lembranças amargas. O homem tem consciência do Amor divino. Aquêle que compreende isto não pode ter sensação alguma de estar sendo repelido ou desprezado, porque se sente bem protegido pelo amor de seu Pai e sabe que porque todos refletem a Mente única êle é realmente amado por todos, da mesma forma que êle próprio reflete o Amor divino para com todos.
Se se quiser obter e conservar saúde e alegria, nunca será demais salientar a importância da negação radical da personalidade física, corpórea e finita. A sensibilidade a pensamentos e ações de outrem, a suscetibilidade ferida, a mágoa e o ressentimento resultam da murmuração insidiosa da mente carnal, de que o homem é material e corpóreo. Devemos esforçar-nos por agradar a Deus e não aos nossos semelhantes, por glorificar o bem e não a nós próprios. Na medida em que compreendemos os ensinamentos da Ciência Cristã, de que o Cristo, a verdadeira ideia de filiação, inclui a individualidade real de cada um de nós, vemos que na verdade nosso Pai aprova e ama extremosamente cada um de nós.
Devemos ensinar essas verdades aos nossos filhos, para que a mente mortal não possa encontrar oportunidade de nutrir sentimentos de inferioridade, desprêzo, solidão, insegurança etc. Essas verdades os protegerão também do orgulho, da presunção e de manifestações pessoais de vanglória.
A sagrada percepção acêrca de Deus e do fato de que Êle é Tudo faz desvanecer-se a sensação de aspereza da personalidade. A humildade ante a bondade e beleza divinas destrói a autocentralização. O remédio para a atitude mental em que nossos pensamentos se voltam constantemente à contemplação de nossa personalidade — o oposto daquele glorioso reflexo de Deus que constitui a verdadeira individualidade — encontra-se na seguinte afirmação de Mrs. Eddy em Miscellaneous Writings (Escritos Diversos, p. 185): “A renúncia a tudo o que constitui o chamado homem material, e o reconhecimento e realização de sua identidade espiritual como o filho de Deus, é a Ciência, que abre as comportas do céu, donde flui o bem a todos os canais do ser, limpando os mortais de toda impureza, destruindo todo sofrimento e demonstrando a verdadeira imagem e semelhança.”
Libertos de um falso conceito de individualidade, não podemos mais ser perseguidos por fantasmas nem ser fraudados em nossa legítima alegria e liberdade de manifestar Deus, o bem.
lnstruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir;
e, sob as minhas vistas, te darei conselho.
Muito sofrimento terá de curtir o ímpio,
mas o que confia no Senhor,
a minha misericórdia o assistirá.
Alegrai-vos no Senhor,
e regozijai-vos,
ó justos;
exultai, vós todos que sois retos de coração.
Salmo 32:8, 10, 11
